16 novembro 2019

Calm: a história do app de meditação de US$ 1 bi que chegou ao Brasil

A startup, que se tornou o primeiro unicórnio de saúde mental, lança sua versão em português nesta semana

 Em um prédio discreto no centro de São Francisco cresce uma startup que quer ajudar as pessoas a amenizarem o estresse e a ansiedade da vida moderna — causados, em partes, pelo uso excessivo de tecnologias criadas não muito longe dali, por empresas do Vale do Silício.

A startup em questão é a Calm, um aplicativo de meditação, que lança sua versão em português para o mercado brasileiro nesta quarta-feira (12). “Nos últimos anos tivemos uma grande adesão do app no Brasil, mesmo tendo apenas a versão em inglês”, afirma Alex Tew, fundador e co-CEO da empresa em entrevista exclusiva ao InfoMoney na sede da Calm, em São Francisco.

Além de inglês, o aplicativo também já possui versões em francês, alemão, espanhol, japonês e coreano. O projeto de expansão global da Calm acontece após o aporte de US$ 88 milhões que a empresa recebeu em fevereiro dete ano e que a tornou a primeira startup de saúde mental a ser avaliada em mais de US$ 1 bilhão. Entre os investidores da startup está a gestora do ator Ashton Kutcher.

“Nos tornarmos um unicórnio foi um fato marcante na história, ajudou a melhorar a percepção das pessoas sobre o nosso negócio. Mostrou para o mercado que somos sérios e que esse é um mercado em que temos muito espaço para crescer ”, afirma Tew.

O crescimento das startups de meditação
A expansão da Calm acontece em um cenário em que palavras como “meditação” e “mindfulness” entraram no vocabulário de diversas empresas e executivos. A consultoria Global Wellness Institute estima que a indústria de “saúde e bem-estar” tenha valor de mais de US$ 4 trilhões.

Na nova sede da Calm, em São Francisco, a recepção é toda forrada com uma grama sintética, há um cantinho com uma espécie de cadeira de balanço com uma iluminação à meia luz tentando transmitir a sensação de tranquilidade. Uma placa dá as boas-vindas e aconselha: “Take a Deep Breath” (“Repire fundo”, em português).

Tranquilidade e tempo para “respirar fundo”, no entanto, é tudo o que a empresa não tem. No último ano, concorrentes da Calm como os aplicativos Shine, Simple Habit e BioBeats captaram mais de US$ 18 milhões com investidores. Outra concorrente notável nesse mercado é o aplicativo HeadSpace, avaliada em mais de US$ 320 milhões.

“A velocidade da vida moderna é algo realmente difícil de lidar, causa muito estresse e ansiedade. Cada vez mais as pessoas estão procurando uma maneira de amenizar esse sofrimento”, afirma Tew.

Em um cenário de tanta competição, até aqui a Calm conseguiu se diferenciar ao agregar outros produtos ao app. Um recurso um tanto quanto curioso são as histórias para dormir, uma espécie de “contos de ninar” para adultos. Uma delas, inclusive, é narrada pelo ator americano Matthew McCoughney.

A Calm também investiu no lançamento de músicas para auxiliam na concentração ou na hora de “pegar no sono”, como uma versão mais longa e tranquila da canção “How Do You Sleep?” do cantor britânico Sam Smith.

“A meditação só é efetiva quando as pessoas criam o hábito de meditar. Isso é difícil, requer prática diária. Já recursos como as músicas e as histórias para dormir não requerem prática para funcionar. Com isso, muitas pessoas conseguem enxergar o valor da Calm desde o primeiro dia em que usam”, explica Tew.

A empresa tem hoje cerca de 2 milhões de usuários pagantes e no último ano faturou US$ 80 milhões.

Da página de US$ 1 milhão ao app de US$ 1 bilhão
Em 2012, quando Tew decidiu lançar o app Calm, a ideia era que a marca se tornasse uma espécia de “Nike para a mente”. Convencer investidores da ideia, no entanto, não foi nada fácil.

“No Vale do Silício os investidores estão acostumados e investir em empresas de tecnologia, que trazem o desenvolvimento de dados. Nós surgimos com a ideia de criar uma marca. Obviamente foi difícil para eles enxergar valor nisso. Principalmente porque meditação não era algo popular nessa época”, afirma Tew.

O empreendedor britânico afirma que a meditação sempre foi uma prática na sua vida. “Eu medito desde a minha adolescência, por isso sempre soube do potencial da Calm”, revela.

Antes de inciar a startup, Tew já havia feito sua fama no mundo do empreendedorismo com uma ideia um tanto quanto curiosa. Em 2005 e com 21 anos, ele criou uma página na internet com um milhão de pixels em que anunciantes podiam comprar cada um dos pixels por 1 dólar.

O negócio chamou a atenção da mídia e o site de Tew ficou famoso rapidamente. Muitas empresas começaram a adquirir pedaços do endereço milliondollarhomepage.com e fixar a logo de sua empresa com um hiperlink para seu site. Em pouco mais de quatro meses Tew vendeu um milhão de pixels e, consequentemente, se tornou milionário.

Entre 2006 e 2010 ele lançou uma série de empresas sem grande sucesso. A ansiedade e pressão que enfrentou nessa época surgiram como inspiração para iniciar Calm.

Com um amigo, o empreendedor Michael Action Smith — conhecido até então por suas empreitadas no segmento de games — a Calm foi fundada e teve uma rápida ascensão.

No primeiro ano (2013), o aplicativo teve uma receita de US$ 100 mil. Em 2015, a receita chegou a US $ 2 milhões, em grande parte graças à contratação de Tamara Levitt, uma professora de meditação experiente que agora narra a maioria dos exercícios diários em inglês. Em 2018 a empresa faturou US$ 80 milhões e atualmente possui mais de 2 milhões de usuários pagantes.

A Calm no Brasil
Segundo a empresa, no Brasil hoje mais de 500 mil downloads do app já foram feitos. A versão paga do aplicativo chega ao país custando cerca de R$ 17 com serviços que incluem aulas de meditação, músicas e histórias para dormir. O recurso mais popular de Calm é a meditação de 10 minutos, chamada ‘Daily Calm‘, que explora um novo conceito inspirador a cada dia.. Leia mais em infomoney 14/11/2019



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