24 outubro 2017

Rumo avança com três sócios potenciais para Malha Sul

Três dos interessados em aportar capital na América Latina Logística Malha Sul estão em processo de auditoria legal sobre o ativo para decidir se participam ou não da sociedade com a Rumo Logística, afirmou ontem o presidente da companhia controlada pela Cosan, Julio Fontana.

O Valor adiantou, há dois meses, que pelo menos 18 investidores se interessaram pelo negócio, mas ao menos três estão realizando a "due diligence". O parceiro deve dividir metade do cronograma de investimentos no ativo, orçados em R$ 4 bilhões.

O aporte é necessário para realizar reformas na via, mas também por motivos estratégicos. A Rumo tenta capturar maior volume de cargas disponível na região. Atualmente, segundo o executivo, cerca de 90% do açúcar local é movimentado pela empresa, mas apenas 20% dos grãos - que têm maior potencial.

Um dos ramais que vai permitir à Rumo se beneficiar dessa oportunidade é o de Guarapuava a Cascavel. Outro, vai de Maringá a Porto Primavera, na fronteira entre Mato Grosso do Sul e São Paulo. Os recursos provavelmente serão captados por meio de uma oferta primária de ações, acrescentou Fontana.

O executivo conversou ontem com jornalistas em evento no qual a Rumo lançou uma campanha oficial pela renovação da concessão da Malha Paulista.

A operadora vai apostar nos benefícios do agronegócio e do modal ferroviário para conquistar apoio nesse processo, já em andamento há quase dois anos.

A concessão vence em 2028 e a empresa quer estendê-la por mais 30 anos.
As conversas estão caminhando lentamente, informa a Rumo, pelo nível de detalhamento exigido especialmente pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

"É a primeira vez que temos uma renovação do segmento no país, e desse porte", disse Guilherme Penin, diretor de regulação e relações institucionais da companhia. "Por isso estamos enfrentando um escrutínio até maior do que o normal." A companhia pretende investir R$ 5 bilhões adicionais na linha, que vai do porto de Santos até a fronteira com o Mato Grosso do Sul atualmente. O dinheiro servirá para reabrir antigos ramais, aumentar eficiência para receber cargas adicionais e melhorar o acesso à Baixada Santista, entre outras medidas. A capacidade de transporte subiria de 30 milhões de toneladas para 75 milhões de toneladas por ano.

Fontana afirmou, antes do evento, que trabalha com uma perspectiva de data limite em fevereiro de 2018 para que uma decisão seja alcançada. É quando o governo pretende leiloar a operação da ferrovia Norte-Sul, que terá uma ligação com a Malha Paulista por meio de Estrela d'Oeste (SP).
A Rumo quer preparar a Malha Paulista, ainda muito regional, para receber volumes da Norte-Sul e cargas que chegam pela ponta de Rondonópolis (MS). De 2000 ao ano passado, o aumento de carga recebida foi de 1,5 milhão de toneladas, em média, por ano. Até 2023, a companhia quer atender o quíntuplo desse aumento, 7,5 milhões de toneladas a mais por ano.

Dentre os benefícios que traria ao país, segundo a própria Rumo, está a mudança de prioridade para ferrovias, menos poluentes e potencialmente mais eficientes do que caminhões em rodovias. A companhia pretende levar 70% das cargas ao porto de Santos de trem, contra 30% atualmente. Ela calcula que a geração de empregos diretos e indiretos poderia chegar a 30 mil e o ganho no Produto Interno Bruto (PIB) chegaria a R$ 12,3 bilhões.

Ainda, conforme Ricardo Lewin, diretor financeiro da Rumo, a empresa está prestes a receber R$ 3,5 bilhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que, em parte, financiará o investimento necessário na Malha Paulista. Desse montante, cerca de R$ 1,7 bilhão já foi alocado a projetos realizados pela Rumo.

A linha de crédito é parte dos esforços da empresa para diversificar fontes de captação. Após levantar R$ 2,6 bilhões com uma oferta subsequente de ações, que servirá para abater dívida e custo de capital, a empresa quer recursos mais baratos.

Desde que adquiriu a ALL, a Rumo já investiu R$ 4,9 bilhões nas linhas que opera, principalmente em melhoria das vias e na compra de novas locomotivas e vagões. Até o fim de 2017, espera totalizar R$ 6 bilhões em investimentos - em um período de quase dois anos e meio. "Acho que em proporção do resultado, a Rumo é uma das empresas que mais investiu durante o momento atual do país", disse Fontana.

Sobre a oferta subsequente de ações realizada este mês, o executivo comemorou a aceitação dos investidores. "Tivemos dez vezes a demanda frente ao que oferecemos e precisávamos", disse. "Isso mostra que o mercado agora confia na companhia." Fonte:Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 24/10/2017

24 outubro 2017



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