As construtechs, ou startups de construção civil, estão começando a mudar os canteiros de obras. Entre as inovações trazidas por essas empresas estão drones que supervisionam equipes, aplicativos para gerenciar projetos e sistemas modulares que reduzem o desperdício.
Em 2018, 16% das startups brasileiras do segmento imobiliário atuavam na construção -56 das 354 empresas, segundo o Mapa das Construtechs e Proptechs, assinado pela Construtech Ventures.
Para especialistas, o número ainda é baixo porque o setor demora a investir no novo.
"Precisamos que a tecnologia nos ajude a ter dados precisos desde o início de um empreendimento", diz Guilherme Sawaya, diretor de transformação digital da Cyrela.
Um levantamento da FGV (Fundação Getulio Vargas) revelou que só 9,2% das empresas brasileiras usam o BIM (modelagem de informação da construção, na sigla em inglês).
Bastante difundida no Reino Unido, Noruega e Dinamarca, a modelagem possibilita planejar de ponta a ponta uma edificação e corrigir erros antes que eles aconteçam.
"Não adianta continuar empilhando blocos e querer que o resultado seja diferente", diz Diego Mendes, analista de sistemas e engenheiro civil. Em sociedade com Leandro Mascarenhas, ele fundou a Construcode, plataforma que organiza projetos de uma obra em etiquetas de QR Code, eliminando o papel do canteiro.
Em cada andar de um prédio em execução há plaquinhas de diferentes cores com o código, uma para o sistema de ar condicionado, outra para os pontos de luz, outra para a hidráulica etc. "Basta aproximar o celular e escanear o código para abrir o projeto", diz o empreendedor.
Quando o projetista altera uma planta no sistema, ela é atualizada para todos os envolvidos. Isso evita que os profissionais em campo se baseiem em um projeto inválido e ainda economiza papel.
Desde 2013, a Construcode já atendeu 513 obras. Hoje, são 80 clientes, entre eles Andrade Gutierrez e Método.
Ao oferecer uma ferramenta que ajuda a prevenir falhas de execução, a Construcode atua sobre um dos principais problemas enfrentados por quem constrói no Brasil. Foi o que identificou um levantamento do EnRedes, núcleo de inovação, qualidade e sustentabilidade do Centro de Tecnologia de Edificações (CTE).
"Queríamos entender quais dores de construtoras as startups poderiam tentar solucionar", diz o engenheiro civil Roberto de Souza, presidente do CTE e idealizador do EnRedes.
"Cruzamos as respostas de incorporadoras com os perfis de 350 construtechs brasileiras, além de outras 250 do Vale do Silício", afirma Souza. O núcleo ajuda a conectar startups com grandes companhias.
Outro gargalo do setor é a gestão da obra. "O responsável por vistoriar os serviços pode não ver alguma coisa, porque não está lá o tempo todo", afirma Danielle Ávila, coordenadora do EnRedes.
Prevenir esse risco é a função da Maply, plataforma que faz uso de imagens captadas por drones para gerar modelos 3D. "A definição e a precisão são tão grandes que é possível visualizar o diâmetro de uma tubulação", diz o engenheiro Alexandre Miranda, cofundador da startup.
Miranda e seus sócios pensaram em um aplicativo que automatiza o sobrevoo do drone, dispensando a necessidade de um profissional para operá-la. "Cabe à construtora disponibilizar um drone para a obra. Aí, é só alguém clicar num botão e ele faz o mapeamento sozinho", diz.
De acordo com ele, a tecnologia propicia uma redução de até 80% no tempo de coleta de informações.
Desde 2018, a Maply já mapeou quase 100 mil hectares de serviços de drenagem, infraestrutura elétrica, terraplanagem, linhas de transmissão de energia etc.
No segmento imobiliário, a startup colaborou com a MRV em 12 empreendimentos.
"Foi possível visualizar um mapa 2D do terreno e comparar voos realizados em vários momentos para acompanhar as obras", diz Túlio Pereira Barbosa, que é diretor de produção da MRV.
A Maply ainda não monitora as áreas internas, mas isso deve mudar, segundo Miranda.
Caminhando a passos mais lentos está a Neogyp, que aposta em um sistema de construção com blocos de gesso. O método agiliza a construção, gera menos resíduos e diminui o consumo de cimento, ferro e areia.
Segundo o sócio da startup tocantinense Franknei Santos de Souza, o bloco da Neogyp é ultrarresistente, não absorve água e aguenta a tração. "É destinado à alvenaria estrutural, para construir prédios de até oito pavimentos", afirma.
O empreendedor explica que a matéria-prima pode vir de três fontes: de minas de gesso, da reciclagem de materiais e do aproveitamento de gesso químico que resulta da fabricação de fertilizantes.
Mas, apesar de ter recebido algumas premiações - como a da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial -, o produto ainda não foi homologado. "É um material inovador, que não tem referências de durabilidade", diz o empreendedor, que continua empenhado no processo de certificação. Folha de São Paulo, Cristiane Teixeira,.. Leia mais em Ademi 08/12/2019
09 dezembro 2019
Startups levam inovação aos canteiros de obras
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segunda-feira, dezembro 09, 2019
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Ruy Moura
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