07 dezembro 2019

Bradesco eleva projeções de crescimento para 1,2% em 2019 e 2,5% em 2020

Banco continua apostar em dois cortes nos juros, para 4,45%, apesar de esperar um nível de câmbio mais depreciado

O Bradesco elevou sua projeção para o crescimento da economia brasileira de 0,9% para 1,2% em 2019, informou o economista-chefe, Fernando Honorato, em evento de apresentação de projeções do banco a jornalistas na manhã desta sexta-feira em São Paulo.

A perspectiva também melhorou para o PIB de 2020, de 2,2% para 2,5%. Segundo Honorato, os principais motores do crescimento serão o crédito e o emprego.

Fitch eleva projeções para o crescimento em 2019 e 2020

A taxa de juros mais baixa deve ajudar a confirmar esse cenário de aceleração da atividade. O banco manteve inalteradas as perspectivas da Selic, de 4,5%, para dezembro e 4,25% em 2020. Isso apesar da percepção de um câmbio mais depreciado e da revisão para cima para o índice de preços neste ano.

Nos cálculos do banco, o câmbio deve ficar em R$ 4,15 neste ano e R$ 4,00 ao final de 2020. Anteriormente, as projeções apontavam para R$ 4,00 e R$ 3,80. Já a expectativa para o IPCA, inflação oficial, subiu de 3,2% para 3,6% em 2019 e permaneceu estável em 3,6% no próximo ano.

Segundo Honorato, embora os preços vivam um cenário de “tempestade perfeita” no fim deste ano, em meio a reajuste de loterias, mudança de bandeira tarifária para energia e alta dos preços de proteínas causado pela China, estes se configurariam apenas como um “choque” de curto prazo que já ocorreria em 2020.

Honorato afirmou ainda que o choque da peste suína nos preços dos alimentos, e sobretudo das carnes, no Brasil é relevante, mas não significa uma mudança de tendência da inflação. “É um choque super relevante, tem impacto na inflação neste ano, mas não é uma mudança de tendência.”

O banco revisou sua previsão do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2019 de 3,2% para 3,6%. Para o próximo ano, a projeção foi mantida em 3,6%.

Nesse sentido, eles reduzem a incerteza do Banco Central em relação à dinâmica da inflação no próximo ano. Ao mesmo tempo, isso deve manter as projeções de inflação rodando abaixo da meta.

“Por isso, entendemos que o espaço para Selic ficar baixa é bastante grande”, diz Honorato.

O Bradesco mantém a expectativa de um corte de 0,5 ponto porcentual da Selic neste mês e 0,25 ponto no começo do ano que vem. No entanto, vê risco maior de que este segundo corte não ocorra e o BC encerre o ciclo em 4,50%.

Para Fernando Honorato, economista-chefe do Bradesco, economia real aprendeu a lidar com o governo

Valor

“A avaliação é que cresceu esse risco de parar porque a economia está ganhando tração mesmo com inflação abaixo da meta, mas o câmbio deve continuar a se depreciar até fevereiro”, diz o profissional.

Riscos

Entre os outros riscos para a atividade, o banco destaca uma desaceleração global mais intensa e também em vizinhos importantes para o comércio, como a Argentina.

Outra ameaça é doméstica, caso os economistas errem em suas projeções para a atividade após os efeitos da liberação dos saques do FGTS, que começou em setembro e termina neste ano.

“Se você olhar no pós-FGTS, e o emprego não ganhou tração, pode ter certa frustração. Dito isso, acho difícil não crescer pelo menos 1,7%, 1,8%. Quando olhamos para o ritmo mínimo dos últimos trimestres, parece difícil ter um ano muito frustrante, com 1% de novo”, afirma.

Sobre incertezas em relação ao ambiente político, Honorato diz acreditar que “a economia real aprende a lidar com o governo”.

Uma coisa é Twitter, outra coisa é reforma da Previdência

Segundo Honorato, mudanças na política econômica iniciadas em 2016 e que prosseguiram — incluindo não só a reforma das aposentadorias, mas também a reforma trabalhista e medidas para melhorar o ambiente de negócios — “começam a produzir efeitos na economia”.

Ele destaca que, nos últimos três anos, o Brasil criou quase 5 milhões de empregos, sendo que a maioria foi no setor informal (conta própria ou sem carteira assinada).

“A novidade é que a gente começou a ver nos últimos meses a expansão do emprego formal”, afirma. Segundo ele, a transição de empregos informais para formais já está acontecendo e deve se intensificar no próximo ano.

Déficit externo

Honorato afirmou ainda que a revisão das contas correntes divulgada recentemente pelo Banco Central não significa uma piora do quadro de financiamento externo brasileiro, uma vez que não demonstra um excesso de demanda.

Segundo ele, a principal mudança se deu no critério para computação dos dados de lucros reinvestidos pelas empresas no exterior, que subiram.

“O passivo que cresceu é bom, tem a ver com investimentos externos e em carteira, enquanto o endividamento externo tem caído”, diz o profissional.

“Isso não passou pelo aumento do consumo e não se traduz em nenhuma pressão adicional para a inflação ou coisa parecida. Tanto é verdade que as projeções para o fluxo cambial não se alteraram.”

Na semana passada, o BC informou que o déficit em transações correntes em doze meses foi revisado para 3% do PIB. O Bradesco estima um déficit em conta corrente próximo desse número em 2020, de US$ 69 bilhões ou 3,1% do PIB.

“Neste momento, não preocupa essa alta para 3%. Não há indício de que esteja piorando a qualidade do financiamento. Mais para frente, se esse número chegar a 4% ou 5% com aumento das importações, talvez possa preocupar”, diz Honorato.

Câmbio pressionado

O economista acredita que a entrada de recursos tanto para economia real, como privatizações, concessões e outros investimentos, como em portfólio, deve equilibrar as pressões de desvalorização da moeda brasileira e permitir alguma apreciação do real.

No entanto, a retenção das receitas de exportação no exterior e a dinâmica de troca de dívida interna por externa, dois fatores que reduziram o ingresso de dólares ao Brasil e ajudaram a apreciar o dólar este ano, devem continuar exercendo pressão sobre o câmbio em 2020.

Além da volta do investidor externo, atraído pela perspectiva de retomada mais forte do Brasil, o profissional acredita que o próprio câmbio mais apreciado deve ajudar a enfraquecer essa dinâmica de retenção de receitas no exterior.

“Se o exportador começar a achar que o real vai voltar a se valorizar, pode acelerar essa internalização das divisas”, diz.

Honorato observa que ainda é difícil dizer se 2020 terminará com entrada líquida de capitais, a tendência do fluxo é de melhora.

Ele observa ainda que o risco-país medido pelo contrato de Credit Default Swap (CDS) de 5 anos do Brasil permanece baixo apesar do vai e vem do câmbio e que é compatível com uma melhora da nota de crédito do Brasil já no próximo ano.

“O país tem um caminho de upgrades da nota brasileira, talvez uma elevação de 6 a 12 meses da nota brasileira e quem sabe para 2022 ou 2023, possa voltar a ser grau de investimento”, diz... Leia mais em yahoo 06/12/2019


Fique por dentro de tudo que está acontecendo  no mercado de  FUSÕES E AQUISIÇÕES


07 dezembro 2019



0 comentários: