27 outubro 2017

Como fazer um pitch vencedor

Conhecido como Doutor Pitch, o alemão Christoph Sollich quebra alguns mitos sobre como preparar a apresentação de sua startup e dá dicas para seduzir os investidores

Caro leitor, eu sei que você já fez um pitch. E mais: exatamente como ele se deu. Não foi nada glamouroso, é verdade, porém ele se mostrou bastante eficiente. O seu primeiro pitch foi um prosaico choro de bebê. Afinal, essa prática nada mais é do que uma maneira de se comunicar para conseguir o que você quer. “A vida é um pitch”, resumiu o alemão Christoph Sollich, no EDP Open Innovation 2017, realizado nesta quinta-feira (26/10), em Lisboa. “Ser bom em fazer pitchs torna sua vida melhor. Da mesma forma, o contrário pode piorá-la bastante”. Para dominar essa arte, fique por dentro dos conselhos de Sollich, mais conhecido como Doutor Pitch:

O primeiro passo é conhecer os grandes mitos sobre essa apresentação tão usada por startups.

Mito 1 – O meu projeto é complexo demais para ser explicado em apenas três minutos
“Essa é a frase que eu mais ouço e ela está errada”, afirma Sollich. As propostas de startups são sempre complexas. A questão é como torná-las mais fáceis, argumenta. O truque aqui não é fazer todas as explicações sobre o projeto caberem em três minutos de apresentação, mas escolher três ou quatro pontos cruciais, aqueles que você realmente quer que os investidores se lembrem, e expô-los bem

Mito 2 – Fazer um pitch depende de talento
A frase é simplesmente uma mentira. A verdade é que todo mundo pode aprender a fazer um bom pitch. É uma questão de treino e preparação. “Não se trata de um talento que cai do céu – ou se tem ou não – mas sim de uma arte que pode ser aprendida”.

Como conquistar a atenção (e o coração do investidor)
Mitos deixados de lado, é hora de entender um fator essencial para a elaboração de um pitch bem-sucedido. “As pessoas são humanas (pelo menos a maioria delas). Elas têm um cérebro, mas possuem algo mais poderoso: o coração”, diz o especialista. O caminho mais certeiro para o bolso dos investidores é tornar isso pessoal. “Damos fatos e dados e esperamos que argumentos convençam. Não é o que acontece”. Um bom pitch é aquele que consegue fazer as pessoas se importarem. “É preciso surpreender e entreter”.

O que fazer na apresentação
     1. É necessário pensar no público e tentar se colocar no lugar dele. Ao contrário de você, que está imerso na sua startup, a audiência não está. Eles não sabem o que você faz. E recebem muita informação muito rápido

     2. Tempo e dinheiro são duas medidas universais. Use e abuse delas. “É preciso dar explicações de maneira a tratar de coisas que as pessoas conhecem e entendem”, afirma Sollich. É o caso, por exemplo, de uma empresa de software que diz ser capaz de reduzir o tempo necessário para realizar determinada tarefa de 2 semanas para 5 minutos. Todos conseguem entender

     3. Pergunte-se por que a sua startup é necessária. “As pessoas não compram o que você vende, mas sim o problema que você resolve, a solução que apresenta”, diz o Doutor Pitch

     4. Comece a apresentação expondo o problema que a sua startup irá resolver antes de revelar a sua solução. Do contrário, é como mostrar o fim de um filme logo no início. “Talvez o Tarantino consiga fazer isso dar certo, mas é a exceção. Não estrague a surpresa”

     5. Mostre que você se importa e gosta do que faz. A última coisa que você quer é parecer que há alguém com uma arma apontada em sua cabeça quando você estiver no palco. É importante convencer o investidor de que será divertido trabalhar com você. “Energia é uma palavra chave para um pitch bem-sucedido”, afirma o especialista

     6. Pratique, pratique, pratique e pratique mais um pouco. Faz diferença. Não menospreze o treinamento

O que não fazer
     1. “Não pense que você é o Brad Pitch”, brinca Sollich. Fazer um pitch não é atuar. É importante ser autêntico. O público costuma perceber com facilidade quando alguém está tentando ser o que não é. A dica aqui é encontrar seu próprio estilo. Se você é tímido, não tente parecer extrovertido

     2. Apesar de o tempo ser curto, não dispare a falar feito uma metralhadora. O ideal é não ser rápido nem devagar. Para isso, seja o mais preciso possível nas palavras que escolher

     3. Não tente impressionar seu professor de inglês (ou mesmo de português). O momento do pitch não é a hora de sofisticar o vocabulário. “Escolha palavras "preguiçosas" e frases fáceis de serem compreendidas. Pense que você está falando com uma criança de 8 anos”, afirma Sollich

    4. Não ponha tudo a perder com uma apresentação em PowerPoint mal feita. A culpa será sua e  não do PowerPoint. “As pessoas costumam ser preguiçosas. A apresentação que você envia por e-mail não pode ser a mesma do pitch”, afirma o alemão. Para um pitch, não é possível usar muito texto. Simplesmente porque enquanto as pessoas estão lendo, elas não estão prestando atenção em você

    5. Não estresse seu público. Quando as pessoas não conseguem ler todas as informações nos slides, elas ficam estressadas. O ser humano não gosta de estresse. A tendência é se voltar para o próprio smartphone e você perde a atenção da plateia

    6. Use belas fotos, mas jamais deixe marcas d’água de agências como Shutterstock e Getty Images. Compre as imagens. “Investidores interpretam essa ação como falta de comprometimento”, afirma Sollich. Aí, você já consegue imaginar o resultado, certo? Leia mais em epocanegocios 27/10/2017

27 outubro 2017



0 comentários: