07 outubro 2017

Por que a Unilever quer ser saudável?

A gigante anglo-holandesa, fabricante de produtos como margarinas, maionese e temperos artificiais, compra a empresa de orgânicos Mãe Terra para seduzir o público natureba

Nos últimos cem anos, no mínimo, a gigante anglo-holandesa Unilever alternou entre as primeiras três posições do ranking das maiores empresas de bens de consumo do mundo, ao lado da americana Procter & Gamble e da suíça Nestlé. Com faturamento global € 52,7 bilhões, em 2016, detém marcas conhecidas por dez entre dez consumidores mundo afora – alguma delas famosas também por sua fórmula, digamos, não muito amiga da saúde, como o glutamato monossódico do caldo Knorr e o óleo hidrogenado da maionese e da margarina.

Nutricionistas mais radicais afirmam que esses alimentos devem ser banidos do cardápio, outros dizem que não causam mal algum. Polêmicas à parte, o fato é que a Unilever sinalizou, na segunda-feira 2, que sua estratégia está ancorada, cada vez mais, no campo das comidas saudáveis. A companhia adquiriu 100% da empresa de produtos naturais e orgânicos Mãe Terra, sediada em Osasco (SP). O valor não foi divulgado. “A Mãe Terra fortalece nosso portfólio de alimentos, permitindo acelerar nossa expansão no segmento de naturais e orgânicos”, disse o presidente da Unilever, Fernando Fernandez.

O mergulho da Unilever no mercado de alimentos saudáveis coloca a gigante na disputa direta com outras grandes empresas do setor, como a rede Mundo Verde, do bilionário Carlos Wizard Martins. Embora a Mãe Terra, com 300 funcionários, seja apenas a nona colocada no ranking nacional de orgânicos, que movimenta quase R$ 30 bilhões por ano, segundo a Euromonitor, a força da distribuição e capilaridade da Unilever devem multiplicar exponencialmente os números da empresa. A empresa possui um portfólio que inclui cereais, biscoitos e snacks. “Vamos ampliar rapidamente a escala da Mãe Terra”, garante Fernandez.

A aquisição não representará, em um primeiro momento, grandes mudanças nos rumos da empresa de orgânicos. O empresário Alexandre Borges, que fundou a empresa em 1979, será mantido como diretor-geral. “A Unilever entende como é importante preservar nossa cultura”, afirma Borges. O fundo BR Opportunities, que detinha 30% do capital da Mãe Terra desde 2014 , vendeu da sua parte. “Era o momento certo de sair. A proposta nos deixou financeiramente satisfeitos”, disse à DINHEIRO o CEO do fundo, Carlos Miranda.

O plano da Univeler para diversificar – o já super diversificado – portfólio de produtos é uma tendência, mas não representa garantia de sucesso. “A diversificação é útil quando se quer diminuir a dependência de um só negócio”, disse Gerson Barzeli, professor da FIA. “Mas abrir mão daquilo que tem dado certo não é uma boa ideia.” Dois exemplos emblemáticos são o do McDonald´s e da Coca-Cola. Ambas investiram em produtos mais saudáveis, voltaram a priorizar seus produtos tradicionais. “O McDonald’s percebeu que quem entra num fast food não está preocupado em comer de forma saudável”, diz Enzo Donna, da consultoria ECD. Leia mais em istoedinheiro 06/10/2017

07 outubro 2017



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