26 maio 2018

Ibovespa perde mais de 5% na semana com caminhoneiros no radar

A crise em torno da paralisação dos caminhoneiros continuou no centro das atenções do mercado de ações nesta sexta-feira, 25. O cenário internacional também colaborou para a deterioração das ações, dadas as quedas do petróleo, das bolsas de Nova York e das emergentes. O Índice Bovespa operou em terreno negativo na maior parte do dia e fechou aos 78.897,66 pontos – menor patamar desde 10 de janeiro -, em queda de 1,53%. Na semana, houve perda acumulada de 5,04%. Os negócios do dia somaram R$ 11,8 bilhões.

A maior movimentação aconteceu à tarde, quando o presidente Michel Temer anunciou o uso das Forças Armadas para tentar pôr fim aos bloqueios nas rodovias, o que aumentou o clima de incerteza nos negócios. Rumores sobre a permanência de Pedro Parente à frente da Petrobras também levaram o Ibovespa a ampliar as perdas no período vespertino, com as ações da Petrobras abandonando uma sofrida tentativa de recuperação das perdas recentes. Parente negou qualquer intenção de entregar o cargo, mas o mau humor persistiu.

Pouco antes das 17h, a Abcam, principal entidade contrária ao acordo entre caminhoneiros e o governo federal, distribuiu nota à imprensa informando que pediu aos motoristas que liberassem as rodovias interditadas. A mudança de orientação foi motivada pelo aceno de Temer de que utilizaria força para liberar as estradas. Ao final dos negócios, Petrobras ON e PN caíram 0,73% e 1,39%. Na semana, os papéis da estatal perderam mais de 20%.

“A percepção nos mercados foi de um governo ferido, nocauteado. Além disso, continuou a pesar o temor dos reflexos dessa paralisação na inflação, nos juros e no PIB. A questão principal é saber avaliar até que ponto chegarão esses desdobramentos”, disse Guilherme Macêdo, sócio da Vokin Investimentos. Segundo o analista, a confusão gerada pela paralisação também deve ter efeitos no cenário eleitoral, uma vez que questões mais estruturais, como a dos impostos, deverão estar na pauta dos candidatos.

Para Ignácio Crespo, economista da Guide Investimentos, é importante ressaltar o cenário internacional adverso nesta sexta-feira, que também teve importante influência sobre os negócios. “É um cenário ainda bastante desafiador para emergentes no geral, que coloca o Brasil em linha com a percepção de risco de seus pares. Os Estados Unidos divulgaram dados fortes de bens duráveis, acima do esperado, que contribuem para um dólar ainda mais forte lá fora”, disse.  Estadão Conteúdo Leia mais em istoedinheiro 25/05/18 

26 maio 2018



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