A partir da segregação das ações, o BTG Pactual pretende tornar os papéis do banco mais atraentes para os investidores tanto por exibir uma rentabilidade maior quanto por retirar algumas amarras que hoje inibem a participação de alguns aplicadores, segundo uma pessoa que participa das discussões. O BTG anunciou na sexta que estuda a possibilidade de separar as ações do banco e as da Participations, braço para investimentos de clientes e de sócios em empresas, hoje negociadas conjuntamente por meio de units. A proposta é criar novas units que contemplem essas duas estruturas separadamente.
Com a segregação, um dos objetivos é livrar as ações do banco do peso da área de investimentos proprietários. Investimentos malsucedidos em private equity têm reduzido a rentabilidade do banco, que se tornou o foco principal das atividades do grupo. Nos nove primeiros meses de 2016, o banco BTG Pactual teve um retorno de 17,7%, enquanto a área de investimentos em empresas teve perda de 3,2%. Pelo menos desde 2013, os investimentos proprietários têm uma rentabilidade abaixo da do banco. Com a proposta de separação, a volatilidade desses investimentos deixará de ser refletida nos papéis da instituição financeira.
Na nova estratégia definida depois da crise enfrentada um ano atrás, o uso de recursos próprios para investimentos em empresas está fora do radar do banco BTG. A ideia é que o banco se dedique apenas à gestão de fundos.
Outra consequência da mudança a ser proposta diz respeito à própria configuração das units do BTG. Atualmente, por serem compostas não apenas por papéis do banco, mas também por BDRs (Brazilian Depositary Receipts ou certificados de depósito de valores mobiliários) da BTG Pactual Participations, que tem sede nas Bermudas, as units do BTG têm algumas limitações.
Alguns investidores institucionais, como fundos de pensão brasileiros, não podem investir em BDRs. Por ser uma companhia estrangeira, a BTG Pactual Participations também não pode ser integrante dos níveis especiais de práticas diferenciadas de governança da BM&FBovespa, como Nível 1 e 2.
A participação dos papéis em índices de ações, como o Ibovespa ou o MSCI Brazil (Morgan Stanley Capital International) é vedada.
Ao atrair mais investidores, a ideia é que o papel do banco tenha mais liquidez. Atualmente, 22,1% das units do BTG Pactual estão em circulação no mercado. Esse total, porém, inclui papéis dados em troca da aquisição de instituições financeiras no exterior, como a chilena Celfin, e outros ainda em período de lock-up, um intervalo de tempo em que as ações não podem ser negociadas.
Na estrutura de hoje, cada unit do BTG Pactual é formada por uma ação ON e duas PNAs do banco, e uma ação da classe A e duas da classe B da BTG Pactual Participations. Se a ideia de segregação prosperar, esses dois grupos de papéis serão negociados de uma forma desvinculada da unit hoje existente do grupo BTG Pactual.
A BTG Pactual Participations tem ativos que vão de academias de ginástica a florestas. Essas participações estão distribuídas em uma intricada cadeia de fundos de investimentos, subsidiárias e empresas coligadas. Por isso, mapeá-las com exatidão sempre foi uma tarefa difícil para o mercado.
Ao mesmo tempo, o BTG Pactual colheu resultados frustrantes de várias dessas apostas. A mais notória foi a perda com a Sete Brasil, companhia criada para produzir sondas para a Petrobras e que foi arrastada pela Operação Lava-Jato. No começo do ano passado, o banco deu baixa do investimento feito na companhia, estimado em R$ 2,8 bilhões.
A holding BTG Pactual Participations (BTGP) tem três categorias de investimentos em seu portfólio: 1) merchant banking, ou seja, participações em empresas por meio de fundos ou de subsidiárias, coligadas e controladas em conjunto; 2) mercados globais e 3) títulos corporativos.
No fim de setembro de 2016 (posição mais recente disponível), a BTGP tinha - com recursos próprios e/ou de clientes dos fundos de private equity da casa - participações em pelo menos uma dezena de empresas. Entre elas, estão a rede de academias Bodytech, a companhia do setor imobiliário Brasil Brokers, a empresa na companhia de transporte marítimo Deep Sea Group, a rede de farmácias BR Pharma, a Auto Adesivos Paraná, a empresa de coleta de lixo Estre, o provedor de serviços de internet UOL, a Sete Brasil, a B&A Mineração, a CDR Pedreira a BrPec Agropecuária, uma fatia remanescente numa empresa de águas da Catalunha.
As operações do merchant banking se dão com empresas localizadas principalmente no Brasil e têm um horizonte de quatro a dez anos para desinvestimento. A fatia desses ativos correspondente à participação da BTG Pactual Participations estava contabilizada em R$ 2,028 bilhões, pelo critério de valor justo, no fim de setembro, e exclui o investimento dos clientes.
Na categoria de mercados globais, são R$ 4,697 bilhões alocados no fundo BTG Pactual Absolute Return II, do qual o grupo era o único cotista. Porém, o BTG desmontou sua estratégia nessa área, que incluía operações no mercado internacional de crédito, hipotecas nos EUA. Só que, em vez de eliminar o fundo e devolver o dinheiro para o veículo da BTGP, que fez o investimento, transformou-o num empréstimo entre as partes. Dessa forma, aparece no ativo e no passivo da BTGP e tem efeito contábil nulo, segundo fonte a par do assunto.
O segmento de títulos corporativos é basicamente composto por bônus emitidos pelo banco BTG Pactual com vencimentos em 2022 e 2049. No fim de setembro, esses papéis valiam R$ 1,834 bilhão pelo critério de valor justo. - Valor Econômico Leia mais em portal.newsn 30/01/2017
30 janeiro 2017
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segunda-feira, janeiro 30, 2017
Compra de empresa, Investimentos, Plano de Negócio, Tese Investimento, Transações MA, Venda de Empresa
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Ruy Moura
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