21 outubro 2016

Morgan leva maior comissão já paga com venda da Monsanto

O Morgan Stanley vai receber uma comissão de US$ 120 milhões por menos de quatro meses de consultoria à Monsanto, na operação em que o grupo americano de agribusiness foi adquirido pela Bayer da Alemanha. Essa é a maior comissão já recebida por um banco por sua participação na venda de uma empresa.

Os pagamentos a serem feitos aos consultores financeiros foram revelados pela Monsanto em documentos encaminhados às autoridades reguladoras.

Esses documentos mostram também que a companhia negociou com três outros grupos antes de acertar o negócio com o conglomerado farmacêutico e de produtos químicos.

As companhias não são citadas, mas o "Financial Times" afirma que elas são a Basf, uma concorrente alemã, a Koch Industries, um conglomerado industrial americano de capital fechado, e a Sinochem, um grupo químico chinês. A Basf não quis comentar o assunto, e a Koch e a Sinochem não responderam a pedidos de entrevistas.

Apesar de quatro meses de negociações com a Bayer, a Monsanto só conseguiu convencer a ofertante a aumentar o valor de sua proposta inicial em 5%, e garantir uma taxa de quebra de contrato de cerca de US$ 2 bilhões, que seria paga se o negócio fosse bloqueado ou a Bayer desistisse. Os demais interessados não chegaram perto de demonstrar o mesmo interesse da Bayer ou do preço oferecido.
Banqueiros experientes disseram que a comissão maior que a esperada do Morgan Stanley superou todas as somas pagas a qualquer consultor individual do lado de venda nos últimos anos. O Bank of America (BofA) recebeu uma comissão recorde de US$ 122 milhões em 2007 por seu trabalho de aconselhamento ao Royal Bank of Scotland em sua aquisição do ABN Amro por 49 bilhões de libras, segundo afirma a Dealogic.

"Foi uma transação grande e complicada, mas sem dúvida trata-se de uma taxa completa", disse um banqueiro que monitora de perto as comissões envolvidas em negócios desse tipo. "Ela é maior que a soma das comissões totais de consultoria pagas pela SABMiller na transação recente com a AB InBev, um negócio duas vezes maior e a maior transação corporativa da história do Reino Unido." Os grandes bancos de Wall Street superaram as previsões dos analistas quanto aos lucros do terceiro trimestre, mas eles precisam melhorar o desempenho de seus importantes negócios de consultoria, que tiveram um período fraco. As receitas com fusões e aquisições e captação de recursos, especialmente nos mercados de ações, estiveram em sua maioria estagnadas ou em queda.

O Morgan Stanley gerou cerca de US$ 1,23 bilhão em receitas com operações de banco de investimentos no trimestre encerrado em setembro, queda de 7% em relação ao mesmo período do ano passado. Isso foi menos que a metade das receitas produzidas com as negociações de títulos e respondeu por apenas 14% da receita geral líquida do grupo no trimestre.

Na quarta, Jonathan Pruzan, diretor financeiro do Morgan Stanley, apresentou uma longa lista de motivos - das incertezas com as eleições nos Estados Unidos ao rumo que a política monetária tomará - que estão levando executivos de empresas a estarem sem confiança para fazer negócios ou captar dinheiro no quarto trimestre.

Os documentos mostram que o Morgan Stanley recebeu US$ 24 milhões na ocasião do anúncio do negócio em setembro, US$ 24 milhões quando os acionistas da Monsanto votaram pela aprovação da fusão e mais US$ 72 milhões imediatamente antes da conclusão do negócio. A Bayer deverá enfrentar um rigoroso escrutínio regulador, uma vez que o negócio colocará o controle de mais de 60% dos agribusiness globais nas mãos de apenas três companhias. Mas o Morgan Stanley ainda poderá receber até U$ 96 milhões mesmo que o negócio fracasse. Uma fonte ligada ao Morgan Stanley disse que o banco de investimentos está sendo muito bem recompensado pela Monsanto porque a companhia americana foi aconselhada pelo mesmo banco, praticamente de graça, por mais de uma década.

"Lars Andersson [diretor-gerente do Morgan Stanley] esteve envolvido no mais alto nível da administração da Monsanto por mais de dez anos", disse a fonte. "Lars não apareceu no último minuto, ele esteve com eles o tempo todo." O banco não quis falar a respeito.

A Monsanto também vai pagar US$ 45 milhões ao seu outro consultor financeiro, a Ducera Partners, se o negócio foi concluído, e US$ 28 milhões se ele não for, se certas condições forem cumpridas. Michael Kramer, da Ducera, trabalha de perto com a Monsanto há anos.

Além disso, Hugh Grant, executivo-chefe da Monsanto, deverá ficar com mais de US$ 132 milhões após a venda, segundo afirma o relatório anual da companhia, com a maior parte dessa soma vindo do exercício de ações e opções a que o executivo, que está há muito tempo na companhia, tem direito.
Cerca de US$ 18 milhões do total derivam da mudança das disposições de controle em seu contrato.

As comissões do lado da venda são reveladas em declarações de procuração nos EUA quando essas firmas fornecem pareceres de imparcialidade, para que os investidores possam julgar quaisquer conflitos de interesses no trabalho de consultoria. As comissões pagas aos bancos que aconselham os compradores geralmente não são reveladas nos EUA. A Bayer está trabalhando com o Bank of America, Credit Suisse e Rothschild e firmou acordos de financiamento com cinco bancos. Em outros meganegócios recentes, os cinco consultores financeiros da fabricante de cerveja SABMiller receberam no total US$ 113 milhões por seu trabalho em sua venda para a AB InBev por US$ 103 bilhões. Na venda do grupo de gás britânico BG para a Shell, os assessores financeiros dividiram até US$ 113 milhões.- Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 21/10/2016

21 outubro 2016



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