Startup de crédito foi avaliada em US$ 1,75 bilhão em rodada liderada pelo LGT Lightstone e seguida por Softbank e Kaszek. Os recursos serão usados na expansão dos serviços e em fusões e aquisições. Sergio Furio, fundador da Creditas, explica a estratégia
No apagar das luzes de 2020, a Creditas se tornou o 11º unicórnio brasileiro, como são chamadas as startups avaliadas em mais de US$ 1 bilhão.
A companhia fundada pelo espanhol Sergio Furio acaba de levantar US$ 255 milhões em uma rodada série E, liderada pelo fundo de impacto LGT Lightstone, que a avaliou em US$ 1,75 bilhão, uma valorização de 133% em comparação ao último aporte liderado pelo Softbank, em julho de 2019,
Desde 2012, a Creditas já levantou US$ 570 milhões de fundos como Softbank, Kaszek Ventures, VEF e Amadeus Capital, que participaram também desta nova capitalização da startup.
Nesse novo aporte entraram na base de acionistas, além da LGT Lightstone, a Tarsadia Capital, a Wellington Management, a e.ventures e a Advent International via sua afiliada Sunley House Capital.
“Foi a rodada mais rápida que conseguimos fazer”, disse Furio, em entrevista ao NeoFeed. “Estamos trabalhando desde setembro e montamos um sindicato bem interessante de investidores.”
Os recursos vão ser usados para acelerar o crescimento da Creditas, lançar novos produtos, investir na operação do México e fazer aquisições – algumas estão engatilhadas e devem ser anunciadas em breve. “Temos mais do que dobrado de tamanho a cada ano”, afirma Furio.
Pela primeira vez, a Creditas está divulgando seus resultados em conjunto com o aporte. Nos nove primeiros meses de 2020, a startup atingiu um portfólio de crédito superior a R$ 1 bilhão, emprestou R$ 591,2 milhões e obteve uma receita de R$ 232,1 milhões, um crescimento de 107%, na comparação com o mesmo período do ano passado.
A margem de contribuição, que é o resultado descontado a rentabilidade dos investidores de renda fixa, o custo operacional e as provisões de perda de crédito, foi positiva em R$ 124,2 milhões, uma alta de 113,4% na comparação com os três primeiros trimestres de 2019.
O resultado operacional, no entanto, é negativo em R$ 129,4 milhões, praticamente o mesmo desempenho dos nove primeiros meses de 2019, quando as perdas somaram R$ 133,1 milhões.
Como ler esses números? As perdas são impactadas ainda por investimentos pesados em tecnologia e no custo de aquisição de clientes. A perspectiva de Furio é que, à medida que a companhia for ganhando escala, os recursos destinados a essas duas áreas se reduzam. “Estamos investindo no crescimento futuro da empresa”, diz o fundador da Creditas.
É uma estratégia semelhante a da maioria das startups do Vale do Silício, que passam anos deficitárias na perspectiva de conquistar clientes, dominar o mercado e, só depois, ser lucrativa.
A Creditas também tem outro indicador que dá pistas sobre o seu desempenho. A margem de contribuição dividida pela receita está em 53,5%. Isso significa que para cada R$ 1 emprestado pela startup, R$ 0,535 entram em seu caixa. “O nosso unit economic é saudável”, afirma Furio.
Com o aporte, Furio diz que vai investir parte dos recursos em seus três pilares: casa, carro e salário
Com o aporte, Furio diz que vai investir parte dos recursos em seus três pilares: casa, carro e salário. Desde que foi fundada, em 2012, a Creditas foi diversificando a sua oferta de crédito aos consumidores.
A startup surgiu como um marketplace de crédito. Depois evoluiu para uma plataforma, lançando seus próprios produtos de concessão de empréstimos com garantias, um nicho pouco explorado no País. Primeiro, com o crédito lastreado em imóveis. Depois, em carros, e, mais recentemente, em salários. Agora, a Creditas se define como um ecossistema de soluções.
No meio dessa jornada, a Creditas entrou em diversos outros mercados, como o de crédito consignado privado, antecipação de salário, cartão de benefícios e até previdência privada. Até uma loja própria foi criada para vender uma série de produtos para funcionários de empresas conveniadas, como smartphones e equipamentos eletroeletrônicos.
Esse ecossistema será reforçado com aquisições de empresas. A entrada no mercado de crédito consignado privado ilustra essa estratégia. Em agosto de 2019, a Creditas comprou a Creditoo, que contava com uma base de cerca de mil empresas conveniadas, que totalizavam mais de 100 mil funcionários para estrear nessa área. “É uma aceleração de lançamento de produtos”, afirma Furio, que é um investidor-anjo em diversas startups – inclusive da Creditoo antes da transação.
No caso da internacionalização, Furio diz que o plano é focar no México, onde começou a operar em dezembro de 2019. Atualmente, a Creditas atua com cinco produtos lá. “A operação está crescendo o dobro da velocidade do Brasil”, afirma o empreendedor. Em sua expectativa, em dois anos, o México deve ser do mesmo tamanho do Brasil em 2020 – a receita deve superar os R$ 300 milhões neste ano.
Unicórnio
Com o aporte, a Creditas se torna o 11º unicórnio brasileiro. Antes dela, atingiram essa avaliação bilionária 99, Nubank, iFood, Gympass, Loggi, QuintoAndar, Ebanx, Wildlife, Loft e VTEX, segundo o Distrito, ecossistema independente de startups.
O Distrito não considera unicórnio o PagSeguro, a Arco Educação e a Stone. Nesse caso, ele prefere a denominação IPOgrifos, para se referir as companhias de capital aberto que valem mais de US$ 1 bilhão
Em 2020, a Creditas é a terceira empresa a se tornar unicórnio no Brasil. Neste ano, Loft e VTEX atingiram essa avaliação. Questionado sobre o que isso significa para a Creditas, Furio responde de bate-pronto. “Nada”. Mas na sequência vêm uma explicação. “Não gosto do termo pela conotação. Tem muito oba-oba. Amanhã, vou acordar e fazer o mesmo: não sou mais rico, nem mais pobre do que antes.”.. Leia mais em NeoFeed 18/12/2020
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