10 abril 2013

Votorantim Cimentos pede registro de IPO

Segundo fontes de mercado, empresa pretende captar até R$ 6 bilhões com oferta de ações para financiar expansão e reduzir dívida

 A Votorantim Cimentos regis­trou ontem na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) pedido de abertura de capital. Segundo fontes do mercado, a empresa planeja levantar cer­ca de R$ 6 bilhões para finan­ciar projetos de expansão e reduzir sua dívida. A oferta da Votorantim eleva para sete o número de captações na BM& FBovespa anunciadas para es­te ano e aparece como mais um sinal da retomada do mer­cado de capitais no País.

 A empresa do grupo Votoran­tim ainda não oficializou a data do IPO (oferta inicial de ações, em inglês). Mas se optar por fa­zer a abertura de capital ainda em abril, vai contribuir para que este mês entre para a história das ofertas de ações no País, com uma movimentação total que po­de chegar a R$ 17 bilhões (leia mais abaixo).

 O mercado brasileiro de IPOs está praticamente parado desde julho de 2010. Nos primeiros se­te meses daquele ano, 11 empresas brasileiras chegaram à Bolsa; desde então, no entanto, só ou­tras cinco seguiram o mesmo ca­minho - e a única oferta de ações bilionárias foi a do banco de in­vestimentos BTG Pactuai, que arrecadou R$ 3,2 bilhões.

 No documento encaminhado ontem à CVM, a Votorantim Ci­mentos não informou a faixa de preço sugerida nem a data em que será feita a oferta, planejada para ocorrer simultaneamente no Brasil e nos Estados Unidos. Mas esclareceu que pretende usar os recursos da oferta para uma expansão orgânica e diversi­ficação do portfólio de produtos no Brasil.

 A empresa também considera aquisições de sociedades de ma­teriais pesados de construção ou ainda a compra de ativos fora do País. Além disso, os recursos de­vem ser usados para aumentar a eficiência das operações. O pros­pecto, no entanto, não cita quanto do valor levantado com a aber­tura de capital será destinado pa­ra cada projeto.

 A Votorantim Cimentos é con­trolada pela Votorantim Indus­trial, que pertence ao grupoVoto- rantim, do empresário Antônio Ermírio de Moraes. Com fatura­mento de R$ 9,48 bilhões no ano passado, a cimenteira é uma das dez maiores do mundo no setor, com operações no Brasil, Esta­dos Unidos, Canadá, Bolívia, Chi­le, Argentina, Uruguai, Paraguai, Portugal e Peru, entre outros paí­ses. Em 2012, as vendas no Brasil representaram 81,3% de sua re­ceita, o que dá uma ideia do peso que o mercado brasileiro tem em suas operações.

 Os negócios da cimenteira es­tão diretamente ligados ao de­sempenho do setor de constru­ção civil no País que, por sua vez, estáatreladoàsituação econômi­ca geral e às prioridades e recur­sos financeiros do governo federaL No ano passado, as vendas do setor de cimento no mercado interno atingiram o total de 68,3 milhões de toneladas, equivalen­te a um aumento 6,9% ante 2011, de acordo com dados do Sindica­to Nacional da Indústria do Ci­mento (Snic).

 Apetite. Apesar de especialistas do setor ainda considerarem ce­do para comentar sobre o possí­vel apetite dos investidores para as sete ofertas de ações anuncia­das, eles afirmam que há liqui­dez no mercado suficiente para que boa parte das operações se­jam concretizadas.

 Para Ivan Clark, sócio e líder da área de mercado de capitais da PwC Brasil, o Brasil tem ati­vos interessantes para os investi­dores estrangeiros, que estão atrás de estabilidade e seguran­ça com relação à receita futura, coisa que a Votorantim Cimen­tos e a BB Seguridade - empresa de seguros, previdência e capita­lização do Banco do Brasil - po­dem oferecer. “Com a retomada dos mercados nos Estados Uni­dos, os investidores estão com muito dinheiro parado em renda fixa e nas tesourarias das empre­sas procurando opções para apli­car seus recursos”, diz. Clark acredita que as ofertas de gigan­tes como a BB Seguridade da Vo­torantim vão desencadear uma série de IPOs menores que estão há anos para sair do papel, espe­rando uma oportunidade no mercado.

 Os bancos coordenadores do IPO da Votorantim Cimentos são BTG Pactuai, Credit Suisse, Itaú BBA, como líder, JP Morgan e Morgan Stanley.   Aline Bronzati
Fonte: O Estado de São Paulo 10/04/2013

10 abril 2013



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