22 fevereiro 2017

Ternium adquire a CSA, da Thyssen, por R$ 4,9 bilhões

Após ter investido em torno de € 8 bilhões para erguer o complexo siderúrgico da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), e não ter obtido nada de retorno, o grupo alemão Thyssenkrupp fechou ontem a venda da empresa para a companhia ítalo-argentina Ternium. O negócio foi fechado pelo valor de € 1,5 bilhão (o correspondente a R$ 4,9 bilhões).

A Thyssen tentava se livrar da CSA desde 2012, pouco depois de a siderúrgica entrar em operação em 2010, ainda com problemas operacionais e ambientais. A CSA está situada em Santa Cruz, distrito do Rio de Janeiro. Entrou em operação em meados de 2010 e dispõe de capacidade para fazer 5 milhões de toneladas de placas (aço plano semiacabado que é utilização na laminação de chapas).

O grupo industrial e de tecnologia Thyssenkrupp comunicou ontem à noite a venda da siderúrgica brasileira. A Ternium já havia mantido interesse pela CSA em 2012, mas as negociações não avançaram. No ano passado, logo depois que a Vale se desfez de sua parcela de 27% na siderúrgica para a própria Thyssen, os ítalo-argentinos voltaram a negociar.

O valor da operação - com pagamento de € 1,26 bilhão em dinheiro -, segundo informou Thyssen, foi baseado na avaliação da CSA em 30 de setembro (data do balanço fiscal 2015/2016). A diferença, € 300 milhões, referem-se a uma dívida contraída com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES).

A CSA é um complexo integrado de produção de aço. Além da usina, que faz placas de elevada qualidade (high-end), abriga um porto de águas profundas e uma geradora de energia de 490 MW.

Com isso, o grupo alemão põe fim à sua aventura no setor nas Américas. Em 2014 se desfez de da laminadora no Estado de Alabama (EUA), vendida por valor semelhante aos grupos ArcelorMittal e Nippon Steel & Sumitomo. "Com a venda da CSA, nos separamos definitivamente da Steel Americas. Isso é um marco importante no redirecionamento da Thyssenkrupp para um grupo industrial forte", disse Heinrich Hiesinger, CEO do grupo, na nota. A companhia informou que receberá entrada de fluxo de caixa que reduzirá expressivamente sua dívida financeira. E lembrou que firmou acordo com a Ternium para que continue fornecendo 2 milhões de toneladas de placas de aço da CSA por ano, em contrato até 2019, para a laminadora (Calvert) do Alabama.

O negócio representa uma grande tacada por parte da Ternium, que desde 2012 já está no Brasil como uma das acionistas do bloco de controle da Usiminas, ao lado da Nippon Steel. O grupo ítalo-argentino se posiciona fortemente no país e reforça sua estratégia nas Américas. A CSA resolve um problema de déficit no suprimento de placas que existe nas operações da Ternium no México e EUA da ordem de 3,7 milhões de toneladas por ano.

A aquisição pode ainda abrir caminho para a solução do conflito com a Nippon Steel envolvendo a Usiminas. Desde 2013, os dois acionistas disputam a gestão da siderúrgica. As desavenças ganharam tal dimensão, com afastamento de executivos da Ternium e questionamentos de decisões do conselho, que acabaram parando na Justiça de Minas.

Com um novo ativo, só seu, um caminho é uma possível saída da Usiminas - vendendo sua parte aos japoneses, ou levando ativos. A unidade de Cubatão (SP), que tem operações de laminação de aço, faria sentido, pois iria complementar a usina da CSA. E Cubatão tem também um porto.

Segundo a Ternium, em comunicado, os ativos a serem adquiridos tiveram no ano calendário de 2016 vendas anuais consolidadas de € 1,6 bilhão, despachos de 4,3 milhões de toneladas e lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) de € 256 milhões.

A Ternium antecipa que vai financiar a aquisição com empréstimo bancário e espera começar a consolidar o balanço da CSA e os resultados das operações a partir do terceiro trimestre de 2017.

"Ao concluir essa transação, a Ternium está incorporando mais uma usina siderúrgica de última geração ao seu parque industrial. Isso vai permitir aumentarmos nossa diferenciação e fortalecer nosso negócio em setores industriais estratégicos na América Latina", afirmou o presidente da companhia, Daniel Novegil.  Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 22/02/2017



22 fevereiro 2017



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