A Advent vendeu ontem à noite cerca de 73% de sua posição na IMC, a empresa dona dos restaurantes Frango Assado, Viena, Brunella, Batata Inglesa e Olive Garden.
A oferta, que saiu a R$ 8 por ação, deu aos investidores a oportunidade de comprar a companhia a 12 vezes seu lucro esperado para 2019, e vai aumentar dramaticamente a liquidez da ação.
“Isso é um desconto de 40% em relação ao varejo de alta qualidade,” diz um gestor. Nomes como Lojas Renner, Hypermercas, Ambev e Raia Drogasil negociam entre 21 e 25x o lucro de 2019.
Quando a Advent anunciou há 10 dias que venderia sua participação na IMC, tudo indicava que a oferta seria um passeio no parque — e, como prova disso, a ação caiu meros 3,3% no dia.
Até quarta-feira, o vendedor e os compradores caminhavam para concordar num preço de R$ 8,50.
Mas, na tarde de ontem, em meio ao flagelo incessante das ações de varejo, os gestores pressionaram por um desconto maior — mais 50 centavos.
Depois de alguma hesitação — e reconhecendo o custo para desembarcar de uma posição substancial em meio a uma tempestade imprevista — a Advent bateu o martelo e precificou a oferta por volta das 23 horas.
A queda de braço numa oferta 100% secundária é, por assim dizer, um fato da vida, mas o choro na reta final do ‘pricing’ também dá a medida do quanto a confiança do mercado piorou em uma semana e meia.
Para muitos gestores, os dias de bater no peito e mostrar a lâmina do fundo com orgulho já parecem fazer parte de um passado distante.
De lá para cá, uma série de fatores conspiraram contra o rali que fez diversos nomes do varejo mais que dobrar de valor este ano: uma alta dos juros futuros nos últimos 30 dias, um fortalecimento do dólar contra outras moedas, dúvidas sobre a reforma da Previdência e o medo crescente de que 2018 imporá uma escolha entre o Demônio e o Coisa Ruim.
“Todo mundo busca uma explicação e tenta construir uma historinha, mas na minha opinião o que está acontecendo é bem mais simples: o mercado tinha andado demais, e o que andou mais agora está devolvendo mais,” diz outro gestor.
O fenômeno do ano, o Magazine Luiza, que negociava a R$ 80 há um mês, agora sai a módicos R$ 52 — uma queda de 35% do pico. Os investidores da recente oferta da empresa, que pagaram R$ 65 no fim de setembro, já estão 20% no vermelho. A Via Varejo caiu de R$ 25 na máxima para R$ 19 no mesmo período.
Alguns gestores citam o avanço da Amazon no marketplace de eletrônicos no Brasil como mais um fator embasando a correção abrupta, mas essa explicação parece ser tão insuficiente quanto qualquer outra. Imune ao 'risco Amazon', a Arezzo já caiu 18% do pico.
Olhando o copo meio cheio, a Advent vendeu a posição de IMC pelo dobro do preço do aumento de capital que fez na empresa em novembro de 2015: R$4 por ação. Nada mal para dois anos de trabalho.
Olhando o copo meio vazio, alguns gestores criticaram o roadshow abreviado no Brasil e o tempo que a empresa gastou no exterior. “Mal fizeram três dias de Brasil, aí teve o feriado no meio e depois foram para fora, sendo que gringo não se interessa por empresa desse tamanho."
A oferta foi coordenada por BTG Pactual, Credit Suisse e Itaú BBA. Por Geraldo Samor Leia mais em braziljournal 10/11/2017
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Alimentos, Compra de empresa, Desinvestimento, Múltiplo/Ebitda, Private Equity, Tese Investimento, Transações MA, Valuation, Venda de Empresa
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Ruy Moura
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