Rodada de financiamento foi liderada pelo fundo Canary e por Ariel Lambrecht, fundador da 99 e da Yellow; empresa quer fazer pessoas 'alugarem coisas em vez de comprar'
Parafusadeira, furadeira, lavadora de alta pressão… muita gente já se deparou com a necessidade desses itens na hora de consertar, limpar ou mesmo mudar de casa. Uma vez depois de usados, porém, esses itens podem passar meses e até anos pegando poeira, sem serem úteis. É algo com que a startup paulistana Boomerang deseja acabar. Criada por três ex-funcionários da empresa de bicicletas e patinetes Grow, a novata é dona de um serviço de "aluguel de coisas", como define o presidente executivo Nathan Romeiro.
"Criamos uma empresa pararem de comprar e passarem a alugar todas aquelas coisas que você tem na sua casa e usa pouco, como ferramentas, itens de jardinagem ou material de festa, por exemplo", explica o empreendedor. O serviço começou a rodar em janeiro, com aluguel de ferramentas. Em meio à pandemia, passou também a oferecer assinatura de aparelhos de ginástica, como esteiras e bicicletas ergométricas. "Nós queríamos deixar essa categoria mais pra frente, mas acabamos percebendo que as pessoas estavam buscando isso, as academias estavam já criando aulas para treinos em casa. Acabamos decidindo testar", diz.
A ideia acabou por atrair usuários (já são 10,5 mil clientes) e investidores: nesta segunda-feira, 8, a empresa anuncia uma rodada de investimento de R$ 3 milhões, liderada pelo fundo Canary e por Ariel Lambrecht (fundador da 99 e da Yellow, que se fundiu com a mexicana Grin para se tornar a Grow). Com os recursos, a startup vai investir em uma nova versão de seu site e aumentar sua operação para diferentes categorias - por enquanto, a empresa atua apenas na cidade de São Paulo. "O lançamento de novos produtos vai depender do retorno da quarentena e de uma série de fatores", diz Romeiro, cuja empresa, além dos três sócios, tem apenas mais um funcionário.
Como funciona
Para alugar um item, o usuário precisa apenas de alguns cliques. É preciso entrar no site da Boomerang, fazer um cadastro e selecionar o produto necessário - uma furadeira, por exemplo, tem diária de R$ 40, mas o preço varia de acordo com a quantidade de dias. "Estimulamos que o usuário pegue um item na sexta-feira e devolva na segunda", explica o executivo.
Após o pagamento, é necessário combinar um horário para a entrega e a retirada do produto. No caso dos aparelhos de ginástica, o aluguel é mensal - itens no site da Boomerang hoje giram em torno de R$ 1 mil, o que rendeu críticas à startup em redes sociais. "O que aconteceu é que o mercado teve um problema de estoque com o começo da pandemia, mas já estamos trabalhando para ter valores mais acessíveis", afirma Romeiro.
A Boomerang, porém, não é dona dos materiais que aluga - os produtos vem de uma rede de lojistas parceiros. "Em vez de vender apenas uma vez uma furadeira de R$ 200, o lojista pode alugar várias vezes um produto com maior qualidade, de R$ 600. Para quem vende, a receita é maior e para quem precisa do produto, o gasto é menor", explica Romeiro. Além de evitar que a empresa tenha de fazer grandes investimentos para alimentar seu negócio, o modelo também facilita a operação de entrega e devolução.
A ideia de criar um negócio em que é possível requisitar um item como uma furadeira por algum tempo, em vez de comprá-lo, não é nova. Nos últimos anos, startups como a Tem Açúcar tentaram fazer um negócio colaborativo, em que pessoas colocavam seus itens à disposição de outras - num modelo parecido com o do Airbnb.
"O problema desse modelo 'colaborativo', por assim dizer, é que era difícil fazer as duas pessoas se encontrarem e trazia um ganho que não era muito grande para quem alugava. Alguns itens, como câmeras ou instrumentos musicais, ainda tem apego sentimental. Com o lojista, tudo isso vira negócio", explica o executivo, que criou a startup ao lado dos ex-colegas de Grow João Machado e Lucas Gomes.
Segundo Romeiro, parte da inspiração para o novo negócio veio de uma necessidade pessoal: ele recentemente se mudou para um apartamento de 40 metros quadrados e não tinha lugar para guardar todos os itens de casa que acumulou ao longo do tempo. "É algo fisicamente inviável para muita gente", afirma... Leia mais em terra 08/06/2020
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segunda-feira, junho 08, 2020
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Ruy Moura
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