16 dezembro 2016

Fox faz oferta formal pela operadora de TV paga Sky

A 21st Century Fox, de Rupert Murdoch, apresentou uma oferta formal pelo controle integral da Sky, iniciando uma disputa com acionistas independentes menores e uma batalha com as autoridades reguladoras do Reino Unido e da União Europeia (UE).

A oferta de 10,75 libras por ação em dinheiro pelos 61% da Sky que o grupo de mídia dos Estados Unidos ainda não controla avalia a companhia em 18,5 bilhões de libras, e custará 11,7 bilhões de libras à Fox. A proposta oficial surge quase uma semana depois de a companhia europeia de TV por assinatura ter anunciado que chegou a um acordo com a Fox em uma proposta de negócio.

Com políticos britânicos já fazendo fila para pedir o bloqueio do "takeover", o presidente da Sky, James Murdoch, que também é o executivo-chefe da Fox, disse estar confiante de que o negócio passará pela "inspeção regulatória" e será concluído antes do fim de 2017.

"Vamos colaborar com as agências e autoridades relevantes", disse Murdoch antes de acrescentar que tem certeza de que "nenhuma concessão significativa terá de ser feita".

A News Corp, de Rupert Murdoch, foi forçada a abandonar sua última oferta pela Sky em 2011, em meio à reação da opinião pública britânica a um escândalo de grampos telefônicos envolvendo a companhia. A transação de 7,8 bilhões de libras já havia sido aprovada pelas autoridades reguladoras, mas a News Corp teve que desistir do negócio depois da revelação de que jornalistas do jornal "News of the World" grampearam o telefone da estudante Milly Dowler, que foi assassinada.

A decisão custou à News Corp uma multa por rompimento de contrato de 38,5 milhões de libras. Desta vez, a Fox concordou com uma multa de 200 milhões de libras se desistir do negócio.

Karen Bradley, secretária da Cultura do Reino Unido, terá dez dias úteis para decidir se emite ou não uma notificação de intervenção de interesse público. Com apenas seis dias úteis até o começo das férias de Natal no Reino Unido, isso significa que uma decisão sobre o encaminhamento da proposta de "takeover" da Fox à autoridade reguladora Ofcom não deverá acontecer antes do Ano Novo.

Não está claro sobre quais motivos ela solicitará uma intervenção, se é que vai fazer isso. Na ocasião da última tentativa de compra, o então secretário da Indústria, Vince Cable, pediu à Ofcom que analisasse a questão da pluralidade dos meios de comunicação. Depois da aquisição pela Sky dos negócios de TV da Fox na Itália e na Alemanha em 2014, o negócio também deverá exigir uma aprovação da Comissão Europeia.

A Sky e a Fox argumentarão que o cenário da mídia no Reino Unido passou por uma transformação nos últimos cinco anos, com a queda das vendas dos jornais de Murdoch e o poder crescente dos grupos de mídia da internet, como o Facebook e o Google.


Murdoch também vai apontar as mudanças que ele tem feito em seu império das comunicações e o fato de que os negócios de editoração jornalística da News Corp estão agora separados da Fox, a companhia de televisão e entretenimento que ele também controla.

A proposta da Fox - que não mudou em relação ao preço acertado na semana passada - avalia a Sky com um ágio de 36% sobre o preço de fechamento de suas ações em 8 de dezembro, o dia anterior ao do anúncio da proposta. No entanto, as ações da Sky estavam sendo negociadas no mesmo patamar em fevereiro e a oferta da Fox representa um ágio de 20% sobre o preço médio dos últimos seis meses.

Nesse contexto, alguns acionistas menores, como a Standard Live, a Jupiter Asset Management e a Royal London, estão se opondo à proposta, argumentando que ela não dá o devido valor à Sky.

Para tentar melhorar a proposta e dar alguma proteção aos acionistas contra um impedimento regulador demorado, a Sky disse que vai pagar um dividendo especial de 10 pence se a transação não for concluída até o fim de 2017.

O vice-presidente do conselho de administração da Sky, Martin Gilbert, que liderou a comissão de diretores independentes que recomendou a oferta, defendeu a maneira como o processo vem sendo conduzido. "A comissão independente, que foi formada com a finalidade específica de proteger os interesses dos acionistas independentes em relação à proposta feita pela 21st Century Fox, vem dando uma consideração total ao valor fundamental e às perspectivas para o grupo Sky", disse Gilbert, que também é o executivo-chefe da Aberdeen Asset Management.

Com a Sky enfrentando dificuldades em uma série de frentes, incluindo a inflação no custo das transmissões ao vivo de eventos esportivos e a maior concorrência da BT e de serviços de streaming como o Netflix e a Amazon, a Fox disse que a companhia combinada ajudará a criar uma "potência que chegará a 100 milhões de lares". "Esse negócio nos colocará na liderança para a próxima onda de crescimento do consumo de conteúdo", disse James Murdoch.

John Nallen, diretor financeiro da Fox, disse a investidores que o grupo de mídia dos EUA vai pagar a transação com recursos próprios e uma nova emissão de dívida de US$ 10 bilhões. Não haverá emissão de novas ações da Fox para pagar o negócio, afirmou.

Nallen acrescentou que um empréstimo-ponte será usado para financiar a operação e substituído por financiamento de longo prazo assim que o takeover foi concluído. Alguns analistas se mostraram preocupados com o nível de endividamento da Fox, mas Nallen tentou tranquilizá-los afirmando que o negócio deixará a companhia com "uma relação de alavancagem de quatro vezes".

Para tentar acelerar o processo de compra, a Fox e a Sky buscaram uma estrutura de takeover "scheme of arrangement", que exige o apoio de apenas 75% dos acionistas independentes de uma companhia. - Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 16/12/2016

16 dezembro 2016



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