22 outubro 2017

“O investidor valoriza o controle financeiro”

Liao Yu Chieh, fundador da Idea9, contou no Festival de Cultura Empreendedora como conquistou 18 investidores-anjo

A startup Idea9, de tecnologia da educação, captou R$ 1,6 milhão em investimento-anjo antes mesmo de ter fechado seu primeiro contrato com clientes. Dezoito investidores aportaram no negócio, e três ficaram em lista de espera. O empreendedor Liao Yu Chieh usou a sua experiência como professor de mercado financeiro do Insper para estruturar um planejamento financeiro sólido – e demonstrar o potencial de crescimento do negócio.

Em 2016, Chieh fazia treinamentos in company e prestava consultoria. “Eu gastava 95% do tempo fazendo relacionamento e prospecção com clientes. Apenas 5% eram gastos com aulas”, disse ele em palestra no Festival de Cultura Empreendedora, hoje (21/10), em São Paulo. O professor decidiu então criar um modelo de negócio que permitisse a ele se concentrar mais na educação e menos nos processos de venda dos cursos.

A construção dessa nova proposta começou pela modelagem financeira. “Nós abrimos o Excel e calculamos quanto era preciso vender e cobrar de cada empresa, quantos alunos seria necessário ter. E as contas não envolveram só o dinheiro. Também olhamos para o operacional: quantos cursos, professores e funcionários tornariam o negócio viável”, afirma Chieh. Todas essas contas precisavam levar a um resultado: o lucro.

Ao longo de cinco meses, o empreendedor conversou com cem pessoas, entre executivos de recursos humanos, potenciais investidores e pessoas com perfil para ser usuário final do negócio. “Em junho de 2017, o produto não tinha nada a ver com a ideia que havíamos tido em janeiro. O core, que era oferecer educação executiva por assinatura, se manteve. Mas o resto ficou diferente.” A cada três ou quatro dessas conversas, Chieh voltava para a planilha financeira e recalculava o impacto de uma mudança no modelo de negócio.

O resultado de todo esse planejamento foi uma plataforma que teria como cliente principal as empresas. As grandes companhias pagariam uma mensalidade para que seus funcionários tivessem acesso a todos os cursos de educação executiva oferecidos pela Idea9 – o profissional teria de pagar uma pequena taxa por curso, como se faz em planos de saúde coletivos com coparticipação.

Depois disso, a empresa foi apresentada para potenciais investidores e conquistou R$ 1,6 milhão em aportes. O modelo de negócio e a reputação que Chieh já possuía no mercado atraiu os anjos, claro. “Mas não cheguei do nada, disse que tinha uma ideia genial e pedi R$ 1 milhão. Foi um processo de refino de planilha”, afirmou o empreendedor. A Idea9 está fechando seu primeiro contrato corporativo.

Ponto de equilíbrio
Chieh destacou que sua empresa terá prejuízo até 2019. Para ele, é importante operar no negativo, fazendo investimentos, para que o negócio consiga atingir patamares mais altos depois. “Você não deve trabalhar visando a um break even rápido. O break even rápido pode fazer com que o seu negócio seja ameno, morno. A empresa precisa ter um período de ‘curva J’, que cai para depois subir”, disse.

Ele também explicou como faz os lançamentos de gastos feitos pela pessoa física – o pagamento de um Uber, por exemplo – na administração da pessoa jurídica. Ao lançar uma despesa na planilha financeira, ele indica se é contábil (que saiu do caixa da empresa) ou gerencial (do cartão pessoal, por exemplo). Os gastos contábeis e gerenciais, deduzidos das receitas, indicam como está o lucro econômico do negócio. “Faço esse controle todos os dias. No final do mês, vejo como está o lucro econômico. O investidor sabe que faço isso e valoriza essa ação. Eu mostrei para ele que sei executar o negócio.” Leia mais em epocanegocios 21/10/2017

22 outubro 2017



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