16 abril 2018

Estrangeiros voltam às compras de espaços comerciais

Os investidores institucionais voltaram com força ao mercado imobiliário brasileiro, com uma intensidade não vista há pelo menos dois anos, segundo gestores e especialistas. E uma parte significativa dessa demanda vem de grupos estrangeiros.

"Na virada de 2017 recebemos consultas de 50 investidores internacionais, entre fundos de pensão, soberanos e private equity, que nunca fizeram negócios no Brasil, e esse número duplicou entre fim de 2017 e 2018", diz Roberto Patiño, diretor de transações da JLL (ex-Jones Lang LaSalle).

"Os estrangeiros que monitoram o mercado entendem que o setor, especialmente o de São Paulo, está saindo de uma das maiores crises da história" e agora é o momento para capturar a maior parte dos ganhos, diz Adriano Sartori, vice-presidente da CBRE Brasil. De acordo com o executivo, a consultoria mapeou R$ 3 bilhões em negócios de compra e venda de imóveis comerciais no ano passado em São Paulo e "a maior parte envolveu investidores de fora".

O ciclo de crescimento imobiliário já teve início, mas só vai ganhar tração entre o fim deste ano e o próximo. "Começou a abrir uma janela de melhora no Brasil e o institucional é mais rápido para enxergar essa abertura", afirma Alan Haddid, executivo-chefe de operações globais de asset management do BTG.

O alvo preferencial das negociações têm sido os ativos de fundos imobiliários.
"Esses veículos são escolhas lógicas porque fazem acompanhamento dos fundamentos, além de já ter mapeado e quantificado riscos específicos", afirma o executivo.

O efeito eleições pode ter contribuído para direcionar a atenção dos institucionais aos fundos. De acordo com o diretor da JLL, "esse primeiro semestre tem sido um dos mais ativos dos quais eu tive oportunidade de trabalhar". Conforme Patiño, o "pipeline", ou seja, a fila de operações a ser realizadas, começa a ser fechado na metade inicial do ano para sair, efetivamente, no semestre seguinte. "Estamos nos sentindo com cara de setembro; muita gente quer fechar os negócios antes das eleições." Dados da B3 mostram que a fatia dos institucionais no segmento de fundos imobiliários saltou de 12,8% do total em janeiro para 20,5% em fevereiro. As instituições financeiras aumentaram a participação de 2,2% para 7,45% no mesmo período.

"Temos assessorado grupos com centenas de milhões de reais em busca de ativos imobiliários e muitos veem os fundos como melhor forma de se posicionar nesse mercado", afirma Patiño. O sócio e gestor da Hedge Investiments, André Freitas, corrobora a percepção. "Acho que a gente viu e tem visto um interesse crescente de estrangeiros por ativos imobiliários brasileiros tanto dentro de fundos quanto fora", diz.

Grandes negócios imobiliários envolveram fundos imobiliários no mês passado. É o caso da venda de 37% do edifício Morumbi Park pelo fundo Rio Bravo Renda Corporativa para o grupo educacional americano Avenues, por R$ 82,5 milhões. O negócio resultou em um lucro de R$ 800 mil, segundo a gestora.

No mesmo mês, outro fundo, o CSHG Logística, pagou R$ 128 milhões pelos ativos de uma carteira controlada pela gestora de private equity Pátria. Para financiar a transação, o fundo realizou uma emissão de novas cotas pela qual captou R$ 538 milhões.

Outra operação, que envolveu o BC Fund, administrado pelo BTG, e a canadense Brookfield, exemplifica bem a intensidade com a qual os investidores institucionais passaram a atuar no mercado imobiliário brasileiro.

No acordo divulgado no mês passado, o BC Fund e a Brookfield realizaram uma operação de troca e compra de ativos no total de R$ 2,2 bilhões. No plano, o fundo imobiliário adquiriu R$ 718 milhões em propriedades da Brookfield, que, por sua vez, comprou R$ 1,309 bilhão da carteira do BC Fund. Isso reforçou o caixa do fundo com R$ 590 milhões, dos quais parte será distribuída aos cotistas e o restante, usado para novas aquisições. Fonte:Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 16/04/2018

16 abril 2018



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