Na segunda quinzena de março, o setor perdeu R$ 11,96 bilhões em volume de receitas
Considerado um dos setores mais promissores para a economia brasileira este ano, o mercado do turismo sofreu um baque com a pandemia do novo coronavírus e tudo indica que este será o segmento que levará mais tempo para se recuperar dos efeitos da crise.
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Na segunda quinzena de março, o setor perdeu R$ 11,96 bilhões em volume de receitas, o que representa uma queda de 84% no faturamento em relação ao mesmo período de 2019, de acordo com dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Socorro
Comparado aos demais setores da economia, como indústria, comércio e serviços, o turismo era o que mais se aproximava, antes da pandemia, do nível de atividade anterior à recessão de 2015.
"O turismo era o setor econômico que estava mais perto de apresentar nível de volume de receitas semelhante ao de 2014, no período anterior à crise econômica. Certamente isso iria ocorrer até o final do ano. Mas agora esse já é um dos segmentos que mais sofre com o coronavírus. Neste ano e até mesmo no ano que vem, será muito difícil voltar ao patamar anterior à recessão", explica Fábio Bentes, economista da CNC.
José Caamaño, vice-presidente do Sindicato de Hotéis do Rio de Janeiro, conta que até o dia 10 do mês passado, a previsão é que esse seria o melhor março dos últimos três anos. Mas, na primeira semana de isolamento, a ocupação hoteleira na cidade caiu de cerca de 70% para 20% e, na segunda semana do isolamento, já estava abaixo de 5%.
"O problema é que a gente estava começando a sair da crise. Foi um caos econômico muito grande, começamos a ter milhares de reservas canceladas. Alguns hotéis fecharam provisoriamente, mas mesmo assim têm despesas. Nossa preocupação agora são os nossos funcionários. Torcemos para que a pandemia seja curta", diz Caamaño.
Crise econômica permanece após o vírus
Apesar de o sindicato hoteleiro do Rio já ter identificado reservas para o feriado de 12 de outubro, o que demonstra um otimismo da população, o economista Fábio Bentes alerta que o faturamento nas datas comemorativas deste ano, como réveillon, e até mesmo no carnaval do ano que vem, deverá registrar queda.
"Para o setor do turismo, o mercado de trabalho dita o ritmo de consumo. Já começamos a ver um volume de demissões muito grande, e até mesmo cortes nos salários. Além disso, mesmo que tudo se resolva, muita gente vai mudar protocolos de viagens. Então, solucionado o problema da saúde, vamos ter o problema econômico", avalia.
Segundo Bentes, quanto mais tempo durar a pandemia, maior será o tempo necessário para recuperação. "Em relação a outros setores, o turismo demora mais para retomar o crescimento, pois as famílias tendem a abraçar despesas essenciais."
José Caamaño, do Hotéis Rio, acredita que cerca de 60 dias após a pandemia já seja possível ter uma ocupação na cidade que possibilite pagar as contas.
"Mas o hotel pequeno corre o risco de não conseguir se levantar", lamenta.
Na contramão da queda
Apesar da retração na indústria do turismo, o Airbnb, site de aluguéis residenciais por temporada, registrou aumento da demanda de hóspedes por estadias mais longas nos mesmos municípios em que moram. A maioria, com o objetivo de preservar a saúde das pessoas que fazem parte do grupo de risco. De acordo com a plataforma, foram observadas reduções de valor por anfitriões para reservas nesse perfil.
No Brasil, em março, o número de reservas mais longas (acima de 28 dias) foi 24% maior que no mesmo mês do ano passado. Entre os perfis de hóspedes das estadias mais longas no país, estão idosos, famílias em busca de mais espaço para que as crianças possam fazer suas tarefas enquanto os pais trabalham de casa e estudantes universitários que precisam se acomodar enquanto escolas estão fechadas.
Medidas de apoio ao setor
O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antonio, citou medidas que têm sido adotadas para ajudar o setor, como a Medida Provisória (MP) 948, que garante a manutenção de empregos, e a MP 948, que resguarda o direito dos consumidores.
"Há ainda uma outra importante medida provisória sendo discutida que prevê a utilização dos hotéis para abrigar profissionais da saúde", acrescenta.
Antonio aponta ainda que a população pode ajudar neste momento evitando o cancelamento de serviços.
"Remarcar é a melhor opção, não apenas para os setores do turismo e da cultura, mas também para a própria pessoa, pois uma cobrança ou judicialização, em massa, levaria à quebra desenfreada das empresas, o que inviabilizaria a prestação dos serviços ou o ressarcimento do pagamento.".. Leia mais em epocanegocios 10/04/2020
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Ruy Moura
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