06 fevereiro 2017

O desembarque japonês na RB Capital

A crise econômica dos últimos dois anos fez grandes empresas financeiras mudarem seus planos no Brasil.
O caso mais notório foi o do Citibank. Depois de um século por aqui, o banco americano jogou a toalha do varejo e vendeu sua rede de agências e clientes para o Itaú Unibanco, em outubro do ano passado. Seguiu o exemplo do HSBC Brasil, vendido para o Bradesco em agosto de 2015.

Como explicar então que a holding financeira japonesa Orix tenha desembolsado US$ 100 milhões, segundo estimativas de mercado, para comprar 68% da RB Capital, duas semanas antes do início de 2017?

"Não temos medo de crises, pois pensamos no longo prazo", diz Hideto Hishitani, CEO da Orix nos Estados Unidos e que será o responsável pela operação nas Américas. "A volatilidade de um ano para o outro é inerente aos riscos do negócio, principalmente no setor imobiliário, onde a maturação dos projetos é lenta."

Nascida a partir de uma cisão da Rio Bravo - criada em 1999 pelo ex presidente do Banco Central, Gustavo Franco - , a RB Capital é líder de mercado na criação de produtos financeiros de base imobiliária. Desde seu surgimento como empresa independente, em 2008, ela levantou R$ 23,3 bilhões com a emissão de títulos lastreados em imóveis ou na renda de aluguéis. Hoje, ela também administra RS 2,7 bilhões em fundos, imobiliários, de recebíveis e fundos de participação. "Todos esses setores nos interessam", diz Nishitani.

Para uma empresa como a Orix, com cerca de US$ 4 0 0 bilhões em ativos, a aquisição representa uma aposta no mercado brasileiro e, em um segundo momento, na América Latina.

Fundada em Tóquio em 1964, como uma companhia de leasing controlada pelos principais bancos japoneses, a Orix hoje opera em 37 países e faz um pouco de tudo, de bancos a seguros, de gestão de recursos à construção e operação de habitações para idosos. "Além de capital, a Orix nos t r a r á relacionamentos com investidores estratégicos, como fundo de pensão e fundos soberanos interessados no mercado imobiliário brasileiro", diz Marcelo Michaluá, um dos sócios da RB Capital que permanecerá como executivo sob o novo controlador. Ele diz estar otimista.

"Os bancos estatais concederam muitos empréstimos imobiliários no governo anterior, e agora t êm menos capacidade de expandir essas carteiras, o que abre espaço para a participação do mercado de capitais, que é complementar ao bancário", afirma.

A aquisição da Orix indica uma mudança de humor. Após sofrer diversos solavancos devido ao desaquecimento da economia, o setor imobiliário brasileiro volta a atrair os investidores internacionais que operam pensando em prazos mais longos. Os segmentos considerados mais promissores são os que estiveram sob pressão ao longo dos últimos trimestres, como shopping centers e escritórios de alto padrão. Os japoneses não foram os únicos a apostar no setor. Em janeiro, a Canadian Pension Plan Investment Board (CPPIB), que gerencia os ativos do sistema previdenciário estatal canadense, anunciou estudos para investir n o mercado brasileiro de lajes corporativas.

"Esperamos uma redução das taxas de vacância no longo prazo", diz Rodolfo Spielmann, responsável pelo escritório da CPPIB na América Latina.  IstoÉ DinheiroLeia mais em portal.newsnet 06/02/2017

06 fevereiro 2017



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