19 dezembro 2017

Oxford compra a Strauss, antiga fábrica de cristais de Blumenau

Em breve a marca Strauss voltará ao mercado de cristais sob a direção de novos donos. O prédio que abrigou a fábrica, as máquinas e o nome da antiga cristaleria de Blumenau, que fechou as portas em junho do ano passado depois de se afundar em dívidas, foram comprados pela Oxford, empresa de São Bento do Sul mais famosa por sua linha de louças de cerâmica e porcelana.

A venda ocorreu na manhã desta segunda-feira durante um leilão a céu aberto no pátio da sede da Strauss, no bairro Itoupava Central. Ex-funcionários acompanharam de perto todo o processo, que durou pouco mais de 15 minutos. O conjunto de bens estava avaliado em R$ 5,51 milhões, mas ninguém se manifestou na primeira chamada. Na segunda, que partia de uma oferta mínima de 70% desta quantia – R$ 3,85 milhões –, o diretor-superintendente da Oxford, Irineu Weihermann, foi o único a levantar a mão.

O lote arrematado em um único lance inclui dezenas de máquinas e fornos para a produção de cristais, móveis, equipamentos de informática, sucatas de veículos, a marca e o domínio strauss.com.br (que ainda está no ar), além de um terreno de 65 mil metros quadrados com pouco mais de 4 mil metros quadrados de área construída, incluindo áreas de escritório, depósito e produção.

Pelas regras do leilão, a Oxford precisou desembolsar 25% do valor ofertado no ato da compra e pode parcelar o restante em até 24 vezes. Segundo o leiloeiro Paulo Pizzolatti, a documentação foi encaminhada ainda nesta segunda-feira.

Plano é ampliar linha

Com o negócio, a Oxford planeja ganhar corpo no segmento de cristais, no qual entrou em 2009 após ter adquirido uma pequena fábrica do ramo de Pomerode. Hoje a empresa já tem uma linha de taças e copos que representa 5% do faturamento. O diretor Antônio Marcos Schroth diz que a meta, no futuro, é elevar esta fatia para até 20%.

Questionado pelo blog sobre a possibilidade de reativar a produção no mesmo prédio em Blumenau, Schroth diz que a Oxford ainda está avaliando o que fazer com os bens adquiridos, mas reforça que a aquisição faz parte da estratégia da companhia de crescer neste segmento, inclusive com mais produtos de cristal além de copos e taças.

Nome forte

Apesar de arranhada por um processo de falência, Schroth avalia que a marca Strauss ainda é bem vista pelo mercado. A própria disposição de uma empresa forte e importante como a Oxford de resgatá-la deve ajudar a abrir novas portas. Há terreno a avançar em nichos mais luxuosos, que valorizam uma experiência mais ampla de decoração e gastronomia que o vidro comum, ao contrário do cristal, não proporciona.

Venda não paga todas as dívidas

A Strauss solicitou a autofalência à Justiça no ano passado, pouco antes de fechar as portas e encerrar a produção, em junho, deixando cerca de 200 pessoas desempregadas. O pedido foi deferido pelo juiz Marcos D’Avila Scherer, da 4ª Vara Cível de Blumenau, em julho.

Na época, a cristaleria fundada em 1983, uma das poucas da região que ainda transformavam o cristal puro em peças 100% feitas à mão, alegou que não tinha condições de se manter ativa diante das dificuldades financeiras. O passivo, na ocasião, chegava a R$ 117 milhões.

Hoje as dívidas trabalhistas – as primeiras a serem contempladas em casos de falência – somam cerca de R$ 15 milhões, segundo o administrador judicial Dênio Scottini. A venda dos bens por R$ 3,85 milhões, portanto, não será suficiente para quitar todas as pendências com ex-funcionários, que deverão receber valores proporcionais. Detalhes sobre prazos e forma de pagamento dos créditos da categoria ainda serão definidos. Pedro Machado/Jornal de Santa Catarina Leia mais em clicrbs 18/12/2017

19 dezembro 2017



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