23 novembro 2018

Otimismo faz Brasil sofrer menos que emergentes, diz BTG

O otimismo dos investidores, principalmente os locais, com a retomada da economia brasileira tem feito o mercado sofrer menos em reprecificação de ativos em comparação a outros emergentes, na avaliação do banco BTG Pactual.

"Um indicador que a gente acompanha muito é a curva longa de juros, que é um bom indicador de confiança. À medida que [o governo] vai apresentando a nova equipe, nomes, a curva se comporta bem. É um indicador mais puro nesse momento", avaliou Roberto Sallouti, presidente do BTG. Ele citou como exemplo positivo para o desempenho do mercado a nomeação de Roberto Campos Neto para a presidência do Banco Central.

"Estamos vendo um aperto de condições monetárias no mundo todo e países com déficit em conta corrente, dívida dolarizada e déficit fiscal sofrem primeiro, caso de Argentina e Turquia", disse Sallouti. "O Brasil vinha sofrendo mais dadas as incertezas e, agora, vem performando melhor. O México, onde há políticas sendo questionadas por investidores, acaba tendo performance pior que outros emergentes", completou o executivo.

Dado o contexto internacional, ele vê o investidor estrangeiro com um otimismo cauteloso sobre o Brasil, à espera das implementações de cada etapa das reformas sinalizadas pelo novo governo - como a da Previdência e o projeto de autonomia do Banco Central. Ainda assim, o BTG espera uma retomada do mercado de capitais brasileiro em 2019, especialmente em emissões de ações. "As empresas têm projetos engavetados, vão querer captar para investir."

Em discurso de abertura de um evento promovido pelo banco em São Paulo, para discutir o cenário macroeconômico, Sallouti ressaltou que uma agenda de reformas e visão de longo prazo são fundamentais para voltar a atrair investimentos para o Brasil. "Enfrentamos a pior recessão da nossa história, mas ainda temos milhões de desempregados buscando uma oportunidade de emprego, empreendedores sofrem com excesso de burocracia para investir e gargalos de infraestrutura", disse. "Ao longo da história, o país deixou escapar muitas oportunidades. Não podemos mais perdê-las por visões políticas de curto prazo."

No evento, o economista Bernard Appy, que compõe o grupo que prepara proposta de reforma tributária para o novo governo, disse ser favorável a uma revisão de tributação de aplicações financeiras para corrigir distorções - citando a isenção de imposto das letras de crédito imobiliário e do agronegócio (LCI e LCA). Para Sallouti, se houver alguma mudança desse tipo, não deve atrapalhar a atração de investidores. "É um equilíbrio intraproduto", avaliou.  Valor Econômico

Jornalista: Maria Luíza Filgueiras Leia mais em portal.newsnet 23/11/201823/11/2018

23 novembro 2018



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