14 janeiro 2020

Bancos apertam política de investimento em fintechs

Os grandes bancos estão fazendo mudanças importantes na maneira como investem em fintech, as startups de serviços financeiros, ao dar preferência a investimentos maiores, mas para um número menor de projetos, enquanto buscam parceiros que possam ajudá-los a reformular suas atividades principais.

Nos primeiros anos do boom das fintechs, os bancos investiram de forma ampla e indiscriminada, com a abertura de empresas de capital de risco e aceleradores que organizavam competições para encontrar as startups mais promissoras. As escolhidas eram então estimuladas, em espaços de trabalho modernos especialmente construídos, em troca de acesso prioritário à sua tecnologia.

Algumas tiveram sucesso nas margens, mas poucas mudaram materialmente os modelos e práticas de negócios dos bancos antiquados que os financiavam.

Hoje em dia, quando é mais difícil obter dinheiro, pois os grandes provedores de crédito também são obrigados a gastar mais para atualizar seus sistemas desgastados, a tendência é na direção de investimentos em menor número, mas com volumes maiores. Cada vez mais, a preferência é por parcerias e não por participações majoritárias.

Chris Schmitz, um dos líderes europeus em fintechs da EY e professor da Escola de Finanças de Frankfurt, vê três razões principais para a mudança de abordagem. Segundo ele, nos últimos dois anos, muitas fintechs têm alterado seus modelos de negócios para B2B, em vez de B2C, por causa dos custos proibitivos de adquirir centenas de milhares de novos clientes. Hoje muitos dos principais clientes das startups são outras instituições financeiras; portanto, assumir participações majoritárias é difícil para os grandes bancos, pois teria como resultado que a fintech perdesse vários outros clientes por causa das regras a respeito de conflito de interesses.

A segunda razão é que os preços para as fintechs mais maduras e estabelecidas já está nas nuvens... [enquanto] o dinheiro inunda os mercados europeus vindo da China, dos Estados Unidos, de capitais de risco e até de capital privado, disse Schmitz. Ao gastar tanto dinheiro com algo que ainda não se provou, fica difícil calcular o retorno em um nível estratégico.

O aplicativo bancário alemão para celular N26 agora está avaliado em 3,5 bilhões de euros e seus equivalentes britânicos Monzo e Revolut podem valer mais de 2 bilhões de libras e 4 bilhões de libras, respectivamente. Nenhum banco gastou tanto assim em sua própria tecnologia nos últimos anos, disse Schmitz. Eles precisam reservar dinheiro extra para melhorar sua infraestrutura primeiro.

Além das questões de preços e conflitos de interesse, a dificuldade de integrar as fintech à cultura mais tradicional de um banco centenário desencorajou muitos. Os principais funcionários e os fundadores tendem a sair depois que terminam as restrições contratuais, e a inovação mingua.

Um banco não é uma fintech ou uma empresa de capital de risco, disse Olivier Khayat, um dos executivos-chefes da área de atividades bancárias comerciais do UniCredit na Europa Ocidental. A maneira como trabalhamos com as fintechs é semelhante ao relacionamento de um fabricante de automóveis com seus fornecedores, disse. Temos uma iniciativa em que podemos pegar uma pequena participação em uma startup, mas é algo muito marginal, afirmou ele. A maioria das fintechs não está aqui para atrapalhar ou substituir os bancos, mas para atuar como parceiras e fornecedoras. Isso está funcionando extremamente bem, completou.

Na falta de grandes transações, nomes importantes e conhecidos, como HSBC e Barclays, continuarão a procurar startups para empurrar suas inovações na direção certa, disse Rav Hayer, chefe de fintechs da PwC no Reino Unido. Lembre-se de que eles são administrados por banqueiros, não por tecnólogos ou inovadores, disse ele. Sua força de trabalho é muito madura, eles não recrutam rápido o suficiente em um nível mais jovem, e por isso precisam de fintechs para mostrar-lhes o caminho.... Leia mais em valoreconomico 14/01/2020

14 janeiro 2020



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