21 maio 2017

Com crise política, IPOs e captações ficam em suspenso no mercado financeiro

Incertezas dificultarão concretização de projeções otimistas

A crise política colocou em compasso de espera os negócios no mercado de capitais. Nesse tipo de operação, as empresas emitem ações ou títulos de dívida (debêntures e bonds) para ter dinheiro e investir em seus projetos ou comprar concorrentes. Mas, como a delação da JBS aumentou a incerteza em relação à retomada econômica, quem estava se preparando para fazer captações resolver esperar.

"Ficou todo mundo perplexo com o que aconteceu. Foi algo grave e ninguém sabe se os efeitos vão persistir a curto, médio e longo prazos. Quem estudava alguma operação está colocando em compasso de espera", diz Jorge Simão, diretor do banco de investimento Haitong.

A postergação de algumas operações pode fazer com que o ano seja menos promissor no mercado de capitais do que o previsto. No caso da oferta de ações, a B3 (antiga Bovespa) calculava ao menos R$ 25 bilhões no ano (R$ 11,4 bilhões já foram emitidos até abril). O número poderia ser ainda maior se a Reforma da Previdência fosse aprovada ainda no primeiro semestre. Em uma operação dessas, a maior parte do dinheiro costuma ir para o caixa das empresas, que utilizam os recursos para aquisições ou para ampliação dos negócios. No entanto, bancos de investimento consultados afirmaram que essas ofertas só irão para a rua quando o cenário voltar a ficar mais claro. Essa postergação deve empurrar algumas operações para o ano que vem.

Operações ficaram mais caras
Na renda fixa, o efeito foi parecido. Fabrizio Sasdelli, sócio da área de Mercados Financeiro e de Capitais do Lobo & de Rizzo Advogados, afirmou que as empresas preferem esperar porque algumas operações, se ocorrerem agora, vão ficar mais caras. Isso porque, até quarta-feira à noite, esperava-se uma taxa básica de juros em torno de 8% até o fim do ano. Com a crise política, os economistas passaram a esperar uma magnitude menor na redução da Taxa Selic (atualmente em 11,25% ao ano), o que afeta a remuneração que as empresas vão pagar aos investidores.

"As operações agora vão sair mais caras, então é melhor esperar. Não significa que essas operações vão ser canceladas, mas há um custo adicional pela incerteza de cenário, então todo mundo vai esperar para ver que dimensão essa crise vai tomar", explica, citando que as empresas ligadas às concessões públicas eram as mais ativas nesse mercado.

Em 2017, até abril, já foram feitas R$ 20,5 bilhões em operações de renda fixa, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Um pouco mais de um quarto desse dinheiro teve como destinação os investimentos em expansão ou aquisições e uma fatia de 17% foi destinada para capital de giro (se a economia está em crescimento, as empresas precisam de mais dinheiro para as necessidades do dia a dia). O restante foi usado para rolagem de dívida, ou seja, as empresas trocaram dívidas mais caras por mais baratas ou alongaram os vencimentos.POR AGÊNCIA O GLOBO Leia mais em epocanegocios 21/05/2017

21 maio 2017



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