Trio de fundadores da varejista levou boa parte dos R$ 6 bilhões pagos pela Stone.
Alberto Menache, Nércio Fernandes e Alon Dayan, os três fundadores da Linx, vão levar sozinhos uma bolada de R$ 1,2 bilhão pela venda da empresa para Stone, um negócio no valor total de R$ 6,04 bilhões anunciado nesta terça-feira, 11.
A informação surgiu a partir da Fama Investimentos, dona de 3% do capital da Linx, que acredita que os fundadores estão levando mais do que deveriam no negócio. A Fama não gostou e botou a boca no trombone na Exame.
Isso porque, além do valor pago pelas ações que detém, os empresários estão sendo pagos pela Stone também por meio de salários e as chamadas cláusula de non-compete, que os impedem de ir trabalhar na concorrência.
O valor desse extra chega a R$ 400 milhões, afirma a Fama, para quem os os termos negociados “ferem nitidamente os bons princípios de governança corporativa”.
Além do extra por meio da cláusula de non compete, Menache o CEO da Linx, receberá ainda uma “Proposta de Contratação de Executivo” que lhe pagará R$ 75 milhões e um salário mensal de R$ 416 mil, além de outros benefícios.
Menache deve liderar a divisão que será criada a partir da compra da Linx.
Segundo a Fama, a “proposta de trabalho” para Menache exige que ele trabalhe quatro dias por semana no primeiro ano, três dias no segundo e dois dias por semana no terceiro ano.
Para efeito de comparação, as maiores remunerações anuais na Linx foram de R$ 9,8 milhões, R$ 5,1 milhões e R$ 18,2 milhões, respectivamente, nos anos de 2017, 2018 e 2019, segundo a gestora.
De acordo com a Fama, os valores extra recebidos pelos três sócios em relação aos acionistas normais (35% a mais no caso de Fernandes e Dayan, 63% no caso de Menache) é contra a chamada regra do tag along prevista para as ações listadas no Novo Mercado.
Esse princípio garante que todos os acionistas precisam receber o mesmo valor numa venda da empresa. A gestora sugere que os acordos são “estratagemas criativos” desenhados para driblar a regra do jogo.
Seja como for, o fato é que os valores tornam a venda da Linx um dos negócios mais rentáveis, se não o negócio mais rentável, já fechado por empreendedores no setor de tecnologia brasileiro.
A Linx foi fundada em 1985 pelo paulistano Nércio Fernandes. Com 22 anos de idade, Nércio deixou a faculdade de Engenharia Civil para investir em um negócio próprio na área de microinformática e fundou a Microserv.
Poucos anos após sua fundação, a companhia atendia pequenos negócios na região do Brás e Bom Retiro, em São Paulo, quando desenvolveu o MicroMalhas, software voltado para varejo de moda. Em 1990, o software passou a ser chamado de Linx
Alon Dayan foi administrador de uma indústria têxtil nos anos 80 e entrou na Linx em 1990. Já Menache se juntou ao time em 1991 como trainee, galgando posições nas áreas de vendas, marketing, RH, TI, finanças e assumindo por fim a posição de CEO... Leia mais em baguete 13/08/2020
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