Com a aprovação do Banco Central, a compra do HSBC pelo Bradesco irá começar a se solidificar.
No entanto, ainda que o banco faça cortes ou mudanças para obter sinergias em áreas operacionais, as agências, tarifas e gerentes deverão ser mantidos, dizem especialistas ouvidos por EXAME.com.
Historicamente, grandes aquisições no setor bancário sempre geraram demissões. Isso acontece porque o banco não incorpora apenas os clientes e ativos do banco adquirido, mas também funcionários, sistemas de tecnologia da informação e posições administrativas.
Esses cortes são parte das sinergias, reduções de custo geradas com a integração das duas companhias.
No entanto, no caso do HSBC, outras áreas podem se manter, diz Roberto Luis Troster, professor da PUC e USP e ex-economista-chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
"As pessoas da linha de frente não devem mudar muito. O relacionamento de um cliente com o seu banco é pela gerência, é pessoal", argumenta ele.
Além disso, "as atividades e públicos dos dois bancos são complementares", diz Patrick Behr, consultor e professor da FGV/EBAPE.
Cerca de 1 milhão de correntistas, de um total de 5 milhões de clientes novos incorporados pelo Bradesco, são classificados no segmento de alta renda.
Uma vez que o HSBC tem uma forte posição junto a clientes de alta renda e empresas, esse relacionamento pessoal com gerentes de uma agência é ainda mais importante de ser mantido.
Preparo
O pagamento pela divisão brasileira do HSBC sairá diretamente do caixa do Bradesco, afirmou o banco em comunicado. Além disso, em um primeiro momento, a integração também pode levar a um aumento de custos para o Bradesco, avalia Troster.
No entanto, ainda que o pagamento seja de 17,6 bilhões de reais, isso não deve afetar a saúde financeira do Bradesco, disseram especialistas.
Como o banco possui uma alavancagem pequena, os custos da aquisição serão mais facilmente incorporados.
Além disso, o Bradesco está se preparando para isso. Essa semana, anunciou uma emissão de ações para aumentar o seu capital em 3 bilhões de reais.
Agências
As agências do HSBC também passarão a ser do Bradesco. Com a aquisição, o banco passa a ter 9.460 agências e postos de atendimento, cerca de 23,8% do total das agências no país. Por isso, pode haver sobreposições em alguns lugares.
Porém, para poder ter a compra aprovada pelo Banco Central, a empresa irá se comprometer a manter as agências adquiridas.
O Acordo em Controle de Concentração (ACC), que contém essa exigência, deverá ser assinado nos próximos dias.
O documento também prevê a manutenção de tarifas do HSBC e o compartilhamento com os clientes de sinergias obtidas pela instituição compradora.Karin Salomão, Leia mais em EXAME 08/01/2016
08 janeiro 2016
Os próximos passos do Bradesco rumo à integração com o HSBC
sexta-feira, janeiro 08, 2016
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Ruy Moura
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