Embora pouco conhecidas, a alemã Linde e a americana Praxair estão entre as principais empresas do setor de gases especiais, que juntas terão valor de mercado de US$ 66,6 bilhões.
As gigantes dos gases industriais Praxair Inc., dos Estados Unidos, e Linde AG, da Alemanha, concluíram ontem um namoro de dois anos, anunciando a união de forças para criar a maior empresa do setor com um valor de mercado combinado de US$ 66,6 bilhões.
As duas empresas informaram que seus conselhos aprovaram a união depois de negociações que foram interrompidas algumas vezes antes de serem retomadas recentemente.
O setor de gases industriais, ou “especiais”, é um pilar essencial da economia moderna, apesar das principais empresas não serem marcas conhecidas do público em geral. Elas fornecem misturas de gases, como o hélio e o oxigênio puro, usados em todos os tipos de aplicações industriais.
Entre seus principais clientes estão empresas exploradoras e refinadoras de petróleo, fabricantes de químicos e hospitais. Os gases ajudam a esfriar os ímãs supercondutores em aparelhos de ressonância magnética em hospitais e reduzem emissões nas refinarias.
A Praxair e a Linde também produzem gases usados na manufatura e na produção de alimentos. No Brasil, a Praxair é controladora da White Martins, produtora de gases especiais para os setores de alimentos, energia e medicina, entre outros. A Linde está presente no país nos segmentos de gases industriais com a Linde Gases, e também no de engenharia e assistência médica.
O negócio deve passar por análise criteriosa de reguladores em todo o mundo. A Linde é atualmente a segunda maior empresa do setor e a Praxair, a terceira, atrás da líder Air Liquide SA, da França. Uma união entre a Linde e a Praxair criaria uma empresa com vendas de cerca de US$ 30 bilhões por ano antes de qualquer desinvestimento.
As ações da Linde caíram cerca de 4% na Bolsa de Frankfurt ontem. As da Praxair recuaram 3,75% na Bolsa de Nova York.
O setor de gases industriais tem passado por agitação com a queda dos preços do petróleo e o fraco crescimento em mercados desenvolvidos importantes. A desaceleração da atividade de petróleo e gás e de gastos com assistência médica, especialmente nos Estados Unidos, tem sido um obstáculo para o desempenho. As empresas que concorrem no setor têm se apressado para consolidar ganhos de escala e superar esses obstáculos.
Em maio, a Air Liquide concluiu sua própria grande aquisição, a compra da americana Airgas Inc. por cerca de US$ 10 bilhões, impulsionando a empresa para o topo do setor. A Linde já disputou o primeiro lugar com a Air Liquide com a compra da britânica BOC PLC em 2006, por US$ 14 bilhões.
A Linde e a Praxair começaram a negociar a fusão há dois anos, mas as conversas foram suspensas depois que a empresa alemã emitiu alertas de lucro. As negociações foram retomadas em meados deste ano. Mas o conselho da Linde interrompeu as negociações em setembro devido a preocupações com a estrutura do acordo.
O colapso das negociações causou a demissão do diretor-presidente da Linde, Wolfgang Büchele, que apoiava a fusão. Ele foi substituído por Aldo Ernesto Belloni. O diretor financeiro George Denoke também saiu.
O The Wall Street Journal divulgou em novembro que as empresas haviam retomado as negociações. Na época, a Praxair prometeu que a firma combinada teria ações negociadas tanto na Bolsa de Nova York como na de Frankfurt. As companhias afirmaram ontem que a nova empresa, que se chamará Linde, também terá instalações na Alemanha.
A Praxair já foi anteriormente parte da Linde. Fundada como braço americano da empresa alemã em 1907, a Linde Air Products havia se desenvolvido tão rapidamente até a Primeira Guerra Mundial que tinha se tornado maior que a controladora alemã. No início do século passado, o conglomerado Union Carbide a comprou e a desmembrou em 1992 com o nome de Praxair. O Union Carbide é agora parte da Dow Chemical Co.
O presidente do conselho e diretor-presidente da Praxair, Steve Angel, deve liderar a nova firma e ficará baseado nos EUA. O presidente do conselho da Linde, Wolfgand Reitzle, ficará no cargo. O novo conselho terá o mesmo número de assentos para ambas.
Pelo acordo, os acionistas da Linde receberão 1.540 ações da nova empresa por cada ação da Linde, enquanto a proporção para os acionistas da Praxair será de uma para uma. A nova holding terá sede em algum lugar da União Europeia, embora as empresas não tenham informado onde. Ter a sede legal da empresa combinada fora dos EUA trará vantagens fiscais. Tanto os EUA como a Alemanha têm impostos nominais corporativos relativamente altos, então a nova holding terá economias fiscais se sua sede for outro lugar.
Não está claro qual efeito isso pode ter nos impostos totais das operações internacionais de ambas. Por exemplo, empresas que fazem negócios nos EUA mas têm sede no exterior buscam reduzir seus impostos totais. Eles levam adiante suas operações com dívidas entre suas próprias unidades, deduzindo os juros contra a tarifa fiscal corporativa americana de 35% e efetivamente migrando os lucros americanos para um país com menos impostos.
O Departamento do Tesouro dos EUA concluiu este ano leis que reduziriam essas operações de forma expressiva, mas os republicanos fizeram oposição cerrada às regras. O governo Trump pode eliminar essas regras ou o Congresso Republicano pode anulá-las. Os republicanos da Câmara dos Deputados também estão propondo uma reforma no sistema fiscal para as empresas o que tornaria a prática obsoleta. Pessoas próximas ao acordo dizem a questão fiscal não foi o principal motivo da fusão.
Um grande obstáculo será a aprovação regulatória global. Analistas da firma americana Bernstein Research dizem que as empresas terão que desmembrar negócios que geram US$ 5 bilhões em vendas anuais. Michael Harrison, analista de químicos da firma financeira americana Seaport Global Securities, diz que poderá ser exigida a venda de ativos do setor de comercialização de gases para indústria ou do fornecimento de oxigênio em cilindros para o setor de assistência média nos EUA. Por ROBERT WALL (Colaboraram Laurence Norman em Bruxelas e Richard Rubin em Washington.) Leia mais em thewallstreetjournal 20/12/2016
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Linde and Praxair Announce Intention to Merge
Strategic Highlights
Combination leverages unique strengths of each company: Linde’s long-standing leadership in technology with Praxair’s operational excellence
Brings together strong, complementary positions in key geographies; creates a more diverse and balanced end market portfolio
Enhanced ability to provide innovative, reliable and cost-efficient solutions for customers
Combined pro forma revenues of approximately $30 billion (EUR 28 billion) and current market value in excess of $65 billion (EUR 61 billion)
Transaction expected to create considerable value, resulting in approximately $1 billion (EUR 0.9 billion) in annual synergies
Robust balance sheet and strong cash flow generation, with financial flexibility to invest in future growth
Transaction Highlights
All-stock transaction: Linde shareholders would receive 1.540 shares in a new holding company for each Linde share and Praxair shareholders would receive one share in the new holding company for each Praxair share, resulting in Linde and Praxair shareholders each owning approximately 50% of the new holding company
Governed by a single Board of Directors with equal representation from Linde and Praxair
The combined company would be named Linde, retaining the globally recognized brand and would be listed on both the New York Stock Exchange and Frankfurt Stock Exchange ... Leia mais em praxair 20/12/2016
11 janeiro 2017
Linde e Praxair unem forças para criar gigante dos gases “especiais”
quarta-feira, janeiro 11, 2017
Compra de empresa, Fusões, Infraestrutura, Investimentos, Plano de Negócio, QuimicoPetroquimico, Transações MA, Venda de Empresa
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Ruy Moura
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