27 dezembro 2017

Mercado de fusões e aquisições pode aumentar em até 15% no ano que vem

Para 2019, especialistas entrevistados pelo DCI apontam que, definidas as eleições do País, o número dessas operações deverá avançar acima dos 20%, em um movimento de maior confiança

O número de operações de fusões e aquisições pode crescer entre 10% até 15% em 2018, segundo escritórios especializados nessas transações. Em 2017, segundo o número de anúncios divulgados, esse segmento avançou 6% na comparação com 2016.

Para 2019, após a esperada definição política nas eleições do País, o mercado de M&A (na sigla de fusões e aquisições em inglês) poderá avançar acima de 20% em número de transações. Na avaliação do economista e advogado Wander Brugnara, o empresariado brasileiro está se descolando das preocupações com a crise política sobre as reformas e buscando fechar mais negócios.

“Analisando o contexto internacional, o Brasil volta a ser uma grande oportunidade para investimentos. Não só pela redução dos juros [Selic], mas também por um cenário econômico na parte de commodities e de concessões e privatizações muito mais favorável”, diz. “O Brasil fará o dever de casa. A reforma da Previdência torna-se crucial nesse caso, mas o País já entra num cenário oportuno e otimista para investimentos”, prevê o economista.

Brugnara contou que o segmento de private equity, ou seja, de fundos que adquirem participações societárias em empresas ou projetos, avançou 23% em número de transações em 2017, na comparação com 2016. “O investidor está com mais apetite diante da recuperação econômica”, justifica.

O economista considera como promissoras, as operações nos setores: de energia e infraestrutura; saúde com a consolidação de hospitais privados e clínicas; concessões federais e estaduais; projetos de investimentos (PPIs), parcerias público privadas (PPPs) em áreas como iluminação pública, saneamento básico e tratamento de lixo. “No setor da construção e infraestrutura, as melhorias nos processos de compliance e de auditoria estão avançando. As empresas estão cumprindo com a lei, reflexo da investigação da Lava-Jato da Polícia Federal, e isso trará mais players [internacionais] para o mercado brasileiro”, acredita o economista Brugnara.

Ele também aponta a entrada de novos players no mercado financeiro por causa do avanço de tecnologias inovadoras. “Há que se considerar, ainda, o interesse pelo varejo com o crescimento econômico. O setor de alimentos volta a ser uma grande oportunidade, assim como o desenvolvimento imobiliário com a redução dos juros”, enumerou.

Para a sócia do L.O. Baptista Advogados, Esther Jerussalmy Cunha, desde outubro passado, o mercado de M&A registra um pico de operações em andamento. “Algumas transações vão se concretizar no início de 2018”, afirma.

Além do interesse na área de tecnologia, Esther destacou que, em 2017, houve atenção aos setores de óleo e gás e mineração, e por ativos de infraestrutura e da construção “até por causa de reflexos da Lava-jato”, disse.

No radar para 2018, a especialista reforça que os investidores estão prospectando negócios nas áreas de educação, hospitais, laboratórios, clínicas, fornecedores de material de saúde. “Vamos começar o ano com mais operações do que foi 2017. Esse último (o quarto) trimestre foi bem melhor. No Brasil, ainda tem muitos ativos baratos e há liquidez [dinheiro]. Mas, no geral, os fundos estão com apetite e as operações devem acontecer em 2018”, afirma.

Contraponto
Em opinião diferente, o sócio do Miguel Neto Advogados, Bruno Guarnieri, diz que os estrangeiros devem esperar a realização das eleições para decidir sobre os planos de investimentos no Brasil. Ao mesmo tempo, Guarnieri concorda sobre os setores mais atrativos: saúde, clínicas e laboratórios; educação de base e infantil; e infraestrutura. “Historicamente, o Brasil sempre teve governos de centro. Qualquer alternativa de extrema direita ou de extrema esquerda pode afetar a imagem do País lá fora.” ERNANI FAGUNDES• Leia mais em dci 28/12/2017



27 dezembro 2017



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