12 setembro 2016

Para especialistas, redes de hospitais devem ser alvo de consolidação

Calcula-se que entre públicos e privados, o Brasil tenha 6.000 hospitais. A busca por negócios grandes acaba excluindo parte das redes de plano de saúde das miras dos fundos de private equity.

— É mais fácil os investidores entrarem nos hospitais do que nos planos. Já há cinco ou seis grandes redes nacionais consolidadas em planos de saúde. No segmento dos hospitais isso não existe — avalia Marcos Boscolo, sócio da consultoria KPMG.

No Brasil, apenas a Rede D’Or é considerada nacional, com 27 unidades em locais como Rio de Janeiro, Brasília, São Paulo e Pernambuco. Antes da abertura aos estrangeiros, o banco BTG tornou-se sócio do cardiologista Jorge Moll Filho, dono da Rede D’Or, comprando debêntures (títulos de dívida) conversíveis em ações, já que têm estrangeiros entre os investidores. O banco ficou com 27% da rede, avaliada em R$ 19 bilhões.

RECEITA DE R$ 22 BILHÕES
No ano passado, quando caiu a barreira aos estrangeiros com a mudança na legislação, o BTG vendeu 8,3% de sua fatia por R$1,7 bilhão para o fundo Carlyle. Logo em seguida, outros 15% foram vendidos ao fundo soberano de Cingapura, por R$ 3,2 bilhões.

— A população cresceu, a demanda por saúde também, e alguns hospitais fecharam. O Brasil tem déficit de leitos, e há estudos que apontam o colapso do sistema em 2030. Se houver investimento, há muitíssimo espaço para crescer — justificou Daniel Coelho, diretor da consultoria Seferin e Coelho.

Segundo Francisco Balestrin, presidente do Conselho de Administração da Associação Nacional dos Hospitais Privados (Anahp), diversos fundos conversam com instituições. Do ponto de vista financeiro, os hospitais particulares são apontados por investidores como ativos muito interessantes. As 72 principais instituições tiveram, em 2015, receita de R$ 22 bilhões, e mesmo em cenário de crise, devem girar R$ 25,6 bilhões este ano. Esses hospitais, filiados à Anahp, respondem por 40% das despesas hospitalares do país.

— Os fundos estão estudando o nosso mercado e vão entrar. Não tenho dúvidas de que haverá uma consolidação do setor. Os investidores estavam reticentes devido às incertezas da política — diz Balestrin.

A perspectiva de melhora no campo político, após o fim do processo de impeachment, ajuda a atrair investidores. Além disso, no ano passado, os custos dos hospitais aumentaram 12%, enquanto a receita cresceu abaixo da inflação. Isso deixou muitas instituições em situação financeira delicada, o que as torna potencial alvo de compra. Para se manter no azul, muitos hospitais estão cortando custos e reduzindo investimentos.

Um dos entraves apontado por Boscolo, da KPMG, ainda é o Estado. Como o governo fez interferências nos setores de bancos e energia e educação, sempre existe o temor de que o mesmo possa acontecer com o setor de saúde. Fonte: O Globo Autor: João Sorima Neto e Roberta Scrivano Leia mais em tudofarma 12/09/2016

12 setembro 2016



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