A família Feffer, dona da Suzano Papel e Celulose, aceitaria discutir um acordo de controle compartilhado em uma eventual operação de consolidação da indústria de celulose e papel no país. A afirmação foi feita ontem pelo presidente da companhia, Walter Schalka, a uma plateia formada principalmente por analistas de investimento, após uma pergunta que se tornou recorrente nesses eventos: como e quando ocorrerá a já esperada nova etapa de consolidação do setor?
"O controlador quer permanecer na indústria e aceita discutir acordos de controle compartilhado", afirmou Schalka, acrescentando que houve uma quebra de paradigma, já que anteriormente abrir mão do controle não estava em questão. A última grande operação dessa natureza no país, envolvendo produtores de celulose de eucalipto, teve como protagonistas a Aracruz e a Votorantim Celulose e Papel (VCP), que no segundo semestre de 2009 deram origem à Fibria, líder global.
De lá para cá, muito se especulou sobre a próxima rodada de combinação de forças, em uma indústria que globalmente é pulverizada e está sujeita à formação de preços pelos compradores chineses. Inicialmente, falou-se nos bastidores sobre potenciais conversas entre a Fibria, cujo controle é compartilhado entre BNDESPar (braço de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e Votorantim Industrial (VID), e a concorrente Eldorado Brasil, da J&F Investimentos. À época, o Valor apurou que houve uma tentativa de aproximação, sem conversas subsequentes.
Mais recentemente, circularam informações de que acionistas da Fibria e Suzano estariam buscando uma aproximação. Oficialmente, tudo o que se tem é a indicação do comando das empresas, de que a consolidação é positiva para toda a indústria.
Para Schalka, porém, a combinação de duas ou mais empresas do setor é uma das alternativas para o redesenho da indústria, mas não a única - em outras ocasiões, o executivo já tinha feito esse apontamento. "A consolidação depende do fator societário e é difícil antever se e quando vai acontecer", comentou. "Existem outras alternativas de redesenho, como a verticalização da produção, usando a grande vantagem competitiva que é a celulose para entrar mais profundamente no negócio de papel."
Nesse sentido, a Suzano teria como vias alternativas o negócio já consolidado de imprimir e escrever e, mais recentemente, o de papel tissue (para fins sanitários). O executivo lembrou que, recentemente, a celulose de fibra curta sofreu desvalorização de US$ 130 a tonelada. Considerando-se a demanda mundial, essa queda nos preços já fez com que a indústria deixasse de ganhar US$ 4 bilhões - ao mesmo, os compradores economizaram nos gastos com a matéria-prima. "A pergunta que fica é: como podemos aproveitar essa base global de clientes, alavancar nossa posição e recuperar esse valor que está sendo deixado na mesa dos clientes", acrescentou Schalka.
No encontro, o executivo voltou a defender que todos os produtores tenham maior disciplina na oferta e considerem a possibilidade de redução dos volumes disponíveis, em busca de preços que remunerem de maneira adequada todo o setor. "A Suzano entende que, se todos os players tirassem sua última tonelada, a de pior margem, toda a indústria seria beneficiada", afirmou, acrescentando que a "última tonelada" da companhia gera margem positiva, mas, ainda assim, há disposição de retirá-la do mercado.
Schalka comemorou o fato de a Asia Pulp & Paper (APP) limitar a 1,2 milhão de toneladas o volume de matéria-prima que será ofertado pela fábrica OKI em 2017. No total, a unidade poderá produzir 2,8 milhões de toneladas por ano. Além disso, lembrou que outra produtora asiática, a April, anunciou a retirada de 600 mil toneladas de celulose do mercado.
"Infelizmente, não tivemos a mesma resposta dos produtores brasileiros", disse o executivo. A Suzano já informou que poderá recorrer a uma parada comercial em uma ou mais linhas de celulose no ano que vem para fazer frente ao cenário desafiador de preços e ao baixo retorno sobre o capital empregado (ROIC), que estava em 4,8% há um mês.
No Suzano Day, o presidente da companhia indicou ainda que as medidas de competitividade estrutural que estão em curso, e que são importante pilar de seu projeto 5.1, permitirão uma geração de caixa adicional de R$ 630 milhões por ano no longo prazo.
A maior parte desse ganho virá da operação florestal. Entre outras metas, até 2021/2022, o custo caixa de produção de celulose deve cair de R$ 637 por tonelada, no terceiro trimestre, para R$ 475 por tonelada. O aumento de produtividade das florestas permitirá uma redução de R$ 150 milhões por ano nos investimentos florestais e há potencial de levantar R$ 650 milhões a partir da desmobilização de terras, a partir de 2023. - Valor Econômico Leia mais portal.newsnet 07/12/2016
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Ruy Moura
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