Estudo mostra que, enquanto segmentos como ensino a distância podem se beneficiar da crise, eventos e turismo devem sofrer no longo prazo
Em um cenário em que ainda não está claro quando será o melhor momento para a retomada do contato social – e de atividades paralisadas em meio ao combate ao novo coronavírus –, estudo da Bain & Company mostra que a recuperação entre diferentes setores estará longe de ser uniforme. Com a pandemia, as prioridades da população mudaram, colocando pesados desafios para as companhias de bens de consumo. Compras de “pânico”, como desinfetantes, máscaras, refeições prontas e medicamentos, ganharam espaço, enquanto laticínios, bebidas alcoólicas e produtos de luxo tiveram recuo.
Nas últimas semanas, a demanda por atividades como comida fora de casa, passagens aéreas, turismo e eventos praticamente se extinguiu. Em um cenário em que o medo deve predominar, a tendência é que segmentos que dependam de concentração de pessoas enfrentem desafios de longo prazo, enquanto atividades virtuais poderão preservar parte do “boom” que registraram na crise.
Fábio (E), Luciana e Miguel mudaram as prioridades de consumo na crise Foto: Felipe Rau/Estadão
Os restaurantes hoje só operam com delivery e, no Brasil, as companhias aéreas reduziram o tráfego em cerca de 90%. No sentido contrário, ferramentas de trabalho e ensino a distância viram a demanda explodir. A ferramenta de videoconferência Zoom, por exemplo, viu sua média de usuários subir 340% desde o início do isolamento.
Para Luciana Batista, sócia da Bain & Company, esses dois grupos se posicionam em polos opostos. Enquanto as ferramentas online – grupo que também inclui cursos e streaming de vídeo e games – ganharam força e devem se fortalecer no médio e longo prazos, atividades que dependem da reunião de pessoas – grupo que também inclui restaurantes, eventos e turismo – vão demorar mais para ganhar fôlego. Quanto maior a necessidade de aglomerações, provavelmente mais difícil a recuperação. “Para essas atividades vai ser difícil voltar ao antigo normal.”
Um longo caminho
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Ruy Moura
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