Quando uma empresa chinesa de eletrodomésticos anunciou em maio que pretendia se tornar a maior acionista de um dos fabricantes de robôs mais avançados da Alemanha, a reação foi imediata.
Políticos alemães e autoridades europeias criticaram a oferta da Midea Group pela Kuka, empresa de Frankfurt cujos braços robóticos montam aviões Airbus e sedãs Audi. Em uma rara solicitação pública em busca de outros interessados, o ministro da Economia da Alemanha argumentou que a tecnologia de automação da Kuka não podia cair nas mãos dos chineses.
E, mesmo assim, dois meses depois a Midea tinha conseguido o que queria. Graças a uma combinação de cortejo político, garantias de empregos e de segurança e apoio de clientes influentes, como o presidente da Daimler, Dieter Zetsche, a Midea superou a objeção inicial ao acordo. Até julho, a fabricante de eletrodomésticos havia garantido uma participação de 86 por cento, com uma avaliação da Kuka em 4,6 bilhões de euros (US$ 5 bilhões).
Essa experiência mostrou que algumas empresas chinesas estão aprendendo a suavizar as reticências em relação à onda de compras do país no exterior, que atingiu o recorde de US$ 207 bilhões. Embora a sinofobia ainda não tenha desaparecido e as práticas entre os compradores chineses variem bastante, os profissionais de fusões e aquisições afirmam que uma nova geração de hábeis negociantes está começando a surgir na segunda maior economia mundial.
"Muitas empresas chinesas se tornaram especialistas em realizar acordos internacionais nos últimos anos e em acalmar as preocupações que os acionistas possam ter", disse Nicola Mayo, sócia da firma de advocacia Linklaters, que tem sede em Londres, especializada em transações entre a China e a Europa. "Em muitas das maiores empresas chinesas os gerentes se formaram no exterior ou trabalharam em empresas internacionais. Eles entendem os temores em relação à China e sabem que precisam agir com cautela."
Graças a essa crescente influência as empresas chinesas nunca tiveram uma força tão poderosa no mundo de fusões e aquisições como agora, particularmente na Europa, onde ocorreu quase metade das aquisições realizadas pela China fora de suas fronteiras neste ano. Embora este seja um possível benefício para economias ocidentais de crescimento lento, que precisam de novas fontes de capital, isso também significa uma concorrência mais acirrada para os compradores da Europa e dos EUA em um momento em que os preços de ações internacionais já estão perto de um recorde.
As empresas chinesas mais sofisticadas desenvolveram uma cartilha para minimizar as reações negativas. Aquisições hostis estão praticamente proibidas e as ofertas amigáveis só são reveladas praticamente após anos de cortejo informal. Oferecem compromissos para manter as equipes de gestão existentes, garantias de investimento por cinco anos ou mais e medidas para preservar uma supervisão independente.Bloomberg Matthew Campbell, Jonathan Browning e Aaron Kirchfeld Leia mais em uol 25/10/2016
25 outubro 2016
Empresas chinesas se tornam atores globais no mercado de fusões e aquisições
terça-feira, outubro 25, 2016
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Ruy Moura
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