24 fevereiro 2020

O desafio do mercado financeiro em investir numa startup

O início da minha pilotagem de carreira – que começou em marketing, branding e inteligência de mercado e agora se aproxima do mercado financeiro – começa num evento da Associação Brasileira de Venture Capital e Private Equity (ABVCAP).

Fui como colunista de algumas das principais publicações de publicidade e marketing do país, além de ocasionalmente escrever num segmentado portal de finanças. O interesse era a pauta sobre investimentos em startups que teria alguns dos principais representantes das aceleradoras a instituições públicas do país.

Aí temos a cena: dois líderes de famílly offices – escritórios dedicados a gestão de fortunas, com bilhões de reais sob gestão – trocam experiencias sobre startups, se mostrando preocupados sobre o tema:

– “Meus clientes me perguntam direto disso, mas nem sei por onde e como começar” – disse um deles.

– “Te entendo. Meu principal cliente assinou um cheque de R$ 300 mil para o namorado da filha que estava ainda na faculdade. Quase tive um trecho.” Disse outro.

Entre esta conversa e o momento que escrevo este texto se passaram quase dois anos, e o cenário melhorou bastante. O Brasil se tornou um polo de desenvolvimento de startups, com unicórnio em série. A leva de 2019 é um presságio de que ótimas histórias em 2020 estão a caminho, principalmente quando o Venture Capital começa a tornar forma e trazer recursos para boas ideias.

O problema: muito investidor institucional ainda não tem sequer ideia de como começar a investir numa startup, como construir relacionamento, quanto tempo x retornos, riscos e medidas pra atenuar  desenvolvimento de um portfólio de sucesso.

Neste sentido existem algumas rotas, como investir diretamente em fundos – seja aportando nos melhores gestores, ou desenvolvendo seu próprio fundo com estratégia, no mercado interno ou externo (o BTG Pactual tem um excelente trabalho neste sentido) – seguir a estratégia anexa de um fundo a cada chamada para aporte num projeto (modelo mais raro, mas presente em grandes casas como Spectra, Redpoint e Monashees, por exemplo).

Ou procurar por serviços de Venture Partners – modelo ainda incipiente no país, mas que deve se desenvolver em breve. Trata-se de empresas, como a Faraday Ventures, de Madri mas com braços em Lisboa, Alemanha, Itália e Leste Europeu – que já fazem o trabalho de mapear as startups com base numa tese e oferecem a oportunidade de aportar tanto diretamente no projeto, com ela ficando responsável pelos controles e intercâmbio de informações e experiências, bem como networking e oportunidades entre investidos e investidores.

Não à toa é um modelo que estamos nos aliando para ser uma primeira porta para grandes investidores, com segurança e valores baixos (o Target para Venture Partners geralmente são empresas em estágio Seed, com um ano de faturamento e avaliando o Fit entre produto e mercado), potencial bom de multiplicação de valor e oportunidade de liquidez entre 3 e 5 anos, onde o espectro de saídas é mais amplo e pode incluir a venda para outra startup, empresa ou fundo de investimento de maior porte.

O que não se pode é negligenciar a oportunidade vigente.

Um bom fundo ou estratégia no segmento de Venture Capital dá retorno médio de 20%/ano ao redor do mundo. E o Brasil tem um GAP histórico em inovação que, somado ao imenso mercado consumidor torna o ecossistema perfeito para proliferação de bons projetos.

Você ser gestor e abrir mão deste nicho, que deve alocar 3-10% de uma grande fortuna, ainda que seja um investimento de baixa liquidez, é dar de ombros a oportunidades que podem catapultar o patrimônio de um bom cliente, onde a própria rede e negócio dele pode ser a alavanca para tal resultado.

Num Brasil com juros civilizados e em franca trajetória de crescimento agora, a resposta dos dois gestores nunca esteve tão fácil de ser respondida... Por João Gabriel Chebante - fundador da Sucellos... Leia mais em startupi 24/02/2020


24 fevereiro 2020



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