15 dezembro 2017

Risco eleitoral faz banco correr para fechar ofertas de ações até maio

As férias dos banqueiros de investimento neste fim de ano serão mais curtas.

Apesar de o Burger King ter fechado ontem a temporada de ofertas de ações de 2017, o fim da safra mal vai ser sentida dentro dos bancos. As instituições já trabalham nos IPOs (ofertas iniciais de ações, na sigla em inglês) e "followons" (subsequentes) da próxima temporada.

O receio de que a eleição presidencial possa atrapalhar as operações tem levado os bancos a recomendar às empresas que corram para colocar na rua as transações até maio, antes do anúncio das candidaturas. Por isso, o ano já deve começar aquecido.

Por enquanto, na fila de candidatas a IPO estão a operadora Algar Telecom, a farmacêutica Blau, o Banco Inter e as varejistas Centauro e Ri Happy.

Mas os executivos preveem que mais nomes surgirão, tanto para estreias na bolsa quanto para ofertas subsequentes.

Até agora, os bancos têm um volume entre R$ 4 bilhões e R$ 10,5 bilhões em operações já contratadas de janeiro a março, período em que as empresas ainda podem usar as demonstrações financeiras do terceiro trimestre deste ano para realizar as ofertas. No topo das estimativas, esse é um número muito parecido com o movimentado no início deste ano, quando R$ 10,3 bilhões.

Diante das incertezas no radar, nem todos os bancos se sentem confortáveis para estimar quanto os IPOs e follow-ons movimentarão no ano que vem. Quem se aventura prevê um ano não tão bom quanto 2017, mas ainda assim agitado.

Neste ano, as ofertas de ações movimentaram R$ 42,9 bilhões, o que faz de 2017 o melhor ano para as emissões de ações desde 2009, quando elas somaram R$ 47,1 bilhões. Os cálculos excluem a megacapitalização da Petrobras, realizada em 2010, de mais de R$ 100 bilhões.

Para 2018, o Bank of America Merrill Lynch (BofA) e o BTG Pactual estimam cerca de R$ 35 bilhões em ofertas. "Depois de muitos anos sem ofertas, as companhias que acessaram o mercado neste ano foram aquelas que já estavam na fila há um certo tempo. Agora virão novos nomes", afirma Hans Lin, responsável pelo banco de investimento do BofA no Brasil.

Sem ir tão longe na projeção, o Bradesco BBI estima R$ 10,5 bilhões em transações no primeiro trimestre do ano. Isso não quer dizer, porém, que o banco acredite num ano fraco. "Por conta da eleição presidencial, este é um ano binário. Podemos ter tanto um ano muito profícuo quanto não", diz Leandro Miranda, responsável pelo banco de investimento do Bradesco BBI.

A única certeza que os bancos têm até agora é que os primeiros meses serão agitados.
Além da questão política, quem decidir sair na frente neste começo de ano também pode se beneficiar do maior apetite ao risco dos investidores.

"Depois de um 2017 bom para a bolsa brasileira, os investidores não querem mais se arriscar no fim do ano. Mas em 2018 o jogo começa de novo. O investidor tem que voltar para a pista para buscar retorno", afirma Fabio Nazari, chefe de mercado de capitais do BTG Pactual.

A redução da taxa básica de juros ao longo deste ano também colaborará para melhorar o resultado das empresas, já que o custo de das dívidas vai cair.

Isso deve torná-las mais atrativas para os investidores, favorecendo o fluxo de recursos estrangeiros para o país.

Pelo caminho, no entanto, ainda existem muitas incertezas além das eleições.
A principal delas é como o adiamento da reforma da Previdência vai afetar o humor dos investidores daqui para a frente. "Esse é um fator determinante [para a atração do investidor]. A aprovação da reforma entre o fim e o começo do ano causaria demanda", disse Roderick Greenlees, diretor do banco de investimentos do Itaú BBA, que concedeu a entrevista antes do adiamento da votação para fevereiro.

Só nos próximos dias, na avaliação de Alessandro Zema, responsável pelo banco de investimento do Morgan Stanley no Brasil, é que ficará mais clara qual será a reação dos investidores ao adiamento da votação.

A boa notícia é que as companhias devem começar a acessar o mercado com o objetivo de crescer, seja organicamente ou a partir de aquisições. "Boa parte do processo de desalavancagem das empresas já foi feito. Agora elas começam a buscar recursos com outros objetivos", diz Marcelo Millen, diretor de mercado de capitais do Credit Suisse. - Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 15/12/2017

15 dezembro 2017



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