07 dezembro 2016

Localiza está aberta a fusões e aquisições

A Localiza, maior rede de aluguel de carros na América do Sul, mantém seu apetite por aquisições depois da compra da operação brasileira da americana Hertz, uma das mais importantes no mundo. "Nos últimos anos, analisamos a compra de umas dez operações. Se fizer sentido em termos estratégicos, a empresa está aberta a fusões e aquisições", disse ontem o presidente-executivo da Localiza, Eugênio Mattar.

O interesse é por marcas locais, disse Roberto Mendes, diretor financeiro e de relações com investidores da Localiza. "Em termos internacionais, já estamos felizes." Até o início dos anos 90, comprou cerca de 30 concorrentes.

A Localiza levará nesta semana ao Conselho Administrativo de Direito Econômico (Cade) o pedido de análise da compra da Hertz. "Existem 7,5 mil empresas de aluguel de carro no Brasil. Pela pulverização do mercado, temos esperança que o processo no Cade não será de longo prazo", disse Mendes

As conversas entre Hertz e Localiza foram iniciadas em 2014, em Miami. Chegaram a ser interrompidos com a troca do presidente da Hertz, no fim de 2014, sob pressão de investidores após erros contábeis nos balanços financeiros e um fraco desempenho de resultados. Mark Frissora foi, então, substituído por John Tague, veterano da indústria de aviação. Thomas Kennedy, diretor financeiro da Hertz, que acompanhava as negociações desde o início, continuou a fazer a ponte entre americanos e brasileiros até a conclusão do acordo.

A Hertz, que tem menos de 5% do mercado brasileiro, vai ganhar espaço no país, enquanto a Localiza espera um salto na receita com turistas estrangeiros que vêm ao Brasil, principalmente americanos e europeus, disse Mattar.

O setor de aluguel de veículos está mudando. A Unidas, terceira maior do país, anunciou recentemente a venda de 20% para a Enterprise e sua intenção de abrir o capital. A JSL informou que pretende listar na bolsa sua subsidiária de aluguel de automóveis Movida, a segunda maior do setor.

"A compra da Hertz Brasil é uma clara evidência que a Localiza continua a se adaptar às mudanças do cenário competitivo", disse em relatório o analista Tobias Stingelin, do Credit Suisse. Do ponto de vista financeiro a transação é atrativa, pois a Localiza está pagando um valor por veículo de R$ 36,6 mil, sem sinergias, enquanto a avaliação do Credit por veículo é de R$ 63,5 mil.

A Localiza deve financiar a compra de R$ 337 milhões com o próprio caixa e duas emissões de debêntures, uma de até R$ 500 milhões e outra de até R$ 250 milhões. A posição de caixa de R$ 1,2 bilhão bastaria para quitar a compra, feita em dinheiro, mas as captações darão suporte à expansão esperada com a integração dos negócios, diz o diretor financeiro. O reforço será usado principalmente para a renovação da frota.

A Hertz analisa de perto o avanço de tecnologias de compartilhamento de veículos, principalmente nos Estados Unidos, onde o Uber e o Lyft atuam há mais de cinco anos. A companhia desenvolve projetos para diminuir o tempo de atendimento e planeja compartilhar a tecnologia com a Localiza.  - Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 07/12/2016

07 dezembro 2016



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