29 dezembro 2017

Fusões globais superam US$ 3 tri outra vez

A atividade global de fusões e aquisições superou US$ 3 trilhões pelo quarto ano seguido, estendendo uma onda sem precedentes de negócios que, estimam banqueiros, vai se intensificar em 2018. Financial Times Leia mais em valoreconomico 29/12/2017

FUSÕES GLOBAIS SUPERAM US$ 3 TRI OUTRA VEZ

Jeff Bezos, da Amazon: aquisição da Whole Foods mostrou capacidade do grupo de sacudir um setor inteiro de uma só vez

A atividade global de fusões e aquisições superou US$ 3 trilhões pelo quarto ano seguido, estendendo uma onda sem precedentes de negócios que, estimam banqueiros, vai se intensificar em 2018.

O último mês de 2017 foi coroado por três grandes transações desencadeadas por companhias que estão agindo contra a ameaça de ruptura apresentada por grupos como Amazon, Facebook e Netflix. Essas empresas estão usando seus tamanhos e escala para entrar em novos setores.

Diante da possibilidade de ingresso da Amazon, fundada e dirigida pelo bilionário Jeff Bezos, no setor farmacêutico, a maior rede de farmácias dos EUA, a CVS Health, comprou a companhia de seguro-saúde Aetna por cerca de US$ 69 bilhões.

Enquanto isso, o efeito da Amazon sobre o varejo mundial levou a bilionária família australiana Lowy a vender sua operação global de shopping centers Westfield, para a Unibail-Rodamco, da França, por US$ 24,7 bilhões.

A intrusão do Facebook e Netflix nas áreas de direitos esportivos, mídia e produção de cinema, levaram Rupert Murdoch a vender grande parte de seu império 21st Century Fox para a Disney, em um negócio de US$ 66 bilhões.

O volume total dos negócios atingiu US$ 3,5 trilhões em 2017, uma queda de 1% em relação ao ano anterior e o menor número desde 2014, segundo dados da Thomson Reuters. Mas ele também marcou o quarto ano seguido em que o patamar dos negócios superou os US$ 3 trilhões, uma sequência recorde.

"A maior parte de 2017 foi lenta para os meganegócios. Acreditamos que grandes acordos continuarão ocorrendo no ano que vem, pois vários setores estão passando por grandes mudanças estratégicas e maior consolidação", disse Marc Nachmann, diretor adjunto global de banco de investimentos no Goldman Sachs, classificado como a maior consultoria em volume de negócios de 2017.

O banco americano assessorou a Amazon em sua aquisição, por US$ 13,7 bilhões, da sofisticada rede de supermercados Whole Foods, em um negócio que ressaltou a capacidade do grupo de comércio eletrônico de sacudir um setor inteiro de uma só vez. "Todos os setores estão passando por uma ruptura, todo mundo está tentando responder às mudanças tecnológicas; ninguém quer ficar de fora e é por isso que muitas companhias estão comprando ativos estratégicos para se posicionar melhor para competir numa escala global", disse Eileen Nugent, sócia de fusões e aquisições do escritório de advocacia Skadden.

Os EUA continuaram sendo a região mais ativa, com negócios avaliados em US$ 1,4 trilhão, embora o valor das fusões e aquisições tenha caído 16% em relação a 2016. Mesmo assim, o número de negócios firmados nos EUA em 2017 ficou acima de 12,4 mil, um número recorde que se deveu ao aumento das transações com valores inferiores a US$ 1 bilhão.

Os negociadores esperam um aumento das fusões e aquisições em 2018, com as empresas tentando tirar vantagens das economias decorrentes da reforma tributária corporativa do presidente Donald Trump. Steve Baronoff, presidente da área global de fusões e aquisições do Bank of America, e Ethan Klingsberg, sócio da empresa de advocacia Cleary Gottlieb Steen & Hamilton, disse que a melhora das perspectivas econômicas está levando muitas empresas a partir para transações não solicitadas.

O maior negócio de 2017 ainda não foi resolvido - o da Broadcom, que está fazendo uma oferta hostil de US$ 130 bilhões pela Qualcomm, a fabricante de chips concorrente. A Broadcom expôs planos para remover o conselho de administração da Qualcomm em março.

Em contraste com os EUA, os negócios na Europa cresceram 16%, para US$ 856,3 bilhões, apesar de a maior tentativa na região ter fracassado no começo do ano - a oferta de US$ 143 bilhões da Kraft Heinz pela Unilever.

A abordagem, liderada pela empresa de investimentos 3G Capital e um grupo apoiado por Warren Buffett, desencadeou uma série de movimentos no setor de consumo da Europa, com a Unilever se apressando para abocanhar marcas da moda e repassando de seus negócios de margarina e outras marcas internacionais para a KKR por US$ 6,8 bilhões em um dos maiores negócios do ano na área de private equity.

A iniciativa da 3G Capital também levou investidores ativistas a mirar outras grandes companhias como a suíça Nestlé e a francesa Danone. Em outros lugares, a Hochtief , da Alemanha, e a Atlantia, da Itália, continuaram lutando para adquirir a Albertis, empresa espanhola de infraestrutura e pedágios rodoviários, em um negócio que poderá superar os US$ 38 bilhões, incluindo dívidas. Banqueiros acreditam numa maior intensificação da atividade no ano que vem, especialmente entre as empresas de infraestrutura, serviços públicos e energia.

"O aumento dos negócios através dos setores e geografias é alimentado por uma economia europeia que está no quinto ano de recuperação e cresce no ritmo mais acelerado em uma década", disse Jens Welter, diretor adjunto de banco de investimentos do Credit Suisse para a Europa. A atividade na região da Ásia-Pacífico alcançou US$ 911,6 bilhões, um crescimento de 11% em relação a 2016, mesmo com o volume de negócios da China no exterior não conseguindo bater o recorde de 2016.

Um novo regime de controle de capital na China e o maior escrutínio dos governos dos EUA e de Estados europeus cobraram seu preço sobre a capacidade dos grupos chineses de investir no sensível setor americano de tecnologia ou firmar meganegócios em 2017. Mas as companhias chinesas ainda mantiveram uma taxa agressiva de aquisições internacionais, empenhando US$ 140,5 bilhões em negócios no exterior e fazendo do ano o segundo melhor para o país, embora abaixo dos cerca de 34% de 2016.

"Para um ano que começou com perspectivas muito ruins - com o Cfius [comitê autorizado a rever transações que dão o controle de grupos americanos a estrangeiros] nos EUA e os controles domésticos de capital na China -, ele acabou se mostrando incrivelmente agitado", diz Marcia Ellis, sócia do escritório de advocacia Morrison & Foerster, de Hong Kong. "As companhias chinesas mudaram seu foco: menos nos EUA e menos em tecnologia."

Muitos grupos, predominantemente os de controle estatal, se voltaram aos negócios internacionais nas áreas de infraestrutura, recursos e energia. Na maior aquisição do ano para a China, um consórcio liderado pelo fundo de investimentos soberano CIC comprou o grupo europeu de logística Logicor, da Blackstone, por ? 12,25 bilhões.

A estatal Yancoal comprou um ativo da Rio Tinto na área de carvão na Austrália por US$ 3,5 bilhões, em outra das maiores transações chinesas de 2017. Grande parte dessa atividade, juntamente com alguns negócios no setor privado, deverá prosseguir.

"Numa base relativa, o sentimento definitivamente é melhor", diz Colin Banfield, diretor global adjunto de fusões e aquisições internacionais do Citigroup.

"Baseado no volume de atividade e consultas que estamos recebendo no momento, as perspectivas para 2018 são promissoras." Publicado em 29/12/2017 por Valor Online Leia mais em gsnoticias 29/12/2017

29 dezembro 2017



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