19 janeiro 2020

Caixa prepara mudanças na alta cúpula, de olho em IPOs de seguros e cartões

A Caixa Econômica Federal prepara uma reestruturação na alta cúpula, a primeira na gestão de Pedro Guimarães, escolhido para presidir o banco público no governo de Jair Bolsonaro, apurou o Broadcast com três fontes na condição de anonimato. A dança das cadeiras, que depende da aprovação do Conselho de Administração, tem como objetivo reforçar o time para as aberturas de capital dos negócios de seguros e cartões, esperadas para este ano, e soa como uma avaliação de desempenho dos executivos nomeados para as 12 vice-presidências da instituição.

O anúncio das mexidas é esperado para os próximos dias. Amanhã, dia 20, o Conselho de Administração da Caixa tem um encontro marcado, de acordo com fontes. A expectativa é de que as mudanças na alta cúpula do banco sejam debatidas nesta reunião e que, posteriormente, o anúncio o novo clã do banco público seja feito.

Uma das principais mudanças, apurou o Broadcast, será na Caixa Seguridade, que concentra os negócios de seguros da instituição. Depois de capitanear a negociação das joint ventures com futuros sócios no segmento, o presidente da holding, Marco Barros, deve assumir o comando do Conselho de Administração da companhia. Deixará, assim, o dia a dia e passará a atuar como consultor por conta da experiência que acumulou no cargo. Vindo da Brasilprev, empresa de previdência privada do Banco do Brasil, ele foi trazido para Caixa pelas mãos de Guimarães justamente por ter atuado na reorganização do negócio de seguros do BB.

A ida de Barros para o Conselho teria sido, de acordo com fontes, acertada entre o próprio executivo e o banco após o trabalho de negociação das joint ventures ter sido concluído. Para seu lugar, foi escolhido o até então vice-presidente de atacado da Caixa, Eduardo Dacache. Braço direito de Guimarães, ele foi selecionado após o trabalho que fez na área, que capitaneou a venda de ativos do banco, e é tido como um dos mais qualificados para tocar a oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) de seguros.

A abertura de capital da Caixa Seguridade é a primeira na história do banco público e também no governo Bolsonaro. Portanto, há um esforço pessoal de Pedro Guimarães, que construiu sua carreira em bancos de investimento, para que a operação seja bem-sucedida. A operação é esperada para movimentar R$ 15 bilhões, creditando à Caixa Seguridade um valor de mercado de até R$ 60 bilhões na bolsa. Além do tamanho, a abertura de capital do negócio de seguros servirá de espelho para as demais, que incluem ainda as operações de cartões, lotéricas e gestão de recursos.

Ao menos dois desses IPOs eram esperados para 2019, mas o processo de preparação da Caixa para listar seus ativos atrasou em meio à aprovação junto a órgãos de fiscalização e controle. Agora, o mais provável, conforme fontes, é de que o banco público emplaque a abertura de capital de seguros em abril próximo e a de cartões em junho, sob o risco de ficar para o segundo semestre. Já as outras duas operações devem chegar na bolsa brasileira apenas no ano que vem.

Com a ida de Dacache para a Caixa Seguridade, a vice-presidência de atacado do banco deve ficar vaga. O substituto deve ser escolhido por meio de um processo de seleção com headhunter, de seleção de executivos, em linha com as novas regras de governança adotadas pela atual gestão no intuito de coibir indicações políticas. Dentre os potenciais candidatos, um dos nomes mais comentados é o do atual vice-presidente de habitação da Caixa, Jair Mahl, por conta da sua experiência anterior neste segmento.

Já para tocar o IPO da operação de cartões, o escolhido teria sido o vice-presidente de varejo do banco, Júlio Cesar Volpp Sierra. Nos moldes do movimento feito em seguros, a Caixa está reestruturando sua operação de meios de pagamentos eletrônicos para levá-la à bolsa.

Até lá, contudo, o banco precisa selecionar os parceiros que vão ajudar a Caixa a reforçar a posição em cartões, processo este que conta com o apoio de um assessor financeiro. O banco público já teria selecionado um player para criar uma segunda bandeira de cartões e estaria perto de bater o martelo quanto a um sócio na área de adquirência, segmento que ficou popularmente conhecido como ‘maquininhas’.

O vice-presidente de agente operador (do FGTS) da Caixa, Paulo Henrique Ângelo, também será reconhecido em meio às mudanças no banco, passando a responder pela área de distribuição. Ex-vice-presidente de riscos do banco, Ângelo ficou a frente de uma área que esteve nos holofotes no primeiro ano da gestão de Bolsonaro. Na esteira de um movimento já feito pelo ex-presidente Michel Temer, o governo estabeleceu novas regras para o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) com a ampliação do limite de saque e ainda da modalidade saque-aniversário, que entrou em vigor neste ano.

Além disso, a gestão dos recursos FGTS, nas mãos da Caixa, também teve destaque. Para manter seu monopólio, o banco publicou aceitou cortar a taxa que cobra pela metade, de 1% para 0,5%. Com a redução, conforme cálculos do governo, a perda do banco público ficou em torno de R$ 2,5 bilhões por ano, que deve ser compensada com o corte de custos que a gestão atual tem feito e ainda o pagamento dos chamados instrumentos híbridos de capital e dívida (IHCD), emitidos durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff para apoiar a política de crédito adotada na época.

O atual vice-presidente de distribuição da Caixa, Válter Gonçalves Nunes, por sua vez, deve assumir um lugar em uma empresa do conglomerado Caixa. As mudanças na Caixa não devem se restringir às vice-presidências, apurou o Broadcast. Também estão previstas, conforme fontes, alterações nas diretorias do banco e em suas respectivas subsidiárias como, por exemplo, áreas de cartões e seguros, que serão listadas na bolsa neste ano... Leia mais em estadao 19/01/2020


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19 janeiro 2020



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