29 dezembro 2016

Cenário político pode atrapalhar fusões e aquisições em 2017

Enquanto as empresas se prepararam para o impacto que virá com os choques políticos de 2016 e mais eleições no ano que vem, o apetite global por grandes fusões pode diminuir com a perspectiva de maior protecionismo.

As maiores transações do ano envolveram companhias de países diferentes: a compra da Monsanto pela Bayer, a oferta da China National Chemical pela Syngenta e a aquisição da ARM Holdings pelo SoftBank Group. Negócios que cruzaram fronteiras representaram mais de metade das aquisições superiores a US$ 25 bilhões anunciadas neste ano, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. Também representaram quase metade dos US$ 3 trilhões em negócios totais anunciados, segundo os dados.

Porém, os agentes que decidem fusões e aquisições internacionais estão ficando mais introspectivos e protetores. Ainda não está claro como as mudanças políticas afetarão os negócios. As empresas chinesas enfrentam maior rigor regulatório no exterior e oposição crescente nos EUA e na Europa. Internamente, há mais restrições a grandes transações.

No Ocidente, a eleição de Donald Trump à presidência dos EUA tem implicações potenciais para a carga tributária das companhias locais e para a recepção que empresas estrangeiras, especialmente chinesas, poderão ter quando tentarem comprar operações nos EUA. No Reino Unido, que votou pela saída da União Europeia, a primeira-ministra Theresa May declarou que o país precisa de uma "estratégia industrial apropriada" que poderia ser usada para defender setores estratégicos e empresas, como a farmacêutica AstraZeneca.

No ano que vem, haverá eleições na Holanda, França e Alemanha que podem desbancar os líderes atuais e fortalecer movimentos populistas e nacionalistas em toda a Europa. Essas eleições podem trazer ramificações para a UE e a zona do euro, provocando mais instabilidade e volatilidade no bloco.

Resumimos abaixo conversas com profissionais especializados em fusões e aquisições sobre 2017.

1. Regulamentação
O número de grandes aquisições já diminuiu neste ano. Foram anunciados 13 acordos com valor superior a US$ 25 bilhões em 2016, pouco menos do que no ano passado, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. O valor total de transações anunciadas é 18 por cento menor do que em 2015.

"Falta de confiança nunca é boa para fazer negócio", disse Hernan Cristerna, corresponsável global por fusões e aquisições do JPMorgan Chase, em Londres. "Se os presidentes das empresas tentam avaliar os benefícios de um negócio grande e não sabem como ficará o ambiente regulatório, alguns podem hesitar em seguir adiante."

O desfecho da eleição nos EUA e o Brexit resultarão em maior protecionismo nos dois países, disse Ying Zhang, responsável associado para China na Faculdade de Administração de Roterdã, na Universidade Erasmus.

2. Ásia
As empresas chinesas desembolsaram mais de US$ 200 bilhões em negócios no exterior neste ano, mais que o dobro do recorde atingido no ano passado. Agora, a China planeja impor limites às compras que ficarão em vigor até setembro, informaram fontes no mês passado. Entre os limites estão o veto à maioria dos investimentos superiores a US$10 bilhões.

"O impacto das regras de controle de capital introduzidas na China precisa ser avaliado, uma vez que as companhias chinesas estiveram entre as mais ativas em fusões e aquisições nos últimos anos", disse Thomas Piquemal, responsável global por fusões e aquisições do Deutsche Bank, em Londres.

3. Presidente Trump
Enquanto Trump se prepara para assumir a Casa Branca em 2017, muitas de suas propostas podem ter implicações amplas para empresas que desejam operar e ir às compras nos EUA.

Ele propôs isenções fiscais que poderiam levar à repatriação de recursos guardados por empresas americanas no exterior e a uma carga tributária menor. Isso poderia liberar bilhões de dólares para fusões e aquisições no país, sem falar em dividendos e recompra de ações.

"Isso liberaria dinheiro para fusões e aquisições e embalaria uma onda de negócios", afirmou o presidente da LionTree Advisors, Aryeh Bourkoff, em mensagem de fim de ano aos funcionários. "A repatriação pode proporcionar benefício especial a Apple, Microsoft, Alphabet, Cisco
e Oracle, que juntas guardam um valor estimado de US$ 500 bilhões em dinheiro no exterior."Ruth David (Bloomberg) -- Leia mais em bol.uol 29/12/2016

29 dezembro 2016



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