09 dezembro 2019

Aquisições não beneficiam acionista em 53% dos casos

Beneficiar o acionista é o propósito de todo negócio de fusão e aquisição, mas nem sempre isso acontece. Diante de uma oportunidade muitas vezes inesperada, empresas aproveitam a chance e não se preparam adequadamente para o movimento estratégico, que pode fracassar ou não ter o desempenho esperado.

No caso do vendedor, a falta de preparo pode resultar em um preço abaixo do ideal ou afetar negócios remanescentes.

Pesquisa global da PwC obtida com exclusividade pelo Valor revela que 61% dos compradores de ativos acreditavam que sua última operação criou valor. No entanto, 53% tiveram desempenho inferior aos seus concorrentes, em média, nos 24 meses seguintes à conclusão do último acordo, com base no indicador de retorno total aos acionistas (TSR, na sigla em inglês).

Na outra ponta, dos vendedores, 57% das companhias apresentaram desempenho menor do que seus pares no setor, em média, nos 24 meses posteriores ao negócio de comercialização de um ativo, ou seja, de uma unidade, fábrica, ou fatia da companhia, por exemplo.

No Brasil, a situação é ainda mais delicada do que nos Estados Unidos e na Europa. O planejamento de aquisições é menos profissional e detalhista do que em países desenvolvidos, diz Leonardo DellOso, sócio da PwC Brasil. Segundo ele, muitas transações ocorrem sem a contratação de assessores ou de processos de verificação dos números, ativos e que identificam as sinergias. As empresas brasileiras têm preparação menor do que as americanas e europeias.

DellOso detalha que todo negócio de fusão ou aquisição visa fazer o crescimento ou proteger o negócio, que se traduz em valor ao acionista. Toda transação tem um único propósito final que é gerar valor ao acionista, escondido em outras razões, como entrar em novo mercado, eliminar concorrente, aproveitar uma tecnologia nova, entre outras.

O relatório da PwC foi elaborado com base em entrevistas com 600 executivos de alto escalão de diversos setores e regiões geográficas e incluiu transações anunciadas entre janeiro de 2008 e 31 de dezembro de 2016, com seu posterior desempenho medido pelo indicador TSR até 24 meses depois, sendo o último medido em 30 de junho de 2018.

DellOso explica que a principal razão para o benefício ao acionista menor do que o esperado é a falta de preparo, principalmente porque na maioria dos casos são transações oportunistas. Muitas vezes, a empresa não está procurando outra para comprar, mas apareceu e faz sem preparação, definição estratégica ou sem programa de integração. Sem um planejamento, a operação tende a fracassar.

A maior parte dessas transações com desempenho aquém do esperado ocorre na primeira compra, sendo que nas aquisições seguintes a preocupação é diferente. A grande quantidade é transação única, de quem nunca comprou ninguém. Aquelas empresas que já passaram por uma experiência fracassada, têm uma preocupação diferente em uma próxima aquisição. Quem faz com certa regularidade é a exceção à regra.

Na ponta dos vendedores, o fracasso ocorre, de acordo com DellOso, porque a companhia não quer ter um custo adicional para preparar a saída de um ativo que já não produz a rentabilidade adequada. O resultado é a venda por um preço baixo, impacto em outros negócios que continuarão na companhia, perdas tributárias, entre outros. É preciso preparar o ativo para a venda, diz, porque não preparar custa mais caro.

Os 600 executivos entrevistados estão distribuídos igualmente por seis setores: energia, concessões públicas, mineradoras e infraestrutura; serviços financeiros; serviços de saúde e farmacêuticas; produtos industriais e serviços corporativos; varejo, consumo e lazer; e tecnologia, mídia e telecomunicações......  Marcelle Gutierrez — Leia mais em valoreconomico  09/12/2019



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09 dezembro 2019



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