31 outubro 2016

Equatorial fará oferta firme por Abengoa

A Equatorial Energia, dona das distribuidoras de energia do Maranhão e Pará, prepara uma oferta final bilionária pelos ativos de transmissão da Abengoa. A proposta é em conjunto com o fundo de participações dedicado à infraestrutura gerido pelo BTG Pactual, cuja fatia será minoritária, e será entregue ainda no começo do mês.

A Equatorial não é a primeira interessada nos ativos da empresa espanhola no país, mas é a única a querer também os projetos ainda em fase de desenvolvimento ou "greenfields" - inclusive o linhão para usina de Belo Monte. Conforme fontes ouvidas pelo Valor, o interesse é pelos quatro projetos já operacionais e mais dois ainda em fase de investimento.

A Abengoa entrou com pedido de recuperação judicial em janeiro e os compromissos em revisão ultrapassam R$ 3,2 bilhões. A empresa já possui a primeira proposta da dupla. Falta apenas a chamada vinculante, em que o interessado tem obrigação de honrar o valor.

Neste momento, Equatorial e BTG Pactual estão terminando a "due dilligence" para a entrega dessa versão final. Segundo pessoas que acompanham o tema, State Grid, Taesa e Brookfield também já fizeram ofertas, mas só pelos ativos operacionais A oferta da Equatorial e do BTG Pactual já é considerada uma das mais competitivas, mas deve ficar abaixo da soma dos débitos da Abengoa. A ideia é comprar todos os ativos almejados dentro da recuperação judicial, mas num único bloco. O desenho final ainda está em formatação, conforme apurou o Valor.

No primeiro semestre, a Equatorial teve receita líquida de R$ 3,5 bilhões, com Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 560 milhões, e fechou junho com dívida líquida de R$ 2,2 bilhões. Já o fundo do BTG tem US$ 700 milhões para investimentos, do patrimônio total calculado em US$ 1,8 bilhão. Ambos participaram do leilão na sexta-feira, mas separadamente.
Os coordenadores do processo de recuperação da Abengoa tinham intenção de vender unidade por unidade dos ativos - organizados em sociedades de propósitos específicos (SPEs). Mas os credores dos projetos ainda não-operacionais preferem a venda em bloco, por causa do risco de ficarem sem interessados para os ativos nos quais estão atrelados.

A situação da Abengoa traz preocupação especial à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) justamente por conta da linha de transmissão chamada pré-Belo Monte, que vai escoar a energia da usina do Rio Xingu, no Pará, para os estados do Nordeste. Para a primeira fase de atividade da usina, a infraestrutura atual está conseguindo dar vazão. Mas para os próximos anos, é imprescindível a conclusão do projeto.

Para a Equatorial, interessada em formar ampla estrutura de transmissão, os projetos em desenvolvimento despertam interesse, pois diferentemente daqueles que adquire nos leilões, esses já possuem as licenças ambientais necessárias e investimentos iniciados. A Abengoa tem mais de 3.300 quilômetros de linhas em operação e outros 6.000 em construção.

A MP 735, conhecida como "das elétricas", ganhou uma emenda de última hora, quando aprovada no Senado, que teria por objetivo resolver o problema do grupo espanhol, com previsão de licitação dentro da recuperação judicial.

Mas é dado como certo que emenda sofrerá veto presidencial antes da sanção.  - Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 31/10/2016

31 outubro 2016



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