17 outubro 2019

Os R$ 200 bilhões que deixam Ricardo Lacerda, do BR Parters, otimista

Em entrevista ao NeoFeed, Ricardo Lacerda, fundador e presidente do banco de investimento do BR Partners, diz que há muito interesse de investidores estrangeiros pelos ativos brasileiros e acredita que as privatizações e a redução do tamanho do Estado serão o novo motor da economia

O banqueiro Ricardo Lacerda, presidente e fundador do BR Partners, está otimista. E não se trata de um otimismo moderado. Ele acredita que a agenda liberal da equipe econômica do governo Bolsonaro, focada na redução do tamanho do Estado e nas privatizações, será o novo motor de crescimento da economia brasileira.

“Acredito que, com a agenda reformista e de privatizações do governo atual, possamos estar crescendo ao fim do mandato do Bolsonaro num ritmo de 3% a 4%”, disse Lacerda, nesta entrevista exclusiva ao NeoFeed.

Com as privatizações, Lacerda, que foi ex-presidente do Goldman Sachs no Brasil e do Citigroup na América Latina, prevê que o governo deve arrecadar entre R$ 150 bilhões e R$ 200 bilhões até o fim da mandato de Bolsonaro. E, segundo ele, há muito apetite dos investidores estrangeiros com o pacote, em especial com os ativos de aeroportos, de infraestrutura e de saneamento.

Mas Lacerda faz um alerta, em especial por conta da experiência liberal da Argentina. “Entendo que essa política liberal precisa mostrar um benefício tangível para a população em termos de criação de emprego, aumento de renda e de crescimento econômico”, afirmou. “Se não, ela não se justifica. Acho que essa é a lição que fica para o governo brasileiro.”

Ele também está otimista com o mercado de fusões e aquisições e prevê ainda que, em 2020, muitas empresas vão buscar o mercado de capitais.

O BR Partners lidera o ranking brasileiro de fusões e aquisições da Bloomberg e da Thomson Reuters até setembro. Neste ano, esteve envolvido na venda da TAG, da Petrobras, à francesa Engie e da fatia do Grupo Pão de Açúcar na Via Varejo ao empresário Michael Klein. No total, são 10 negócios que movimentaram US$ 16,9 bilhões.

Confira os principais trechos da entrevista:

Você acabou de voltar da Europa e dos Estados Unidos, onde conversou com diversos investidores estrangeiros. Qual o interesse deles pelas privatizações no Brasil?
Temos focado muito no programa de privatização dos governos federal e estaduais. Temos participado de várias licitações para assessorar essas empresas na venda. E temos feito road shows pelo mundo todo para conversar com potenciais compradores. Estivemos recentemente na Europa e nos EUA em várias rodadas de conversas para avaliar o interesse dos diferentes setores. E o interesse está muito alto.

Para quais setores há interesse?
Há um enorme interesse para a área de infraestrutura, de aeroportos e de saneamento. E também para a parte de óleo e gás. Achamos que esse leilão que está vindo do pré-sal (previsto para novembro) vai ter um enorme sucesso. Então, acredito que é um momento positivo para essa agenda de redução do tamanho do Estado que está sendo implementada pelo Paulo Guedes (ministro da Economia) e sua equipe.

Quanto as privatizações podem trazer de recursos?
Excluindo a parte do pré-sal e considerando apenas ativos e transações que envolvem participação societária, estamos estimando entre R$ 150 bilhões e R$ 200 bilhões até o fim do mandato de Bolsonaro.
“Os aeroportos são, sem dúvida, a joia da coroa”

E qual é a joia da coroa desse programa de privatizações?
Há muitas empresas que atraem o investidor. Mas acredito que os aeroportos são, sem dúvida, a joia da coroa. As empresas de saneamento também têm trazido enorme interesse. Falta ainda um pouco de definição tanto na parte regulatória, como na parte do modelo de privatização dos diferentes Estados, mas o interesse dos investidores estrangeiros, tanto estratégicos, quanto fundos soberanos, está muito alto.

Você acredita que o governo consegue implementar essa agenda na velocidade que pretende?
Eles estão surpreendendo na determinação. Não vimos em nenhuma equipe econômica recente uma determinação tão grande para reduzir o tamanho do Estado. Hoje, há uma orientação clara e uma afinidade dos diferentes membros da equipe com esse propósito. Agora, o Brasil é Brasil. Tem toda a burocracia, todo trâmite e toda a questão dos Tribunais de Conta, que tem de serem feitos. Mas eles estão seguindo. A máquina está rodando. E ela tende a acelerar esse processo ao longo do tempo.

O que você acredita que deve ser vendido até o fim do ano?
Já estamos vendo licitação de empresas de energia no Sul. Estamos vendo esse leilão do pré-sal. Até o fim do ano, vamos conseguir um volume expressivo basicamente em função disso. Mas a agenda de mais ritmo começa a partir do ano que vem.

“Acredito que se deveria privatizar tudo porque estatal no Brasil só serviu para gerar ineficiência, privilégio e corrupção”.... Leia m ais em neofeed 17/10/2019

17 outubro 2019



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