07 abril 2020

'Temos de esquecer o que planejamos. O mercado que prevíamos é passado', diz presidente da VW

Para Pablo Di Si, é preciso uma intervenção no sistema financeiro para liberação de crédito, ou a cadeia automotiva pode não resistir

Nas últimas três semanas, o presidente da Volkswagen América Latina, o argentino Pablo Di Si, só saiu de casa uma vez, para acompanhar a esposa ao supermercado. Ainda assim, com todas as precauções necessárias. Defensor do isolamento social como alternativa para evitar a propagação do novo coronavírus, ele mantém conversas diárias com executivos das fábricas do grupo em toda a região, por teleconferência, e com a matriz alemã, de quem já ouviu que a filial brasileira não vai mais receber socorro financeiro.

“Acabou”, diz. “Nunca tínhamos visto uma crise em que todos os países e todas as indústrias pararam ao mesmo tempo”. Agora, cada subsidiária terá de se virar.

O novo programa de investimento para o Brasil, previsto para ser anunciado nos próximos meses, foi congelado. O atual, de R$ 7 bilhões, termina este ano, contemplando os lançamentos dos SUVs Nivus (em produção no ABC paulista) e Tarek (que será feito na Argentina).

O ano de 2021 deve começar com projetos suspensos até que a “normalidade no mundo” volte. O executivo reclama da falta de liquidez por parte dos bancos e defende uma intervenção no sistema financeiro. Para ele, sem crédito urgente para as empresas, em especial as de menor porte na cadeia de autopeças, vai faltar dinheiro para pagar salários.

Nos próximos dias Di Si vai se reunir com lideranças sindicais para discutir medidas de flexibilização, que implicam em redução de salários, para enfrentar a crise provocada pelo coronavírus. No retorno das operações, prevista para maio, só uma parte dos trabalhadores será convocada, pois o mercado deve demorar a reagir.

“Temos de esquecer o que planejamos. O mercado que prevíamos é passado.” As fábricas estarão preparadas para que os funcionários mantenham distância de dois metros um do outro e todos terão as temperaturas medidas diariamente. A seguir, trechos da entrevista..... Cleide Silva, O Estado de S.Paulo Leia mais em estadao 07/04/2020




07 abril 2020



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