O diretor executivo do Goldman Sachs defendeu o trabalho do banco de investimento na tentativa frustrada de abertura de capital do WeWork no ano passado.
"Não tenho certeza de que erramos tanto assim”, disse David Solomon, quando questionado sobre o WeWork durante um painel do Fórum Econômico Mundial em Davos na terça-feira.
"Algumas coisas estavam certas e algumas coisas estavam erradas”.
O Goldman Sachs foi um dos principais bancos entre os que trabalharam na oferta pública inicial (IPO) planejada pela WeWork no ano passado. A entrada da startup imobiliária que fornece espaços de trabalho compartilhados no mercado de capitais foi uma das mais esperadas do ano, mas foi cancelada devido à falta de interesse dos investidores, que questionaram o valuation da empresa e o seu modelo de negócio.
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O valor dos papéis da WeWork caiu em mais U$40 bilhões, e a empresa foi forçada a pedir ajuda financeira ao SoftBank, seu principal investidor.
O Financial Times afirmou que o Goldman Sachs disse que a WeWork – que hoje vale cerca de U$8 bilhões – poderia chegar a valer U$96 bilhões no mercado público durante o processo de abertura de capital. O Wall Street Journal incluiu recentemente o Goldman no grupo de "homens com dinheiro que permitiram... o fiasco da WeWork”.
"Uma das coisas que eu disse publicamente... é que o processo funcionou no caso da WeWork,” disse Solomon na terça-feira.
"Os bancos não estavam avaliando. A forma como o processo de um IPO funciona quando você é um banco é a seguinte: você é convidado por uma empresa, é uma empresa privada, seus números não são públicos, eles lhe dão um modelo. Você diz à empresa: ‘Se você conseguir nos provar que o modelo realmente faz o que isso faz, então é possível que ele possa valer isso no mercado público”.
"No entanto, há um processo de diligência, há um processo de comprovação, em alguns casos há reuniões prévias com investidores, e esse processo mostra a realidade”.
"Eu acho que esse é um ótimo exemplo do funcionamento do processo. Pode não ter sido tão bonito quanto todo mundo gostaria que fosse”.
Ele disse que as empresas privadas também "não são exigidas da mesma forma no que diz respeito à produção de informação ... e isso é um problema”.
Solomon também culpou as baixas taxas de juros pelo deslocamento entre valuations privados e públicos, argumentando que o fato de que "o dinheiro tem sido basicamente gratuito” levou os investidores a "supervalorizar o crescimento e subvalorizar os ganhos futuros que uma empresa pode proporcionar”.
"Creio que vimos uma espécie de reajuste no qual a necessidade de realmente pensar em um caminho rumo à lucratividade está ganhando um foco maior do que tinha 18 meses atrás,” disse Solomon.
O Goldman Sachs disse em outubro do ano passado que o IPO cancelado da WeWork e a queda subsequente do valor da empresa custaram U$80 milhões ao banco.
Os comentários de Solomon foram feitos durante um painel sobre a avaliação de empresas ‘unicórnios’ em Davos. Também estavam presentes Stacey Cunningham, diretor executivo da Bolsa de Valores de Nova Iorque, e William Ford, diretor executivo da empresa de private equity General Atlantic.
As empresas ‘unicórnios’ são empresas de tecnologia privadas com um valor de mais de U$1 bilhão. Chegar ao status de ‘unicórnio’ era visto como uma medalha de honra para as startups, mas 2019 foi um ano desastroso para as que tinham esse status. Empresas que abriram capital, como Uber e Lyft, viram seu valor de mercado despencar.
"Nós perdemos um pouco a mão no ano passado, nos últimos anos,” disse Ford.
A empresa de investimentos japonesa SoftBank era investidora da WeWork e do Uber. A SoftBank captou um fundo de capital de risco de U$100 bilhões em 2017, e investiu agressivamente desde então, fazendo grandes apostas em startups na esperança de impulsionar o crescimento. O estilo de investimento do fundo foi criticado nos últimos meses, com a queda do valuation de diversas empresas.
A SoftBank "buscou o crescimento a todo custo,” disse Ford.
"Uma das coisas que sempre contestamos em algumas das companhias nas quais investimos juntos era que eles estavam empurrando as empresas para uma globalização muito rápida, antes que elas aperfeiçoassem seu modelo de negócios geograficamente, digamos assim”.
"Nós dizíamos: vamos acertar o modelo, vamos acertar o caminho para a lucratividade, vamos fazer as receitas e os custos diretos associados funcionarem, e depois podemos pensar em expansão e crescimento. Em vez disso, a resposta era: ‘Não, vamos para a China agora.’”
Solomon, Cunningham e Ford são apenas alguns dos nomes de destaque de Davos, como é conhecida informalmente a conferência anual do Fórum Econômico Mundial (WEF). Cerca de 3 mil líderes mundiais e empresariais estão na comuna suíça para um evento de uma semana, discutindo as principais questões do dia. No topo da agenda deste ano estão o aquecimento global e o seu impacto no planeta... Leia mais em yahoo 24/01/2020
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