17 maio 2017

Cemig põe ativos à venda para reduzir endividamento

Com dívida de R$ 13 bi, empresa vai se desfazer dos negócios que estão fora da geração, distribuição e transmissão. Aneel confirma leilão de quatro concessões em Minas Gerais

Linhas de transmissão na Grande BH: Cemig tem participações em 261 empresas e admite, inclusive, vender a Gasmig e a Cemig Telecom

A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) anunciou nessa terça-feira (16) a pretensão de vender todas as empresas e participações acionárias que não fazem parte de seu negócio principal, a produção, distribuição e transmissão de energia elétrica. A intenção é usar os recursos obtidos com a alienação dos ativos para pagar a dívida da empresa, calculada hoje em R$ 13 bilhões.

A informação foi dada pelo diretor de Finanças e Relações com o Mercado da concessionária, Adézio de Almeida Lima, durante a divulgação dos resultados da Cemig no primeiro trimestre do ano. A empresa registrou lucro liquido de R$ 343 milhões, valor quase 70 vezes superior ao apurado no mesmo período do ano passado. De acordo com Adézio, o foco, agora, é amortizar os débitos.

“Nos últimos anos houve uma alavancagem muito grande da dívida no mercado, que tem colocado em risco as atividades da empresa pelo seu volume, principalmente porque ela está muito atrelada aa curto prazo”, disse. Para solucionar o problema, ele diz que a empresa atua em dois eixos. Além da venda dos ativos, pretende fazer captações de empréstimos no exterior vendendo títulos, operação que não é feita há 22 anos, e negociar o alongamento das dívidas.

“Todas as participações acionárias da Cemig que não fazem parte do nosso negócio ou aquela participação acionária irrelevante ou menor para o grupo Cemig estão à venda”, afirmou. Caso seja necessário serão vendidas a  Gasmig, braço da Cemig para a distribuição de gás, e a Cemig Telecom, que atua na área de telecomunicação”. Ao todo, segundo Adézio, a companhia tem participação em 261 empresas.

Segundo o diretor de finanças da concessionária mineira, as dívidas foram acumuladas pelos governo anteriores que, entre os anos de 2010 e 2014, distribuíram dividendos em excesso. “Foram R$ 14 bilhões de um lucro que a Cemig não gerou, não tinha essas reservas que foram distribuídas, com isso teve que ir ao mercado pegar empréstimos para dividir lucro”. Outro problema que contribuiu para o aumento do endividamento foram investimentos que não trouxeram o lucro desejado. Entre eles, ele citou a Renova Energia.

No dia 15, a Cemig confirmou em comunicado que sua coligada, a Renova Energia S.A., está em negociação para assinar o contrato de compra e venda das ações que a companhia detém na empresa norte-americana TerraForm Global para a Brookfield Asset Management. Outras duas ações da empresa têm sido o combate à ligações irregulares e clandestinas nos 774 municípios onde atua e a negociação dos débitos dos clientes.

A Cemig é hoje a maior empresa integrada de energia elétrica do país e o maior grupo distribuidor, responsável pela operação de mais de 530 mil quilômetros de linhas de distribuição. É ainda o maior grupo transmissor e o terceiro maior grupo gerador.

O lucro da empresa foi atribuído, principalmente, à venda de energia na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), que mostrou crescimento significativo, ao evoluir de R$ 2,6 milhões no primeiro trimestre de 2016 para R$ 226,6 milhões de janeiro a março último. O balanço trimestral indicou, ainda, redução de R$ 73 milhões na despesa financeira referente à variação monetária de empréstimos e financiamentos devido ao recuo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O indicador teve queda de 2,62% de janeiro a março do ano passado para 0,96% em idênticos meses deste ano.  Em relação ao gasto com pessoal, a Cemig obteve economia de 7,78%, de R$ 381 milhões.

PREGÃO DE USINAS A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) confirmou nessa terça-feira (16) que pretende realizar em setembro o leilão de quatro hidrelétricas sob concessão da Cemig  que tiveram seus contratos de concessão vencidos e que não foram renovados. O diretor-geral da Aneel, Romeu Rufino, disse que a expectativa do governo é arrecadar ao menos R$ 10,1 bilhões com a outorga das usinas Jaguara, Miranda, São Simão e Volta Grande.

Cerca de R$ 1 bilhão deverá ser repassado à Cemig, em razão de investimentos que a estatal fez nas hidrelétricas e que não estarão completamente amortizados até o momento em que um novo concessionário assumir as geradoras. A própria Cemig, inclusive, poderá disputar as hidrelétricas.
Desde 2012, a empresa mineira trava disputa judicial pelas usinas, sob a alegação de que teria direito à renovação de seus contratos de concessão. Por causa disso, a empresa não aderiu ao programa de renovação antecipada da concessão viabilizado pela Medida Provisória 579, depois convertida em lei. A Cemig vai prosseguir temporariamente à frente das operações das usinas até que elas sejam leiloadas. Alessandra Mello Leia mais em em 17/05/2017

17 maio 2017



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