21 junho 2020

Riachuelo quer ser startup

Aos 72 anos, tradicional empresa de varejo de moda intensifica parcerias com universidades e empresas tecnológicas para reinventar seu modelo de negócio.

 A Riachuelo aposta em parcerias e no universo das startups para criar um novo modelo de relação com os consumidores, como áreas de customização (acima). O conceito ominichannel pede que lojas físicas (abaixo) e compras digitais tragam a mesma experiência. 

O período para reflexão e revisão de estratégias. Foi assim que a rede varejista Riachuelo usou a pandemia. A companhia, com faturamento de R$ 7,8 bilhões no ano passado, aproveitou a suspensão de atividades das 323 unidades no País para intensificar a estratégia de incorporação de novas tecnologias para seu modelo de negócio e de aproximação com startups e centros de pesquisas de universidades Brasil afora. “As startups estão nos ajudando a encontrar respostas rápidas tanto na contratação como na execução dos serviços”, diz o head de Inovação, Demetrio Teodorov, executivo responsável por orquestrar a revolução digital da companhia. “O mais importante é que elas nos apresentam um pensamento não óbvio. Sair do óbvio é um tesouro.”

O primeiro passo da empresa para se reinventar em meio à pandemia tem sido a integração de todos os setores e a simplificação dos processos internos, segundo Teodorov. A execução do plano é feita por meio de programas, por exemplo, com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Outra ação em parceria com a UFPE é o patrocino ao Cesar Summer Job, programa de capacitação para os alunos durante o período de férias, oferecendo mentoria para os participantes e analisando a possibilidade de implementação do resultado final do curso dentro da empresa. “Todas as atividades têm sempre um viés estratégico, como testar comportamentos requeridos, entender as oportunidades de novos negócios, as necessidades do cliente e a ultracustomização”, afirma Teodorov. “A universidade nos traz um frescor, pois é um ambiente em que as pessoas não estão acostumadas ao mundo corporativo, elas têm uma mentalidade diferente.”

Já no programa Citi, de estímulo à inovação patrocinado pelo banco americano, a Riachuelo tem acesso às soluções de dezenas de empresas juniores da instituição para o desenvolvimento de estratégias omnichannel. “Fazemos análise de todas essas startups e geramos um book mensal com o objetivo de fomentar a cultura da inovação dentro da empresa.” Ele desataca que as melhores ideias são cadastradas no Riachuelo Lab, iniciativa lançada no início do ano que funciona como um banco de contatos de parceiros em todas as vertentes do negócio: varejo, banco, financeira, fábricas, têxtil, transportadoras, centros de distribuição, call center e empreendimentos.


Divulgação“A partir da pandemia, começamos a trocar fornecedores por startups para fomentar o mercado de empreendedores” Demetrio Teodorov Head de inovação.
Atualmente, a Riachuelo possui no banco de dados mais de 200 startups, que têm propostas de soluções para as novas demandas das redes de varejo. Entre as iniciativas está o espaço RCHLO + (Riachuelo Mais), que é uma área dedicada à customização de peças. O cliente pode criar uma estampa, adicionar textos, emojis e até fotos e imprimir na hora. Outra possibilidade de personalização das peças são as aplicações de patches. No espaço, também há a possibilidade de realizar workshops, bate-papos, ativações com artistas, entre outras ações. “A partir do início da pandemia da Covid-19, começamos a rever contratos com empresas e estamos verificando a viabilidade de trocar fornecedores por startups e microempresas para fomentar o mercado dos pequenos empreendedores”, diz Teodorov.

O plano de modernização da companhia, fundada há 72 anos – o fundador do grupo dono da marca, Nevaldo Rocha, morreu na quinta-feira (18), aos 91 anos –, tem orçamento de R$ 168 milhões. O recurso já tem sido utilizado em infraestrutura de tecnologia da informação, segurança e projetos como o Self Check Out (modalidade de autopagamento), RFID (método de armazenamento e recuperação de dados remoto que usa dispositivos como cartões ou tags) e omnicanalidade, estratégia que visa à integração dos canais de venda, oferecendo a mesma experiência em todos eles.

CONSUMIDOR EXIGENTE 
Para o período pós-pandemia, a expectativa na empresa é de que o consumidor seja mais exigente com as marcas e use mais os meios digitais. E isso levou à antecipação de projetos. As vendas pelo WhatsApp, por exemplo, estão habilitadas para 100% das lojas físicas e disponíveis em todos os mercados operados pela companhia, e o serviço Click & Collect, que permite que os clientes retirem os produtos adquiridos on-line nas lojas físicas, também está disponível em toda a rede. A empresa implementou ainda o drive-thru em 156 lojas e criou um projeto para transformar seus colaboradores em novos promotores de venda.

Em entrevista à Dinheiro em abril, o CEO da Riachuelo, Oswaldo Nunes, falou da aposta da companhia em ações de inovação, como as plataformas digitais. “Esses canais vêm num ritmo de crescimento bem maior do que antes da crise”, disse na ocasião. “A partir de agora teremos um cliente mais digital. E investir nessa transformação é cada vez mais necessário.” Parte do processo para o desenvolvimento destas soluções se dá a partir do evento Demodays, no qual times internos mapeiam os desafios e buscam microempresas que apresentem recursos que possam resolver essas questões. Além disso, o custo normalmente equivale a cerca de 10% do valor cobrado por uma empresa convencional. Inovar, além de tudo, sai mais barato... Leia mais em istoedinheiro 19/06/2020

21 junho 2020



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