19 janeiro 2017

Modelo de negócios usado por J.P. Lemann: 3 passos para o sucesso

A grande preocupação de J.P. Lemann é de sempre estar cercado de pessoas certas – talentosas e comprometidas –, pois, sabe que é um enorme diferencial que gera uma vantagem competitiva para os negócios; e para atrair e reter esses talentos colocou em prática naquilo que ele sempre acreditou: os princípios da meritocracia, porque para ele o que realmente importa é o talento e o suor.

Quando escrevi o meu primeiro livro “Montando e Mantendo o $eu Próprio Negócio” – a primeira edição em 2001, e, a segunda edição, atualizada, em 2010 –, procurei dividir o livro em três partes: inspiração, criação e gerenciamento.

Na época, escolhi quatro ícones dos negócios para servirem de inspiração para quem desejasse abrir o seu próprio negócio, os quais são os seguintes: Barão de Mauá – que para ele as parcerias que envolviam capitais e tecnologias formavam os ingredientes do progresso e do desenvolvimento industrial –; Henry Ford – foi o precursor da fabricação de automóveis em grande escala –; John D. Rockefeller – que fez florescer a pujante indústria petrolífera, do Texas, tornando-se o Rei do Petróleo –; e por fim, Bill Gates – que, como dono da Microsoft, tornou-se o homem mais rico do planeta.

No entanto, se, hoje, eu fosse reescrever este mesmo livro com certeza incluiria, nesse rol de ícones, o nome do Jorge Paulo Lemann, por ser uma referência e inspiração “made in Brazil” para todos nós empreendedores.

Assim, de forma bem sucinta irei descrever a sensacional trajetória do mega empresário J.P. Lemann: que se inicia com o seu nascimento em 26 de agosto de 1939, no Rio de Janeiro; realizou o curso de economia na Universidade Harvard; e, em 1971, com um grupo de sócios adquiriu a corretora Garantia, na qual se tornaria mais tarde em um banco de investimentos.

Com o banco Garantia, já estruturado e bem capitalizado, em 1982, realiza a sua primeira e audaciosa aquisição – da nada menos que – as Lojas Americanas; depois, em 1989, o banco Garantia compra, por 60 milhões de dólares, a cervejaria Brahma.

Em 1993, Jorge Paulo Lemann e os seus dois amigos e sócios Beto Sicupira e Marcel Telles fundam a GP Investimentos, considerada a primeira empresa de private equity do Brasil; no ano de 1999, a Brahma compra a sua rival Antarctica e com a união das duas constitui a Ambev.

Os três sócios empresários criam a 3G Capital – um fundo que tinha como objetivo investir em empresas norte-americanas –, em 2004; e, nesse mesmo ano, a belga Interbrew compra a Ambev, formando a InBev – os três se tornam acionistas dessa nova cervejaria e, mais tarde, se tornam seus maiores acionistas individuais.

Quatro anos depois, a InBev compra a poderosa cervejaria norte-americana Anheuser-Busch, fabricante da famosa cerveja Budweiser, por 52 bilhões de dólares e com a fusão a nova empresa se transforma em AB InBev e se torna a maior cervejaria do planeta.

Em 2010, a 3G Capital compra o controle mundial da rede de fast-food norte-americana Burger King, por 4 bilhões de dólares; e, por fim, em 2013, faz a aquisição de outra empresa norte-americana a fabricante de alimentos Heinz, por 28 bilhões de dólares; e, nessa nova aquisição, o megainvestidor Warren Buffett se torna sócio.

Ufa! Que maratona de aquisições. Porém, de uma coisa, ainda, não se sabe quando será, por meio da 3G Capital, a próxima aquisição do bilionário brasileiro Jorge Paulo Lemann, mas de uma coisa temos certeza: que ela já está sendo planejada.

O modus operandi do J.P. Lemann, para construir o seu império, é muito semelhante ao do John D. Rockefeller, que era, também, obcecado pelo controle dos custos – que atuava na indústria petrolífera –, mas o que difere um do outro é que as aquisições do Rockefeller foram de pequenas refinarias de petróleo, ao passo que as aquisições do Lemann foram de grandes empresas como Anheuser-Busch, Burger King, Heinz e outras.

O J.P. Lemann é um empreendedor workaholic, focado, tem espírito competitivo – pratica surf, tênis e pesca submarina – e, ainda, teve a sua inspiração baseada no banco norte-americano Goldman Sachs e na varejista norte-americana Walmart – sendo que, a última, é citada no livro "Feitas para Durar", de Jim Collins e Jerry Porras, publicado originalmente em 1994, que traz em suas conclusões uma pesquisa realizada em 18 empresas consideradas excepcionais, duradouras e visionárias –.

Nessas empresas – algumas com quase cem anos de existência e desempenho bem acima da média do mercado acionário desde 1926, os autores mostram os motivos que as levaram a se tornarem líderes em seus respectivos segmentos –, que tem como filosofia o foco na meritocracia, eficiência e a chance de que os melhores funcionários se tornassem acionistas, as quais serviram de exemplo para que Lemann criasse e conduzisse um modelo de negócios em suas empresas altamente eficiente e lucrativo.

Dessa forma, para você que é empreendedor e deseja montar o seu próprio negócio existem duas opções de modelos de negócios: o mediano e o excepcional, você é quem decide!

No entanto, para quem optar pelo modelo excepcional, o mesmo adotado pelo J. P. Lemann, os três principais passos são os seguintes: eficiência, meritocracia e partnership – a chance de que os melhores funcionários se tornassem acionistas –.

Eficiência

Em uma empresa visionária a pergunta que se faz é: "como poderemos nos sair melhor amanhã do que nos saímos hoje?", ou seja, ser hoje melhor do que ontem e amanhã ser melhor do que hoje. Porque para essas empresas isso já está na massa do sangue, pode-se até dizer que é uma forma padrão, faz parte das rotinas do dia a dia, onde o desempenho excepcional não é uma meta, mas um subproduto de um ciclo interminável de automotivação e superação.

Na qual não há linha de chegada, nunca se consegue algo definitivo, não há um ponto em que elas sentem que podem relaxar e continuar progredindo sem esforço. É o caso da 3G Capital, onde as aquisições não tem fim – termina uma e já está sendo planejada uma nova aquisição –, a última foi à aquisição da fabricante norte-americana de alimentos Heinz e outras, certamente, já estão sendo planejadas.

A realização do curso de economia de Harvard foi uma decisão tomada por Lemann que mudaria para sempre o seu modo de como ele enxergaria o mundo, uma vez que a sua visão de mundo se transformou e ele começou a ter sonhos muito maiores, porque lá em Harvard conviveu com pessoas de alto nível intelectual, consideradas as melhores do mundo.

O que lhe influenciou a escolher as melhores pessoas para trabalhar com ele – essa uma das principais características dele no decorrer da sua belíssima trajetória –; é importante lembrar que as pessoas só terem talentos não é o suficiente; pois, se faz necessário que tenham comprometimento com brilho nos olhos, porque ter talento e não produzir ou produzir pouco, não faz sentido nenhum para uma equipe de notáveis.

A obsessão pelo controle dos custos, também, é mais uma característica do J.P Lemann – esse tópico eu destaco na 3ª parte, que trata do gerenciamento, do meu livro “Montando e Mantendo o $eu Próprio Negócio” –; só para você ter uma ideia, por exemplo, na empresa Anheuser-Busch, que foi adquirida pela InBev, os seus herdeiros e executivos estavam habituados a levarem a vida cheia de mordomias: tais como tinham as suas disposições seis jatinhos e dois helicópteros, com  20 pilotos – imaginem o custo mensal para manter essas excentricidades –; quando utilizavam as linhas de aviões comerciais viajavam na 1ª classe; e as hospedagens eram sempre em hotéis cinco estrelas – até parecem mordomias de alguns políticos do Brasil –.

Já, na InBev jamais seriam permitidas excentricidades como essas, pois os executivos viajavam na classe econômica e se hospedavam em hotéis três estrelas e as refeições eram realizadas em restaurantes modestos.

Outras características – que norteiam o modelo de negócios do J.P. Lemann – são a simplicidade e o trabalho duro – porém,de forma inteligente, onde todos da equipe têm consciências e realizam as suas atribuições de forma espontânea e com prazer; e não porque os chefes estão mandando –.

Meritocracia

É um sistema ou modelo de hierarquização e premiação baseado nos méritos pessoais de cada indivíduo.

A grande preocupação de J.P. Lemann é de sempre estar cercado de pessoas certas – talentosas e comprometidas –, pois, sabe que é um enorme diferencial que gera uma vantagem competitiva para os negócios; e para atrair e reter esses talentos colocou em prática naquilo que ele sempre acreditou: os princípios da meritocracia, porque para ele o que realmente importa é o talento e o suor.

Assim, uma das preferências de Lemann, no universo dessas pessoas certas, é a necessidade de terem as seguintes características: ser jovem, pobre, inteligente e ter um grande desejo de enriquecer. E uma regra muito clara e simples que é válida para todos, inclusive para os office boys é: trabalhem bem e serão recompensados.

Realmente, e o que comprova tudo isso é a trajetória e ascensão de um menino carioca morador do subúrbio do Rio de Janeiro, que aos 16 anos, em 1972, foi admitido no banco Garantia e com menos de 32 se tornou sócio do J.P. Lemann.

A remuneração dos funcionários é dividida em três faixas: para os iniciantes – além do salário fixo recebem a participação nos lucros –; os comissionados – recebem uma pequena porcentagem sobre o lucro total da empresa –; os sócios – recebem comissões e dividendos –; e a promoção dos funcionários é baseada apenas em seus desempenhos, sem considerar o fator de permanência na empresa.

Para J.P. Lemann é muito interessante que todos – desde os office boys – se sintam como donos das empresas em que trabalham; porque dessa forma irão dar o melhor de si e farão os negócios crescerem.

Partnership

Além, da meritocracia – que como já foi visto, com a finalidade de remunerar e promover os funcionários – outro modelo utilizado por  J.P. Lemann é o partnership.

Mas, afinal o que é partnership? É uma parceria entre patrões e empregados, na qual são oferecidas aos melhores funcionários a oportunidade de se tornarem sócios da empresa.

O modelo de partnership faz parte da cultura de grandes instituições financeiras norte-americanas como o banco Goldman Sachs – que utilizam esse modelo para promover colaboradores com a finalidade de os tornarem sócios –.

E aqui, no Brasil, a primeira empresa a utilizar o modelo partnership foi o banco Garantia – que foi o embrião dos negócios mantidos até hoje pelo 3G Capital – onde Marcel Telles e Beto Sicupira representam o símbolo dessa filosofia ao serem contratados por Lemann nos primeiros anos do banco Garantia e ascenderem no banco até se tornarem os principais sócios do fundador.

Por isso, o modelo partnership – que permite a oportunidade de ser sócio – é um enorme incentivo para o crescimento de um colaborador de uma empresa; é algo muito positivo, porque faz com que o funcionário se mantenha motivado e ao mesmo tempo trará benefícios ao negócio em forma de melhores resultados.

Portanto, depois desse belíssimo exemplo de gestão de negócios, só me resta dizer: a empresa que tiver competência para manter os seus funcionários motivados receberá como recompensa a geração de uma vantagem competitiva e irá conquistar, facilmente, os mercados. Por Roberto Morais, autor do livro de empreendedorismo: MONTANDO E MANTENDO O $EU PRÓPRIO NEGÓCIO: Leia mais em administradores 18/01/2017

19 janeiro 2017



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