07 janeiro 2020

O que esperar das startups brasileiras em 2020

Especialistas falam sobre como será este ano para negócios escaláveis, inovadores e tecnológicos e arriscam palpites de quais serão os futuros unicórnios brasileiros

Mais capital e startups mais novas se tornando unicórnios marcarão 2020

Se 2019 já foi um ótimo ano para as startups brasileiras, 2020 promete ser ainda melhor. A visão é unânime entre os especialistas ouvidos por Pequenas Empresas & Grandes Negócios. Este ano já tem uma startup brasileira com avaliação de mercado bilionária para chamar de sua: o unicórnio de compra, reforma e venda de imóveis Loft. Se há motivos para comemorar, por outro lado, o desafio de contratação de talentos continuará em 2020 e na próxima década.

Nos últimos dois anos, vimos a consagração de startups brasileiras criadas entre 2010 e 2012. Exemplos são o aplicativo de mobilidade urbana 99 e a fintech Nubank, que se tornaram os primeiros unicórnios do país.

Romero Rodrigues, fundador do site de comparação de preços Buscapé e investidor do fundo Redpoint eventures, afirma que 2020 marcará o sucesso de startups ainda mais jovens. É o caso da própria Loft, fundada em 2018. “Torna-se cada vez mais simples abrir uma startup. Em relação aos empreendimentos criados na virada dos anos 2000 ou mesmo no começo da década de 2010, temos muito mais apoio do ecossistema”, diz Rodrigues. “O mercado de venture capital [capital de risco] desabrochou. Aceleradoras, fundos de investimento e grandes empresas investindo hoje estão criando os sucessos dos próximos sete anos.”

Daniel Chalfon, sócio do fundo de investimentos Astella, ecoa o sentimento. “2020 será um 2019 com esteroides, maior e mais rápido. Existe mais recurso no mercado, desde capital dos fundos até profissionais deixando a carreira em grandes empresas ou até em startups para empreender.”

A melhora dos indicadores econômicos e a queda da taxa básica de juros (Selic) devem atrair mais investidores ao capital de risco e impulsionar o ecossistema de startups, afirma Pedro Waengertner, cofundador da empresa de inovação ACE Pedro Waengertner. “O governo também está mostrando interesse em desburocratizar a regulamentação, com iniciativas como o Marco Legal das Startups.”

Mas ainda há desafios a resolver: o primeiro deles é a escassez de talentos com formação técnica, do marketing à tecnologia, e com experiência em empreendimentos de alto crescimento. Outro é conseguir abrir o capital das empresas de tecnologia no Brasil. “A bolsa brasileira deveria ser o plano A. Assim, os investidores brasileiros de renda variável poderiam aplicar nessas empresas de forma mais simples e criar liquidez nacionalmente”, diz Waengertner.

Possíveis unicórnios e setores quentes em 2020
Para especialistas, a fintech Creditas tem tudo para virar unicórnio neste ano. A startup de crédito com garantia foi avaliada em US$ 700 milhões em sua última rodada de investimentos. Realizada em julho de 2019, ela levantou US$ 231 milhões e foi liderada pelo conglomerado japonês de telecomunicações SoftBank. “É uma forte candidata”, diz Alan Leite, fundador da aceleradora Startup Farm.

Outro provável unicórnio de 2020 é a Resultados Digitais, startup de marketing digital sediada em Florianópolis (SC). O empreendimento captou US$ 200 milhões em agosto de 2019. “É uma startup com um posicionamento bem definido no mercado digital, atacando um cliente com necessidades claras: o pequeno e médio negócio”, afirma André Barrence, diretor do Google for Startups.

Um último candidato a startup bilionária é o software de gestão para pequenas empresas Omie. “Ele não tem apenas uma boa base de clientes, mas também uma taxa de crescimento e a frequência de upsell [venda de outro item de maior valor]. São métricas fundamentais e interessantes”, diz Chalfon, da Astella.

Em relação a setores promissores, as fintechs já estão estabelecidas e continuarão fortes na próxima década, segundo Rodrigues, da Redpoint eventures. O movimento indica uma subida nas avaliações de mercado das fintechs, mas também uma competição mais intensa. “Esse mercado ficará mais inchado. Investimos muito em 2012 e 2014. Nossa barra aumentou para as fintechs.”

O fundador do Buscapé aponta dois setores ainda incipientes, mas com potencial de crescimento nos próximos anos: educação e saúde. A saúde deve crescer antes e a Redpoint eventures já tem algumas apostas no setor, como a Memed e a Vittude. Já as startups de educação precisam enfrentar o desafio de ir do conteúdo aos algoritmos e reduzir a dependência do governo como cliente... Leia mais em revistpegn 07/01/2020


07 janeiro 2020



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