05 maio 2017

Brasil é destaque na estratégia mundial da Brookfield

Alvo de investimentos bilionários pela canadense Brookfield, o Brasil foi um dos principais assuntos na divulgação dos resultados do primeiro trimestre do braço global de infraestrutura do grupo. A Brookfield Infrastructure Partners como é chamada a unidade divulgou ontem o balanço e realizou teleconferência com o mercado. O presidente, Sam Pollock, avaliou que a janela de oportunidade de retornos "realmente altos" no país parece estar se fechando "bem rapidamente".

Pollock, presidente, diz que disputa por oportunidades no país está mais acirrada

Para ilustrar seu ponto, Pollock citou os dois últimos leilões de transmissão que a Brookfield acompanhou. Em outubro do ano passado, conta, a empresa era uma entre duas ou três disputando um lote de linha. No certame mais recente, dia 24 de abril, a disputa foi acirrada na maioria dos lotes. O custo do capital para os participantes caiu muito, explicou. Também admitiu que as aquisições
mais recentes da empresa foram feitas a preços que, hoje, já seriam difíceis de conseguir.

Ainda assim, o Programa de Parcerias em Investimentos (PPI) do governo federal no país foi citado pela empresa em carta enviada aos acionistas como uma das oportunidades de crescimento em infraestrutura ao redor do mundo. Além disso, a Brookfield Infrastructure informou aos acionistas que o governo brasileiro prepara uma legislação para facilitar pequenos projetos de infraestrutura para auxiliar Estados e cidades em situação financeira complicada que tenham estourado seus orçamentos para infraestrutura.

Uma das preocupações manifestadas por analistas na conversa diz respeito justamente às condições do mercado de capitais brasileiro e a necessidade de alavancar o projeto de gás no país, após a aquisição da Nova Transportadora do Sudeste (NTS). A avaliação de Pollock, no entanto, é de que houve uma mudança significativa na perspectiva dos juros no Brasil. "Há menos de um ano, o CDI estaria acima dos 14%", disse, destacando que, agora, os juros já estão na casa dos 11%, com expectativa de chegar a perto de 9% ao fim do ano. Para 2018, "esperamos que esteja ainda menor".

Trata-se de um projeto com forte gerador de caixa, para o qual deve ser fácil obter financiamento, avaliou o executivo. Para encontrar o melhor momento para a contratação de dívidas, a Brookfield ainda vai monitorar as notas de crédito do Brasil e da Petrobras, segundo Pollock.

O executivo ainda falou das importantes sinergias que motivaram a decisão de disputar o trecho Rodovias dos Calçados, leiloado no fim do mês passado pelo governo do Estado de São Paulo. Esse investimento foi feito por meio da Arteris, concessionária controlada junto com o grupo espanhol Abertis. O retorno do projeto, segundo Pollock, ficará dentro do alvo normal da Brookfield, de 12% a 15%.

O entendimento do grupo é de que o mercado privado do setor continua a crescer e que há "liquidez e demanda substanciais para se investir tanto em capital como em dívida", conforme avaliação feita na carta.

A expectativa é um crescimento da entrada de recursos no setor, uma vez que as taxas de juros no mundo permanecem baixas e "os investidores institucionais precisam investir em ativos de alta qualidade e longo prazo que gerem rendimentos atraentes". Além disso, a Brookfield Infrastructure destaca que há muitos investidores na Ásia que acabaram de chegar ao segmento.

Para alocar esses potenciais recursos, a avaliação é de que o que se está vivendo agora é um esforço significativo de governos no mundo todo para criar projetos para atrair capital. "Na verdade, a maior história para o setor de infraestrutura nos próximos anos pode ser a quantidade de novos projetos que governos finalmente levam para o mercado privado.

A Brookfield Infrastructure registrou queda de 79% no lucro líquido total no primeiro trimestre deste ano, para US$ 16 milhões. De acordo com o relatório divulgado ontem, o resultado líquido cresceu em todos os segmentos de operação na comparação com 2016, mas foi impactado por movimentos "não-- caixa" de hedge cambial. A receita somou US$ 656 milhões, crescimento de 45%. Por Victória Mantoan Fonte: Valor Econômico Leia mais em sinicon  05/05/2017



05 maio 2017



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