24 maio 2018

LyondellBasell avalia Braskem em r$ 41,5 bi em oferta à Odebrecht

Há tempos interessada no negócio, a terceira maior produtora de resinas plásticas do mundo, a holandesa LyondellBasell, preparou sua proposta à Odebrecht na tentativa de comprar o controle da Braskem. A oferta será válida para a sócia Petrobras.

O modelo para a transação, que prevê pagamento em dinheiro e em ações da LyondellBasell, avalia Braskem em R$ 41,5 bilhões, ou US$ 11,5 bilhões. Trata-se de um prêmio de 12% sobre o valor da petroquímica na B3, que fechou o dia em R$ 37,1 bilhões, pouco mais de US$ 10 bilhões.

Trocando em miúdos, a avaliação equivale a R$ 52,00 por ação da Braskem, mas o pagamento não é todo em dinheiro. Listada na bolsa de Nova York (Nyse), a LyondellBasell encerrou a quarta-feira em US$ 45,5 bilhões, com a ação cotada em US$ 115,66.

A combinação dos dois negócios resultaria, sem considerar sinergias, na maior produtora mundial de resinas plásticas, avaliada em US$ 57 bilhões, com receita líquida próxima de US$ 50 bilhões - LyondellBasell com US$ 34,5 bilhões e Braskem, US$ 13,5 bilhões.

Odebrecht e Petrobras controlam a petroquímica brasileira com participações bastante próximas. O conglomerado criado por Noberto Odebrecht tem 50,1% das ações ordinárias (ON) e 38,3% do capital total, considerando a fatia em preferenciais classe A (PNA). A petroleira estatal tem pouco mais de 47% das ON e 36,1% do capital total.

A estrutura em discussão considera que a participação da Odebrecht seria paga em ações, o que daria ao grupo cerca de 10% no negócio resultante - equivalente a US$ 5,7 bilhões, sem embutir sinergias (R$ 21 bilhões). Nas conversas preliminares entre as partes já realizadas, o grupo deixou claro que busca ter atuação no conselho da empresa combinada.

Já a Petrobras receberia boa parte do pagamento em dinheiro e mais uma parcela em ações. O plano da holandesa é comprar também as ações de mercado da Braskem, pagando com uma cesta de dinheiro e ações. Consultada, a estatal não se manifestou até o fechamento desta edição.

Se concretizado, o interesse da Lyondell é que, do investimento total em Braskem, 60% seja quitado em ações e 40%, em dinheiro.

As conversas entre Odebrecht e LyondellBasell ganharam consistência durante o Carnaval e foram paralisadas no começo do mês, segundo fontes envolvidas com o tema. O diálogo sofreu interrupção diante do avanço na operação de financiamento que o grupo brasileiro está fechando com os cinco maiores bancos públicos e privados do Brasil, para obtenção de R$ 2,6 bilhões em crédito novo e alongamento de R$ 7 bilhões de dívidas já existentes. O acordo está na fase final de assinatura e envolve as ações da Braskem, dadas em garantia às instituições.

O objetivo dos envolvidos é retomar o diálogo após o fechamento da operação de financiamento. Qualquer negócio exige aval dos bancos credores. Essa é a realidade desde julho de 2016, quando foi feita a primeira reorganização de dívida da Odebrecht envolvendo a petroquímica como garantia.

Ao Valor, a Odebrecht "nega ter recebido proposta sobre a sua participação na Braskem" e afirma que "segue trabalhando em alternativas que agreguem valor à Braskem e a todos os seus acionistas". Além disso, "reafirma a intenção de manter a sua presença no setor petroquímico." Contudo, fontes próximas ao grupo confirmam a existência do diálogo.

Já a Braskem disse que não tem conhecimento do assunto, que é da alçada dos acionistas.

Além do envolvimento da alta cúpula das companhias, as conversas entre Odebrecht e LyondellBasell tem intermediários. O conglomerado brasileiro é representado, fora do Brasil, pelo Lazard. Já a holandesa é assessorada pelo Morgan Stanley e pelo executivo de fusões e aquisições Gordon Dyal, ex-Goldman Sachs.

Apesar da disposição ao diálogo, as indicações de valores feitas pelo grupo holandês até o momento foram recebidas com muito ceticismo pela controladora da Braskem, segundo o Valor apurou com pessoas próximas ao assunto.

Para seguir adiante, as negociações tem condições da parte da Lyondell. As principais são um acordo de abastecimento de nafta pela Petrobras de longo prazo e que o preço de suas ações na Nyse fique entre US$ 105 e US$ 120.

Para seguir adiante, as negociações têm condições da parte da Lyondell, como o acordo de fornecimento de nafta

Há grande preocupação a respeito da receptividade da Petrobras. A estatal tem direito a "tag along" (venda conjunta) de 100%. Mas há temor de que o negócio enfrente entraves, além do acordo de nafta, relacionados às preocupações da Petrobras com o Tribunal de Contas da União (TCU), uma vez que a oferta não é fruto de um processo competitivo formal.

A LyondellBasell aposta que este é o momento ideal para uma união das companhias - "mais oportuno do que nunca" conforme fonte com conhecimento do tema. A avaliação é que os interesses convergiram: a Petrobras quer vender, a Lyondell continua querendo comprar e a Odebrecht precisa valorizar seu ativo petroquímico. A conjunção é coroada pelo ciclo de alta do setor, que alcançou o pico no ano passado e ainda tem gerado bons resultados.

No Brasil, a LyondellBasell tem pequena operação, com uma fábrica de compostos de polipropileno (PP) para a indústria automotiva no interior de São Paulo. Além disso, importa resina produzida em outras unidades para o país.

Não é nova a tentativa de aproximação da empresa holandesa, cujo principal acionista é o investidor bilionário Len Blavatnik, de 60 anos. Há tempos, o empresário soviético vê com grande interesse a combinação das companhias.

Da união dos negócios, nasceria a maior produtora de polietileno e polipropileno do mundo. O portfólio das duas companhias, que juntas dão origem a uma gigante no setor petroquímico, é complementar. Mais do que escala em resinas, interessa à Lyondell o portfólio de produtos químicos da Braskem usados como matéria-prima em outras indústrias, como butadieno, benzeno, solventes, entre outros.

Nascido na Ucrânia, Blavatnik foi criado na Rússia e se transferiu para os Estados Unidos em 1978. Em 2007, liderou a aquisição da Lyondell Chemical, em uma operação de US$ 20 bilhões em assunção de dívidas, e deu origem à LyondellBasell após fundi-la com a Basell, da qual era dono.por Valor Econômico Leia mais em gsnoticias 24/05/2018

24 maio 2018



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