09 novembro 2018

Carlyle negocia compra de fatia na rede Madero por R$ 1 bilhão

A cadeia de restaurantes Madero está em negociações avançadas para a venda de uma participação minoritária à gestora americana de fundos de private equity Carlyle, conforme antecipou ontem o Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor. Caso as tratativas avancem, os recursos com a venda devem ir para redução de dívida e expansão da rede.

As conversas, neste momento, envolvem a venda de 25% da cadeia por valor em torno de R$ 1 bilhão. O Itaú BBA está intermediando as negociações. A maior parte deste montante - segundo duas fontes, entre 70% e 90% - deve ser destinado à empresa e o restante a seus controladores. A rede, com 140 unidades no país, foi fundada em 2005 pelo chef paranaense Luiz Junior Durski.

"De 0 a 10, a empresa foi até a página seis, e aí parou de negociar pouco antes das eleições por causa da instabilidade do mercado e retomou nas últimas semanas", diz uma pessoa a par das conversas. Procurados pelo Valor, a Madero e o Carlyle preferiram não comentar o assunto.

A Madero está sendo avaliada em cerca de R$ 4 bilhões, com Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) projetado de R$ 200 milhões neste ano. Segundo pessoas a par do assunto, Durski busca reduzir endividamento da rede, que subiu após o seu crescimento orgânico - a relação entre dívida e Ebitda estaria entre 2,5 a 3 vezes. A cadeia não pretende fechar o negócio por um múltiplo muito abaixo de 20 vezes o valor do Ebtida.

Em 2017, a receita bruta da Madero foi de pouco mais de R$ 510 milhões, com alta de 67% frente a 2016, segundo balanço da empresa. A projeção da rede é alcançar entre R$ 700 milhões e R$ 1 bilhão neste ano, diz uma fonte.

Neste ano, a General Atlantic também analisou os números da rede de restaurantes, mas as negociações com o Carlyle se aceleraram. A finalização do negócio depende, em parte, de questões fiscais. A Madero opera pelo regime tributário do lucro presumido de suas empresas controladas, e o Carlyle pediu mudanças em relação a isso.

Segundo uma fonte próxima à empresa, caso as partes resolvam as questões fiscais, a rede pode decidir aguardar a conclusão do ano para, com base no balanço de 2018, fechar a transação.

Se a negociação for concluída, e o valor em torno de R$ 1 bilhão for confirmado, cerca de R$ 500 milhões devem ser destinados para pagamento de debêntures subscritas neste ano pela gestora Hemisfério Sul Investimentos (HSI). A operação vence em abril de 2020, mas desde setembro a Madero pode pagar a dívida antecipadamente.

O valor da emissão concluída neste ano, e com dois anos de carência para as taxas de juros, atingiu R$ 380 milhões, mas a soma final chega a R$ 500 milhões, considerando os juros.

O restante dos recursos destinados à empresa (excluindo a parte dos sócios), deve ficar no caixa, para investimentos. A empresa tem projeção de abertura de novas marcas e avançar com a Madero, com presença ainda localizada em alguns mercados. No começo do ano, o plano era abrir 29 novos restaurantes Madero, além de 12 pontos da Jeronimo Burguer, bandeira criada no ano passado.

A Madero já passou, pelo menos, por outros três momentos envolvendo negociações para a venda de uma fatia da empresa, mas as conversas não avançaram. Numa dessas situações, no início deste ano, Durski chegou a costurar um acordo com a L Catterton, o maior fundo do setor de consumo do mundo, como antecipou o Valor na época.

As conversas avançaram para a venda de 13% da rede, avaliando a empresa em quase R$ 3,1 bilhões e considerando um múltiplo de 15 vezes o Ebitda de R$ 200 milhões previsto para 2018. Mas o fundador da cadeia de restaurantes buscava um valor maior e desistiu da operação, segundo fontes.

Sem a venda, e precisando renegociar outra dívida de R$ 200 milhões na época, a Madero fechou a emissão de debêntures de R$ 380 milhões com a HSI. Entre as garantias com a HSI estão, por exemplo, 51% das ações da rede, além de todos os recebíveis

O Carlyle tem em seu portfólio no país fatias minoritárias ou o controle em ativos como Tok& Stok, Ri Happy, FS (provedora de serviços, aplicativos e conteúdos móveis), entre outros negócios.  - Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 09/11/2018


09 novembro 2018



0 comentários: