Com a reforma da Previdência avançando ao plenário da Câmara, os investidores buscam alternativas com maior possibilidade de ganho no longo prazo, de olho na continuidade da agenda de crescimento do governo.
Aprovada a alteração das regras de aposentadoria, o mercado espera que o governo dê sequência à agenda microeconômica, como as privatizações, para dar sustentabilidade ao crescimento brasileiro - uma aposta que coloca bancos, estatais, varejistas e construtoras em evidência.
Gestores ouvidos pelo Valor continuam de olho nesses papéis, mas seguem atentos à evolução dos cenários, especialmente de atividade. Os indicadores vêm reagindo a contragosto e alguns desses ativos vão andar mais rápido do que outros. Mesmo assim, os gestores já começam a olhar para 2020 e continuam enxergando potencial de crescimento de lucros e de alta do preço desse grupo de ações.
É verdade que há demora na recuperação da atividade e que a reforma da Previdência não vai surtir efeito econômico imediato. Mesmo assim, a renovação recente do otimismo ainda vem garantindo ganhos a bancos e varejistas. O Índice de Consumo, o Icon, que reúne companhias do consumo cíclico, não cíclico e de saúde, sobe 27,9% no ano até agora, enquanto o Índice Financeiro, com seguradoras e bancos, ganha 23,8% em 2019. As duas valorizações superam o Ibovespa, que sobe 18,4% no ano.
No caso dos bancos, a expectativa favorável vem de várias frentes. Como ações de grande liquidez e participação na bolsa, instituições como Bradesco, Itaú Unibanco e Banco do Brasil ainda contam com importante perspectiva de rentabilidade, já que concentram o primeiro fluxo para a renda varável, seja de investidores locais, seja dos estrangeiros. O mercado já trabalha com um corte de juros pelo Fed (BC americano), o que traria parte do fluxo externo, ainda represado, para países com boas histórias, caso do Brasil.
"Gostamos principalmente do investimento em empresas de grande porte no Brasil, sobretudo energia e no setor financeiro, já que acreditamos que elas receberão o capital estrangeiro que poderá ganhar força na migração global", afirma relatório recente do J.P. Morgan.
No entanto, mesmo que o investidor estrangeiro demore para vir, o fluxo local à bolsa deve continuar e dar fôlego à alta dessas ações, com as perspectivas para o juro básico, aquecimento do crédito e propulsão da confiança. André Gordon, gestor da GTI Investimentos, detém, por exemplo, exposição em Itaúsa e afirma que se trata de uma empresa com investimentos em tecnologia e "preparada para o novo ambiente competitivo". "Não estou pessimista com bancos", diz.
Além das instituições financeiras, estatais como Petrobras, Banco do Brasil, Eletrobras e Cemig entram no rol de companhias com potencial na bolsa.
Como são grandes, elas tendem a já receber o fluxo do investidor interessado em se expor ao Brasil, e uma agenda de privatização estimula ainda mais esse fluxo.
"Com a desestatização na agenda, nossas maiores exposições estão em empresas como Petrobras, Banco do Brasil e Cemig. Um aumento do fluxo geralmente acaba se concentrando em 'blue chips', maiores e mais líquidas, mas sempre tentamos filtrar as ações que podem gerar 'alfa' [maior retorno] em relação ao Ibovespa", diz Renato Ometto, sócio da Mauá Capital.
Com a nova Previdência, a perspectiva de juro básico baixo por um intervalo de tempo mais longo também tende a ajudar na precificação das ações, porque altera a taxa de desconto usada no cálculo do "valor justo" dos papéis. Nesse grupo, analistas mantêm foco em companhias com fluxo de caixa longo, como shopping centers, construtoras, concessionárias e também empresas de energia, entre elas Cemig, Multiplan, Iguatemi, CCR, Rumo, MRV e Cyrela.
Um pesquisa feita pela Trafalgar Investimentos comparou o desempenho de ações do Ibovespa em outros momentos de juro baixo e constatou que os papéis com melhor desempenho foram aqueles ligados ao setor imobiliário, como as construtoras, além de companhias de saneamento, energia e gás.
"São papéis que se apreciam diante desse cenário porque são de empresas com negócios muito mais previsíveis", diz Roberto Chagas, diretor-executivo da gestora.
Até agora, de fato essas empresas também entregaram uma rentabilidade robusta ao investidor. O índice imobiliário da B3, o Imob, que reúne ações ligadas à exploração de imóveis e construção civil, sobe 29,5% no ano, também acima do Ibovespa. O mesmo ocorre com o Índice de Energia Elétrica, o IEE, que ganha 32,3% no intervalo, enquanto o Índice de Utilidade Pública, que reúne energia elétrica, água e saneamento e gás, avança 33,8%.
O chefe de Equity Research para Brasil do Itaú BBA, Marcos Assumpção, afirma que, com o cenário positivo de custo e lucro, o "valuation" (avaliação de preço) das empresas melhora, o que gera reflexo positivo sobre o Ibovespa. No entanto, o varejo é o que mais vai depender, daqui para frente, da reação da atividade para continuar caminhando. Isso porque essas empresas dependem muito mais do crescimento da renda real, da redução do desemprego e da confiança do consumidor. "Uma vez que isso seja estabelecido, aí sim o setor será beneficiado na bolsa", diz.
O crescimento do fluxo comprador para a renda variável também deve vir a partir de novas emissões de ações, sejam ofertas iniciais (IPO) ou subsequentes (follow-on), que passam por um momento bastante aquecido.
"É importante frisar que estamos no melhor momento de mercado de emissões de uma década e o Ibovespa está em máximas históricas, ou seja, o investidor está absorvendo as novas ações e também as que já estão listadas", afirma Eduardo de La Peña, chefe da área de mercado de capitais do Credit Suisse.
Na avaliação de Daniel Utsch, gestor de renda variável da Fator Administração de Recursos, apesar de todo o otimismo, somente a combinação de juros mais baixos e melhora da economia é que irá garantir melhores condições para os papéis mais ligados ao ciclo doméstico, a exemplo de Lojas Americanas, B2W Digital, Magazine Luiza, CVC Brasil e Via Varejo. "Elas dependem da ativação do crédito para avançarem, não apenas de juros mais baixos, mas da economia andar bem como um todo", diz. Jornalista: Juliana Machado e Ana Carolina Neira Fonte:Valor Econômico
Jornalista:Juliana Machado e Ana Carolina Neira .. Leia mais em portal.newsnte 08/07/2019
08 julho 2019
Bolsa mira agenda pós-reforma
segunda-feira, julho 08, 2019
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Ruy Moura
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